António Costa é o melhor interprete da canção " pisca, pisca ". Lá porque "pisca" para a esquerda não quer dizer que não vira para a direita e vice versa. Para o PCP nem tanto mas para o BE é o cabo dos trabalhos.
O PCP e o BE estão a tentar, desesperadamente, sair do bolso em que o líder do PS e do Governo os meteu. Mas ele não deixa. E ameaça-os! Marcelo, lembra, sem o dizer, uma velha expressão portuguesa: “Quem lhe comeu a carne que lhe roa os ossos”, para indicar que a composição geringonçal que governou nas ‘vacas gordas’ tem a obrigação moral de governar nas ‘vacas magras’. O mesmo Costa recusa qualquer ponte com o PSD, porque assumi-la seria equivalente a deixar a esquerda sair do bolso; e o PSD? Bem, esse é o mistério do ‘buraco negro’ – a gente sabe que existe, mas não o vê.
Resta uma parte do PS, que começa a ser significativa, que não está no Bloco de Esquerda porque nunca pensou poder ter benesses e algum poder nesse partido. Até há pouco, houve Centeno para os contrariar e pôr na ordem. Penso que o papel passou para Siza Vieira. Mas os Pedro Nuno, os Galamba e muitos deputados, por lá andam.
Por último, vêm os piores: os que estão de faca afiada à espera dos fundos da Europa, para os distribuir da forma costumeira: entre eles, com os esquemas habituais; com empresas mais ou menos fictícias, com nepotismos descarados; com contratos duvidosos.
Marcelo e Costa foram à AutoEuropa e em plena pandemia e enormes dificuldades sanitárias e económicas o Primeiro Ministro lança o Presidente da República para novo mandato. Surpreendido ?
Não esteja, olhe que o truque é velho como o mundo. A ideia é afastar os verdadeiros problemas do centro das preocupações. Logo Marcelo se colocou ao lado de Costa na questão do Novo Banco, nos tais 850 milhões que foram injectados ao abrigo do contrato assinado por aqueles americanos que compraram o banco por tuta e meia.
E, de corrida, quem foi o verdadeiro malandro foi o Ministro das Finanças, Costa até estava contra a entrega do dinheiro que consta do Orçamento. Mas isso interessa para quê ? O PM não sabia, se estava no orçamento e no acordo assinado e não interessa nada.
Como o argumento é fracote, o António não esteve com meias pôs o Marcelo do lado dele. E arranjou candidato presidencial para o PS, sabendo que PCP e BE não vão apoiar Marcelo. Isto é, oportunisticamente, juntou-se ao candidato vencedor, afastou o Ronaldo das finanças que agora já não é necessário face à calamidade que aí vem nas contas públicas e a culpa é de todos menos dele.
Já estamos habituados, a culpa nunca é do António embora seja ministro há vinte anos. Surpreendido ? Olhe que anda distraído.
Como faz muito frequentemente António Costa usa e deita fora. É a vez de Centeno o "ronaldo das finanças" que, afinal, andou a fazer cativações e com isso a degradar os serviços públicos muito especialmente o Serviço Nacional de Saúde. Não se faz.
Agora é tempo de o primeiro ministro retirar as cativações debaixo do tapete e começar a pagar a fornecedores e a contratar médicos.Não se compromete mas vai dizendo que vai ser durante a legislatura. Pode ser em 2023.
É que atribuir culpas ao governo anterior já não pega e BE e PCP também não lhe pegam.
Para já vemos o contrário da legislatura anterior. Não há dinheiro para salários e pensões mas há milhões para a saúde.
É óbvio que num caso tão grave "não saber" é muito mau.Politicamente falando Costa, como Primeiro Ministro, fica numa posição muito frágil.
Todos sabiam menos o Costa. Faz lembrar o marido enganado que bem pode dizer que não sabia mas todos lhe dirão que a sua obrigação era tomar conta da casa e saber. Então gente tão próxima como o ministro e o chefe de gabinete não lhe disseram que tinha debaixo dos pés uma bomba( no caso um monte de bombas)pronta a rebentar? Ninguém acredita nisso.
Uma hipótese era o cenário: para todos os efeitos eu não sei nada.E até podia acrescentar : porque se eu souber tenho que informar o Presidente da República . A partir deste ponto as armas tinham que aparecer.Ora, ainda não tinha acontecido o "achamento" e isso colocava várias graves questões em que a mais grave era: quem é que vai ser o utilizador final?
Mercenários de guerra? Assaltantes à mão armada? Traficantes de droga? Terroristas?
Perante este cenário apocalíptico só podia haver um final.Conversar para: Primeiro : não houve roubo.Segundo: houve roubo mas era material inoperacional e abatido, segue para o ferro velho.Terceiro: o material volta como se nunca de lá tivesse saído.
Alguma coisa saiu furado. Dizem que foram as PJ ( civil e militar) que entraram num cenário de ciúmes. O amor é louco.
Num país gerido pela manha do PS, não há coincidências: em 2009, a campanha eleitoral sujou a Presidência em benefício do PS. Em 2019, a campanha tenta sujar a Presidência também em benefício do PS
Nos últimos 27 anos o PS foi de longe o partido que mais tempo esteve no governo . Os resultados não foram bons. O pântano de Guterres, a bancarrota de Sócrates e a pobreza de Costa não enganam e, para mais, muita gente que está hoje no poder também esteve nesses governos.
Portugal caminha para os últimos lugares na criação de riqueza entre os países da União Europeia. O PIB de 2018 é igual ao PIB de 2008 e já está a desacelerar para 1,9% em 2019. Sempre a descer até 2021 no mínimo. A falta de investimento vai fazer-se sentir nos próximos anos. A degradação dos serviços públicos e a dívida que continua a crescer não deixam dúvidas e, com estas condicionantes, manter ou reduzir o défice só à custa da elevada carga fiscal a maior de sempre. Com a geringonça ou com algo semelhante não se percebe como sair do círculo vicioso.
A falta de investimento faz-se sentir no SNS ( a actividade dos hospitais privados cresceu mais que a dos hospitais públicos e assim continuará), os professores afiam as facas para paralisarem a escola pública com greves, a ferrovia lá para 2023 terá mais comboios ( os actuais andam a deixar cair os motores) .
E o custo para o PCP do apoio ao governo com expulsão de membros históricos também não ajuda.
Os incêndios de Monchique são a excepção ao sucesso das medidas tomadas no resto do país que não arde diz Costa sem se rir.
O que Costa não diz é que o resto do país que não está a arder é porque já ardeu . Isto é, arde onde a matéria combustível se amontoou .
António Costa vê no drama das populações da Serra de Monchique um sucesso . O que interessa mesmo é passar a ideia que Monchique tinha que arder, fatal como o destino, não se espere que os incêndios terminem rapidamente porque vamos ter mais uns dias de incêndios e dramas. Mas se é assim, se os incêndios em Monchique foram anunciados e o primeiro ministro sabia que eram inevitáveis, porque foi ele conhecer o trabalho prévio em execução na Serra e anunciou um trabalho exemplar ?
É difícil ter a hipocrisia deste político, desde a facada nas costas a Seguro até à fuga em 2017 para férias enquanto lavravam os incêndios de Pedrógão, passando por encontrar uma solução política para salvar a pele e, last but not de least, o agora sucesso em Monchique.
Vale tudo, incluindo a desgraça alheia, para fugir à responsabilidade política de ter sido ministro da administração interna ( o enquadramento jurídico e organizacional ainda é o seu) e de ser primeiro ministro quando ocorrem os mais dramáticos incêndios dos últimos vinte anos.
Costa não é um ser humano que se goste de ver. E de ter por perto. Não. Aquilo é muito feio, mesmo muito feio.
Com as taxas de juro a subir ao primeiro abanão é hoje mais que visível que a prioridade deveria ter sido a redução consistente da dívida. Infelizmente os acordos e as cedências mútuas entre os partidos da "geringonça" impediram o que sempre foi evidente. Com este nível de dívida que impõe pagamentos de juros na ordem dos 8 mil milhões de euros/ano e com o crescimento da economia a definhar, o país continua a não estar preparado para enfrentar as dificuldades que se apresentam.
Os sinais que nos chegam revelam-nos que a tempestade esteve sempre lá. A bonança não é eterna. Na verdade, o primeiro-ministro acusou o toque quando esta semana nos veio dizer que este não era o momento para mexer na carga fiscal ou para aumentar a despesa. As atenções, dizia António Costa, são todas para a redução da dívida. O ponto é este: não deveria ter sido esta a prioridade da legislatura? Não deveria ser esta uma matéria de acordo de regime?
Alguma coisa mudou mas para que tudo fique quase na mesma.
O governo em funções tem essencialmente gerido as corporações e os sindicatos de voto, em nome de interesses gerais.
Ou seja, o que distingue Coelho de Costa é que é hoje claro que onde Coelho disse não a Ricardo Salgado, Costa teria dito sim, prolongando o principal factor limitante do crescimento do país nas últimas década: a captura do Estado por sectores privados, sempre em nome de ideias nobres como a estabilidade do sector financeiro, a defesa do emprego, o reforço dos centros de decisão nacionais e outras abstracções que tal.
Como diferença de programa político para mim chega e sobra: eu seguramente votarei na mais imperfeita das opções desde que me pareça a que melhor defende um programa mínimo de libertação da sociedade da viscosa promiscuidade entre os sectores protegidos e o aparelho de Estado.
E não preciso que seja uma boa solução, basta-me que seja menos má que a alternativa, quando avaliada pela perspectiva da autonomia da sociedade face ao Estado, e vice-versa.
João Galamba veio hoje defender que o Presidente da República é tão responsável como Centeno no affair da CAIXA mas, parece que o Primeiro Ministro, mais uma vez, é que não tem responsabilidade nenhuma.
O deputado do PS coloca assim a questão. Se a responsabilidade é igual então se Centeno se deve demitir Marcelo deve fazer o mesmo . Costa é que é inocente como uma virgem . É uma maneira suja de olhar para a questão depois de tudo o que se sabe . Mas fica-lhe bem proteger o primeiro ministro .
""O Presidente da República está profundamente implicado nisto. O que ele tentou fazer, na segunda-feira, político hábil como é, foi tentar demarcar-se e desresponsabiliza-se de algo que é responsabilidade sua". O porta-voz do PS refere-se à polémica sobre o grau de envolvimento do ministro das Finanças, Mário Centeno, na negociação das condições de contratação do ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
O Correio da Manhã escreve esta quinta-feira que Marcelo cedeu a Costa. O DN escreve que Marcelo "mil vezes perguntou" a Costa se havia acordo para dispensar a administração da Caixa e "mil vezes o primeiro-ministro lhe respondeu que não".
"Tudo aquilo de que é acusado Mário Centeno pode Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República, 'ipsis verbis', ser acusado da mesma coisa", acrescentou Galamba.
Pronto.Tudo provado chegou o momento de limpar a água do capote. António Costa é que não.