A razão da sobrevivência é a natureza do regime – uma democracia corporativa, por oposição a uma democracia liberal. A sociedade portuguesa está organizada por corporações (quem não pertence a uma corporação é um autêntico pária). As corporações concorrem entre si pela alocação dos recursos do Estado (sempre em nome do interesse nacional, claro). Os partidos são um dos veículos – em muitos casos, o principal deles – pelos quais as corporações ganham ou perdem posições relativas na distribuição dos recursos do Estado. Simplesmente, não há sociedade civil alternativa ao mundo das corporações (consequentemente, ao mundo dos partidos). Possivelmente, nunca houve. Logo, o regime tem por base as únicas forças vivas do mundo português – as corporações. A estagnação económica e o alheamento eleitoral são perfeitamente sustentáveis durante muito, muito tempo, enquanto as corporações assim entenderem.
As corporações que se auto intitulam de prestadores de "serviço público" deixam morrer pessoas nos hospitais e encerram linhas no METRO . A sociedade civil tem que se erguer contra estes senhores que a coberto dos seus privilégios, fazem tábua rasa dos direitos mais elementares da população que lhes paga o vencimento.
“Pese embora o transtorno pessoal e familiar que esta quadra festiva obriga a várias categorias profissionais de toda a sociedade, o serviço público desenvolvido pelos profissionais de diferentes áreas tem de ser garantido, sob pena de, colocando em causa os direitos de milhares de cidadãos, deixar de poder ser assim reconhecido”, defende a holding.
E agora pasmem com as razões apresentadas pelo sindicato : A Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), contactada pela agência Lusa, disse que esta situação se deve sobretudo a dois fatores: a saída de profissionais, nos últimos anos, sem que tenham sido repostos nos quadros, e a falta de diálogo com os órgãos representativos dos trabalhadores.
Já em relação ao S. José o bastonário veio dizer que a culpa era dos "cortes"...
Eles querem lá saber das pessoas a quem prestam o tal "serviço público" que justifica tudo. O MP tem a obrigação de investigar estes crimes
Correia de Campos coloca bem a questão. Fá-lo para a saúde mas o que diz adapta-se como uma pele para a grande maioria das situações. A centralização dos recursos favorece e facilita a sua "captura" pelos interesses corporativos que se alimentam do estado. "Um setor que gasta 10% do PIB tem sobre ele uma imensa voracidade", afirmou Correia Campos, alertando que a centralização dos serviços "só ajuda à captura do Serviço Nacional de Saúde por corporações e interesses". Segundo o antigo ministro, "quem quer capturar o Ministério da Saúde prefere que as decisões surjam todas a partir do ministério, do que de cada uma das administrações regionais da saúde".
Agora que a "municipalização" das escolas está a avançar é preciso perceber porque logo se levantaram as vozes que se alimentam da centralização da Educação. É também por isto, que há muito quem se bata pelo monopólio do estado na prestação dos serviços em largos sectores económicos. É fácil, é barato e dá milhões!
Já foram uma "classe" agora são uma corporação de interesses encostada ao estado a dizer mal. (...)
Com tanto jovem reformado e tão pouca gente a criar riqueza, estou cada vez mais convencido de que o destino do país é o empobrecimento. Não é só o TC que impede qualquer reforma estrutural que reduza a despesa do Estado. São também aquela quase maioria de portugueses adultos que não fazem ponta de um corno e vivem encostados ao Estado e a dizer mal dele. O caso dos professores é sintomático da paranoia instalada. O desporto dos professores é dizer mal de um patrão que lhes paga o salário no dia 23 de todos os meses do ano, dá dispensas de serviço a centenas de professores para fazerem mestrados e doutoramentos e coloca numa escola à porta de casa milhares de docentes, por vezes sem horário letivo, para poderem prestar auxílio a familiares.
As corporações não querem disciplina orçamental. Gritam e estrebucham . Estão todas convencidas que a disciplina orçamental é para os outros. Eles são intocáveis e imprescindíveis. Agora é a vez dos reitores. (...)
As universidades não podem inscrever nos orçamentos de 2014 receitas próprias superiores às garantidas em 2012, último ano que está contabilisticamente fechado. O objectivo, simples e desejável, é assegurar que o controlo das despesas associadas a estas receitas próprias que, se não se confirmassem, acabariam por transformar-se num défice do exercício. É simples, os reitores perceberam, ou deveriam ter percebido, mas preferiram vender a tese de que o Governo os proibia de aumentar as receitas próprias e estava a limitar a sua autonomia. Já basta um Mário Nogueira.
Não, o Governo não está a proibir, nem está a limitar a autonomia das universidades, que podem e devem procurar novas receitas próprias de acordo com as suas próprias estratégias. Aliás, se há lição a tirar dos sucessivos cortes de transferências para as universidades é a capacidade que tiveram de os compensar com receitas próprias, o que mostra que nem todos os cortes são recessivos.
As famílias e os alunos não aderiram à greve, comparecendo em massa. Se alguém tivesse dúvidas os sindicatos da dita escola pública defendem os interesses corporativos dos professores, usando os alunos.
É verdade que em Portugal as corporações há muito descobriram que é preciso chegar ao "pote" que é o orçamento do estado. Desde a banca, às grandes empresas, o truque é estar "perto para se aquecer". Os sindicatos, (todos da função pública) entraram no jogo. Há que chegar ao pote. Motivos partidários empurram.
Os que pagam a "festa", os contribuintes, é que não chegam ao pote, estão reduzidos à tentativa de o pote ser bem guardado e de não haver abusos. Bem sei que há quem coma mais que outros , mas nós, os que pagamos, não podemos aceitar o principio " nivela-se por cima , não por baixo" A ser assim um dia destes temos as corporações todas a chegar ao topo da carreira, trabalhar menos horas, ter mais férias, não serem avaliadas, meterem certificados médicos (falsos, na maioria)...
Que digo eu é, exactamente, o que já acontece. Se formos na conversa, nós os que pagamos, ainda somos catalogados de burros e proibidos de ter opinião. Paga e cala-te!
A escola dita pública pertence aos sindicatos, e aos partidos estatistas ( que são apoiados por uma pequena parte do eleitorado), mas não aos contribuintes e às famílias. Quanto mais dinheiro houver no pote mais nós pagamos e mais eles recebem.
E nós, os que pagamos temos que aceitar que isto seja assim? E que tal o estado começar por devolver as propinas que as famílias pagam nos colégios privados ( os melhores classificados nos rankings e onde não há greves)?
Escreve o Prof João César da Neves : O fragor desta luta enche totalmente o debate mediático, fingindo que o bem público e o futuro do País dependem crucialmente do que não passa do interesse particular de um grupo. Basta abrir a televisão ou os jornais para encontrar alguém a gemer ruidosamente, afirmando que a dignidade nacional e o progresso lusitano só sobrevivem se for mantido o subsídio, assegurado o apoio, defendida a despesa. Os propósitos são muito variados; o único elemento comum é a fúria avassaladora contra o Governo do momento, acusado da incompetência mais gritante ou dos propósitos mais sinistros, simplesmente porque lhes tira o guarda-chuva.
Quando nos anos 90 Cavaco Silva, então 1º ministro, decretou que todos os médicos que fizessem 1 ano com 40 horas semanais no hospital tivessem direito ao valor do salário auferido durante esse ano na reforma, milhares de médicos optaram pelo hospital a tempo integral durante 1 ano. Muitos só fizeram 1 ano, claro, mas foi quanto bastou. Passados 3 anos Cavaco aboliu esse decreto mas não aboliu os benefícios que tinha dado a uns milhares... uma pantominice. Há também a questão dos 10 melhores anos dos últimos 15 anos, o problema não era grave, mas dava-se a "jogadas". Representa cerca de 5% em média a mais. O problema é haver reformados a receberem mais do que quando trabalhavam e não são tão poucos como isso. Professores, Juízes, Procuradores, Médicos e também quadros intermédios da função pública. Não considero "estado social" quando alguém recebe 1,2 na reforma e que no mês anterior recebia 1,0 ou 1,1 - isto é um exemplo. Há professores reformados entre 1995 e 2004 que quase duplicaram o salário que recebiam no ativo 5 anos antes de se reformarem. E como aconteceu isso?! Perguntem em 1ª mão a Cavaco depois a Guterres que lhe sucedeu e perguntem menos aos seguintes porque já receberam o "trabalho" feito. Um dia se fará a história disto tudo.