Comparando vê-se bem que as percentagens de subida estão a abrandar. Não só em Portugal mas também em Espanha e em Itália. Mas os números absolutos impressionam.
Para se perceber a evolução da taxa de novos casos, é possível fazer uma comparação com as últimas semanas para se ver esse abrandamento: entre 16 e 22 de março, os aumentos de testes positivos por dia foram de 35%, 35%, 43%, 22%, 30%, 25% e 25%; entre 23 e 29 de março foram de 29%, 15%, 27%, 18%, 20%, 21% e 15%. Agora, nestes primeiros três dias da semana, as subidas foram de 7,5%, 16% e 11%. Ou seja, apesar do número elevado de novos casos em termos brutos (hoje foram 808, ontem houve um novo máximo de 1.035), que já eram “esperados” nesta fase de combate à pandemia no país, a curva da taxa de novos casos tem sofrido uma descida.
Tal como na China em Itália, após um inicio exponencial, as medidas de isolamento social estão a dar resultado.
Pelo segundo dia consecutivo, houve um decréscimo no aumento de casos e de mortes, depois de 6557 casos e 793 mortes no sábado e de 5560 casos e 651 mortes no domingo.
O número de infetados na Alemanha é superior ao de França - 18 323 -, mas o de mortos é muito inferior (45), segundo dados da Organização Mundial da Saúde. Um caso que está a intrigar o mundo e que, de acordo com a Deutsche Welle, pode ter várias explicações: o facto de o seu sistema de saúde estar mais bem equipado do que os vizinhos europeus, com 25 mil camas de cuidados intensivos completas com suporte respiratório é uma delas. França tem cerca de sete mil e a Itália cerca de cinco mil. A população alemã ronda os 80 milhões, a de Itália os 60 e a de França os 66.
Entretanto a Alemanha e a Áustria estão a receber doentes ventilados de Itália e França.
Vamos ver em Espanha - que tem 10 dias de atraso em relação a Itália - se o comportamento da infecção é o mesmo e começa a diminuir.
Há quem rasgue as vestes contra este tempo que se deixa infectar por um vírus.
É preciso atrevimento para chegar a essa conclusão quando as paredes dos supermercados estão cheias, quando as redes sociais nos permitem saber de todos e falar com todos e ver todos e aconselhar todos, quando há formas de trabalhar em casa, quando há redes sociais e de voluntariado que rapidamente se organizam, quando livros e filmes e jornais e músicas estão ao nosso dispor, quando há comércio online, quando uma descoberta pode imediatamente ser partilhada por todos e todos podem beneficiar dela - isto para não falar dos sistemas de saúde, por mais falíveis e saturados que estejam, mas que asseguram uma resposta impossível no passado, com os vários atores e setores, do hospitalar ao farmacêutico passando pela academia a investigação, do público ao privado, mobilizados para encontrar uma resposta e uma cura.
Nada de pânico. A humanidade não vai desaparecer com o Coronavirus.
Afinal na China com uma população de 1,5 mil milhões as mortes não foram além de 3 000. E, na Itália, os calorosos abraços dos italianos e medidas tomadas com atraso explicam a gravidade a que estamos a assistir.
Cá em Portugal as vítimas são gente octogenária com outras doenças associadas.Não que não queiramos saber dos idosos. Mas para pessoas que não são classificadas como idosas, isto gera uma infeção no tracto respiratório que não é muito grave e a maioria das pessoas têm sintomas muito suaves".
O mundo dispõe hoje de um arsenal farmacêutico que permite em pouco tempo conhecer os novos desafios que periodicamente nos são colocados. Este vírus apareceu em Dezembro e hoje, dois meses passados, já o conhecemos bem. Não há razão para pânico.
1 - O vírus é conhecido. Como López-Goñi escreveu para o The Conversation, em França, o vírus causador de casos de pneumonia grave em Wuhan foi identificado em apenas sete dias, após o anúncio oficial, em 31 de dezembro. Três dias depois disso, a sequência genética estava disponível
2 - Podemos fazer testes para sabermos se estamos infectados. A 13 de Janeiro - três dias após a publicação da sequência genética - estava disponível um teste fiável, desenvolvido por cientistas do departamento de virologia do hospital universitário Charité, em Berlim, com a ajuda de especialistas em Roterdão, Londres e Hong Kong.
3 - Sabemos que o vírus pode ser contido (embora a um custo considerável). A quarentena draconiana da China e as medidas de contenção parecem estar a funcionar. Na quinta-feira 120 novos casos foram relatados em Wuhan, o número mais baixo em seis semanas, e, pela primeira vez desde o início do surto, não houve qualquer caso em nenhuma localidade no resto da província de Hubei
4 - Apanhá-lo não é assim tão fácil (se tivermos cuidado) e podemos controlar o contágio muito facilmente (desde que tentemos). A lavagem frequente e cuidadosa das mãos, como todos sabemos agora, é a forma mais eficaz de impedir a transmissão do vírus, enquanto uma solução de etanol, peróxido de hidrogénio ou lixívia desinfectará as superfícies (mas nunca as três substâncias juntas). Para sermos considerados em alto risco de contágio do coronavírus, precisaríamos de viver com alguém, ou ter contato físico direto com alguém infectado, ter estado no raio de tosse ou espirros de alguém infectado (ou usar uma peça de roupa contagiada), ou estar em contato face a face com alguém infectado, num raio de dois metros, por mais de 15 minutos. Não estamos a falar de nenhum contágio possível por alguém que se cruze connosco na rua.
5 - Na maioria dos casos, os sintomas são leves, e os jovens correm um risco muito baixo. Segundo um estudo realizado a mais de 45 mil infectados na China, 81% dos casos causaram apenas sintomas menores, 14% dos pacientes apresentaram sintomas descritos como "graves" e apenas 5% foram considerados "críticos", com cerca de metade desses casos a resultar na morte dos doentes. Apenas 3% dos casos dizem respeito a menores de 20 anos, as crianças parecem pouco afectadas pelo vírus e a taxa de mortalidade para os menores de 40 anos é de cerca de 0,2%.
8 - Existem protótipos de vacinas. Laboratórios comerciais farmacêuticos e biotecnológicos como Moderna, Inovio, Sanofi e Novavax, assim como grupos académicos da Universidade de Queensland na Austrália - muitos dos quais já estavam a trabalhar em vacinas para vírus similares relacionados com a Sars- - têm protótipos de vacinas preventivas em desenvolvimento, algumas das quais em breve estarão prontas para testes em humanos (embora a sua eficácia e segurança levarão o seu tempo para serem garantidas, é claro).
9 - Dezenas de tratamentos já estão a ser testados. Em meados de fevereiro, mais de 80 ensaios clínicos estavam em andamento para tratamentos antivirais, segundo a revista Nature, e a maioria já foi utilizada com sucesso no tratamento de outras doenças. Drogas como remdesivir (Ébola, Sars), cloroquina (malária), lopinavir e ritonavir (HIV), e baricitinibe (poliartrite reumatóide) estão a ser testados em pacientes que contraíram o coronavírus, alguns como resultado de pesquisas que integram inteligência artificial.
O coronovirus tem-se revelado surpreendente. Por cá em Portugal ( país atrazado) não há infectados nem poluição tal como na Europa. Mas na China estamos perante uma verdadeira limpeza. É só ver a foto tirada pelos satélites.
Está encontrada a solução. Fecham-se as fábricas último modelo na China e o mundo respirará muito melhor.
E, claro, os problemas vão chegar à Europa. O sector automóvel, muito dependente dos componentes chineses, já está a travar.
Há cerca de 40 milhões de chineses isolados nas suas próprias casas sem poderem sair para a rua e consequentemente para os empregos. E, como dizem os brasileiros, " o bicho pega" .
Este mundo global é assim, cada vez dependemos mais uns dos outros. É, mau, porque um simples vírus percorre milhares de kms em poucas horas, é bom, porque os cidadãos percebem mais depressa que quando o barco afundar vamos todos ao fundo.
E, não, não há outro mundo, nem há jeito de deitar fora porque mesmo o "fora" é cá dentro.
A economia vai sofrer e o crescimento do PIB em queda para 2020 e 2021( 1,7%) poderá recuar mais com consequências para os países que mais necessitam de crescer como é o nosso caso.
Nos últimos 20 anos, em média, Portugal cresceu 0,5% ao ano. É, por isso, que o governo depois de tantas promessas propôs aos sindicatos 0,3% de aumento dos salários. Uma afronta.
"Tendo em conta o desfasamento temporal entre as perturbações no funcionamento das empresas chinesas e os seus efeitos nas empresas europeias e dado que a epidemia ainda não terá atingido o seu pico, assistiremos nas próximas semanas ao alastramento deste impacto, afetando mais empresas, em mais setores."