Sem o PCP não há alternativa avisa Jerónimo do alto do congresso. Perderam câmaras e metade do grupo de deputados mas no fim são os comunistas que cantam vitória. Saiu caro ao PS a pele de António Costa.
O que esperava o Primeiro Ministro quando traçou a linha vermelha à direita ? Tirar ao PS a posição central que sempre teve no espectro político do país? Até agora o PS podia fazer maiorias à esquerda e à direita agora só fará à esquerda . E o custo é elevado.
Tão elevado que foi obrigado a afastar o BE e as suas exigências e ficar na mão do PC o que nunca aconteceu com o "velho" PS. O da liberdade e europeu . É que os comunistas são contra a economia de mercado, anti- UE e, ainda acreditam que será com violência que chegarão ao poder. Como querem os socialistas manter uma ligação política com quem ainda pensa assim ?
Nas sondagens o PCP anda pelas ruas da amargura, ultrapassado pelo novel partido o Chega. Ora enquanto este partido da direita tem dois anos o PCP tem 100 anos como gostam de dizer os seus militantes. Então como se explica a performance eleitoral e o que levará Costa a fazer de um partido perdedor o seu companheiro de viagem ?
António Costa só tem uma razão, está só e mal acompanhado não pode perder o apoio que lhe resta. E, por enquanto, o próprio PS azeda baixinho.
Sem ambiguidades, Rui Rio sublinhou a génese social democrata do seu programa, a permanência de Portugal na NATO e na União Europeia , o reforço da sociedade civil ( pessoas, famílias e empresas) face ao Estado, a descentralização da Administração Pública, a proximidade dos decisores políticos aos problemas e o reforço do Estado nas funções que lhe são próprias.
Chamou a atenção para o estado calamitoso dos serviços públicos, em especial da Saúde e da Educação, da desertificação do interior, da insegurança dos cidadãos e do fraco crescimento da economia num quadro exterior benéfico raro.
A economia cresce arrastada pelas economias dos outros países europeus, abaixo do necessário e a dívida permanece das mais altas do mundo. O seu arrefecimento é previsto pelo próprio governo já este ano e no próximo.
A solução governativa presente está aprisionada pelos seus apoios parlamentares, anti- NATO, anti - UE e anti- empresas, estando de mãos atadas para levar a efeito as reformas que o próprio PS reconhece como inevitáveis.
É tempo de falar verdade ao país . Rui Rio veio para confrontar a propaganda do governo .
O BE prepara o seu congresso e as propostas de alternativa que são conhecidas apontam para o que sempre foi evidente. A ruptura com as políticas de Bruxelas.
Com os olhos postos na Grécia, e com a óbvia cedência em toda a linha do Siryza, o BE força a pressão sobre o seu parceiro de coligação o PS ao mesmo tempo que se afasta do PC.
Contudo, o partido liderado por Catarina Martins vai mais longe ao sublinhar que "o desenlace do caso grego e a pressão para a entrega da banca portuguesa aos gigantes europeus" demonstram que é preciso estar preparado para tudo. Ou, sendo fiel ao texto, "que uma esquerda comprometida com a desobediência à austeridade e com a desvinculação do Tratado Orçamental tem de estar mandatada e preparada para a restauração de todas as opções soberanas essenciais ao respeito pela democracia do país".
Como António Costa sempre soube vai ter que escolher entre a UE e os seus parceiros internos e a situação das contas públicas e a sua mais que provável evolução negativa já posiciona os partidos .Se alguém tivesse dúvidas que vem aí mais austeridade a proposta do BE é transparente. Não aceita mais medidas de consolidação das contas nacionais .
Bloquistas dizem que "só é possível" salvar o Estado Social, relançar investimento e criar emprego, "rejeitando a chantagem da dívida". Ora a chantagem para os bloquistas é pagar a dívida. E a posição do BE é tão mais preocupante quando o próprio Banco de Portugal afirma que a austeridade terminou em 2015
Mas as exigências do Bloco ao PS são para cumprir sob pena de a maioria que sustenta o Governo não sobreviver.
Poucos vão ao Congresso do PSD mas já todos foram à comunicação social. O cerco aperta-se à volta de Passos Coelho. Para Ferreira Leite, Espinho é demasiado longe. Para Rui Rio há o perigo de se tornar o centro das atenções (ele mesmo). Para Rangel é preciso apertar com o governo. Estão apresentadas e publicadas as moções de estratégia. Espera-se agora que alguém pegue nelas e faça o trabalho de sapa durante o congresso.
Rui Rio anda a aquecer o motor do carro que está em rodagem " Só que até ontem faltava mais um elemento na equação: o surgimento da oposição interna. Essa oposição surgiu agora, com uma entrevista de Rui Rio, logo seguida de outra entrevista de Paulo Rangel. Ambos alinham pelo mesmo diapasão, dizendo em primeiro lugar o óbvio: que a oposição que Passos Coelho está a fazer ao governo está a ser muito frouxa e que o PSD precisa de uma renovação profunda, como aliás o CDS fez agora. O que é curioso, no entanto, é que não assumam desde já o objectivo (para todos evidente) de conquistar a liderança, dizendo Rui Rio que nem sequer se vai dar ao trabalho de ir ao congresso e Paulo Rangel que se sente muito bem no Parlamento Europeu.
O PS quer ficar no euro e é no euro que o país quer ficar."Não pode haver compromissos com esta direita extremista que já nem sequer representa larguíssimos setores da direita tradicional portuguesa. Foram eles que se excluíram e que estão fora dos avanços que se estão a verificar na Europa. Mas também é preciso termos um discurso claro para muitos portugueses que, desiludidos, frustrados, quantas vezes desesperados, tendem a ir no canto de sereia das propostas deliberantes da extrema-esquerda.
Depois de lembrar a importância de Mário Soares à adesão europeia, Vitorino afirmou: "É nesta linha que o programa de governo reitera uma intenção clara do PS: Queremos permanecerem no euro e é no euro que Portugal quer permanecer".
Vitorino defendeu que "na Europa os países não são todos iguais e nem querem ser", mas se os países são diferentes, os Estados têm de ser tratados todos por igual". "Este é que é o verdadeiro espírito europeu", concluiu.
E esta herança tem consequências por mais que Costa afaste os sócraticos dos orgãos da liderança do PS. Foi um golpe palaciano que afastou Seguro por iniciativa da ala socrática.
"a difícil gestão da herança de José Sócrates – e a criação, ou não, de um “cordão sanitário” em torno do caso – e a apresentação de medidas e reformas políticas concretas – não basta “passar pelos pingos da chuva”, como António Costa tem feito até agora, avisou Joana Amaral Dias. a gestão do caso vai ser extremamente delicada porque “foram os socratistas que lhe deram o apoio para avançar contra António José Seguro”. (…) Portanto, se António Costa se tenta livrar dessa herança socrática e desses protagonistas políticos estará a negar o apoio que recebeu e isso poderá colocá-lo em muitos maus lençóis. Por outro lado, deixá-los ficar evidentemente também o coloca em maus lençóis tendo em conta o contexto que existe”.
Segundo Marinho Pinto o PS é um cadáver anunciado : “António Costa não avançou sozinho, foi empurrado por José Sócrates – quem comandou todo o processo de afastamento de António José Seguro foi Sócrates. António Costa não é uma pessoa que tenha grande coragem política, nunca teve, andou sempre pelas mãos dos outros. (…) No fundo, ele é um homem de José Sócrates: fez parte do seu Governo e foi com o apoio de José Sócrates que tomou a liderança ao seu antecessor”, garantiu Marinho
Como se vê Sócrates vai estar no centro da disputa política no próximo ano. Não há como evitá-lo.
O governo tem sido o alvo no Congresso do PS mas até os membros mais à esquerda dentro do PS se queixam que não vale a pena acalentar esperanças em dialogar com PCP e BE. O PS fecha a porta por dentro quando já está fechada por fora.
Este é só o pretexto para pedir a maioria absoluta que, contudo, muito dificilmente será conseguida. Basta fazer contas.
PSD+CDS = 34%
PCP = 8%
BE = 4%
LIVRE = 2%
PDR = 4%
------- 52%
O PS precisa de 45% para atingir a maioria absoluta, fasquia que se se ficou nos 42% com a entrada em cena de António Costa ( pico mais alto). É muito natural que o PS perca pontos quando António Costa for obrigado a apresentar soluções concretas. E perde para a sua direita e para a sua esquerda.
Falta saber o estrago que o "caso Sócrates" vai trazer ao PS caso outras figuras dos governos do ex-primeiro ministro se vejam envolvidas. Um PM não adjudica obras essa é função dos ministros e secretários de Estado.( como lembrou hoje e bem, Marques Mendes) .
Passos deixa para mais tarde assinar acordo com CDS porque sabe que há quem dentro do PS veja com bons olhos uma coligação entre os dois maiores partidos. Há matérias constitucionais e governativas que exigem resposta imediata. Acabou o mais raro dos recursos. O tempo.
Empatas. Até entre si empatam. Empatam a coligação que podiam fazer com o PS preferindo copiar o PC. Empatam apresentando como bandeiras empatar o Tratado Orçamental, a presença do Euro e na UE.
Empatam no Congresso saindo da contenda sem liderança e "rachados ao meio ". Bem pode o João Semedo chamar ao palco com quem não se entende. Bem clamou pela unidade. Do Bloco, com o Bloco e para o Bloco . Entrou um bloco saíram de lá dois. E o que entrou já não era um bloco era só meio bloco.
Completamente à deriva e só, eis o Bloco. A perder vertiginosamente votos, correndo apressadamente para a insignificância política, o que quer o Bloco ? Os seus camaradas que já saíram e que querem fazer parte da solução, já estão no LIVRE e em outros movimentos. Com o PC não se junta que o original não quer juntar-se com a cópia.
João Semedo que toda a vida foi membro do PCP quis fazer o BE à imagem e semelhança do Partido. É claro que não foi capaz e o que conseguiu foi coisa nenhuma. O que é pena porque o BE com Louçã, Miguel Portas e Rosas foi uma corrente de ar fresco na vida política. O sectarismo deu cabo do Bloco como dará sempre cabo do que vale a pena.
Segui a intervenção de Santana Lopes no Congresso do PSD. Falou dele mesmo e da história no partido. E do seu trabalho na Misericórdia de Lisboa. Como recebe inúmeros pedidos de ajuda todos os dias o que lhe dá uma imagem do país como nunca teve. Está a envelhecer e isso traz-lhe sabedoria. E como conheceu Sá Carneiro e foi seu ajudante. E a sua carreira política e o seu governo. Deu um conselho a Passos. Não cortes mais salários e pensões. Muitas palmas e muitos sorrisos. A reconciliação com o cheiro das eleições a chegar. Tal como outros, teve o seu momento de glória, sozinho no palco e 700 pessoas a ouvirem. Não percebi onde estiveram as propostas políticas.
Marcelo, num golpe de mestre, e num discurso de improviso ( preparado ao milímetro) atou Passos e vai ser o candidato às eleições presidenciais. O que se passa ali muito raramente tem a ver com o país. Os barões preparam o seu futuro para os próximos quatro anos.
Significa que os barões não podem estar em dois sítios ao mesmo tempo. O que significa que o fim de semana vai ser passado a encontrar condições para apresentar a Passos Coelho. Portas integra o governo? Na sua ausência há uma personalidade forte que o substitua? Hoje Lobo Xavier mostrou que não quer mais nada com Portas.
Como é que Portas pede a demissão sem perguntar nada a ninguém e, depois, esse "ninguém" o encarrega de liderar as conversações ? E Portas agora, fala com Passos quando diz na carta que publicou, não ter condições para continuar no mesmo governo ? Não seria mais curial o CDS ser representado por alguém "isento"?
Desconvocar o congresso é, também, uma forma de "arrefecer" os congressistas e encontrar boas desculpas.