Tês condições que estão todas nas mãos da União Europeia. E Portugal, Espanha, Itália e Grécia precisam delas porque como sempre não fizeram as reformas que é preciso fazer.
Os países do Sul da Europa - Portugal incluído - estavam já entre os mais frágeis antes do vírus, devido à sua estrutura produtiva e à sua elevada dívida externa. Agora junta-se a queda abrupta do sector do turismo de que tanto dependem (e que não será momentânea) e uma dívida pública ainda maior.
Seriam necessárias três condições para evitar o colapso das economias mais frágeis: uma resposta rápida das autoridades; um volume de apoios públicos suficientemente elevado para proteger o emprego e a actividade económica; e a garantia de que, passado o período de emergência, as economias em causa teriam condições para pagar as dívidas entretanto contraídas e para respeitar os compromissos internacionais, sem dificuldades de maior.
A cada dia que passa há centenas de empresários em Portugal que optam por declarar falência ou reduzir de forma drástica a sua capacidade produtiva. Milhares de trabalhadores ficam sem emprego e/ou vêem os seus rendimentos cair de forma abrupta. A urgência de uma intervenção rápida e decisiva é evidente.
Mas o problema da UE no atual contexto não é apenas a lentidão das decisões. Nem sequer as mensagens equívocas das lideranças. A questão central é a incapacidade das instituições e das regras europeias em impedir que o aumento das dívidas públicas devido ao covid-19 se torne um problema colossal no futuro próximo para as economias mais frágeis.
António Costa tem trabalhos de casa para fazer. Convencer PCP e BE a serem europeus. E limpinho no papel. Para o presidente não basta, nem por sombras, a palavra dos comunistas. Vão ter que assinar um acordo público, não envergonhado, em que aceitam tudo o que não querem. E, claro, fica subentendido que ou os partidos anti-europa aceitam sem subterfúgios esses princípios ou Cavaco avança para um governo de iniciativa presidencial.
Estão lá, no tal trabalho de casa, todos os compromissos que Cavaco desde o seu primeiro discurso, impôs como condição para empossar o governo PS apoiado pela extrema esquerda. PCP e BE, mas principalmente o PCP, vão ter que tapar os olhos e assinar . Já o fizeram uma vez com Mário Soares mas agora é muito mais indigesto.
É o mínimo para que o governo possa ter alguma credibilidade . Mal esteve quem pensava que Cavaco Silva andou a perder tempo. E os que o tentaram apoucanhar têm agora um guardanado onde limpar a cara. Os cenários estavam mesmo estudados.
Quem ganhou como ninguém quatro maiorias absolutas e é o politico com mais tempo em funções mostrou que a experiência é quase tudo.
Falta a parte politica. O mais difícil já está que é devolver "o roubo" e manter tudo dentro do orçamentado. Pelo exemplo ( descongelar as pensões em 1,8 E) difícil mesmo é convencer o PCP a fechar os olhos à UE, à NATO, ao Euro e ao Tratado Orçamental. Porque ninguém tenha dúvidas " a parte politica" é isso que quer dizer. E isso para o PCP é tudo.
Para Francisco Assis, a política é feita, sim, de “afirmação de convicções. A política é lutar por causas, mesmo quando isso não suscita de imediato compreensão da maior parte das pessoas a quem nos dirigimos”.
Alguém estranharia aquela frase na boca de Jerónimo ? Ora a parte politica não cabe em nenhum orçamento .É a parte escondida do iceberg de que falava Assis. Está lá, aparece sempre no caminho dos desprevenidos ou de quem não olha a meios.
Cavaco Silva, em Belém, já tem uma pasta cheia de argumentos para dizer não a um governo tão pouco credível e tão pouco consistente.
Quando Jerónimo de Sousa diz que " o PS só não será governo se não quiser " esquece-se, como sempre, de dizer " se aceitar as nossas condições." Ora, a verdade é que as condições impostas pelo PCP são inaceitáveis .
Não se apagam 40 anos de divergências numa negociação imprevista, apressada e sujeita a ser avaliada pelos cidadãos como uma trapaça. Insistir nesta loucura será um acto de desespero muito em breve celebrado pelos principais visados da operação: o PSD e o CDS.
Mas mesmo que a conformidade com o texto constitucional esteja garantida, a manobra de bastidores de António Costa justifica a sensação de que a democracia portuguesa se transformou numa trapaça feita à vista de todos. Qualquer governo do PS apoiado pelo Bloco e pelo PCP não escapará a este pecado original. É um nado-morto que ameaça arrasar a credibilidade que resta ao PS.
O eleitorado do PS é por definição moderado e votou num programa prudente. Por acaso acredita Maria Lurdes Rodrigues que se o PS se apresentasse às eleições com o mandato de fazer um governo negociado com os partidos à sua esquerda teria 32.5% dos votos? Por acaso não lhe parece que uma boa parte, talvez até a maior parte dos 1.7 milhões de cidadãos que votaram no PS estão irritados com as negociações em curso?
António Costa é um "morto-vivo". De morto na noite das eleições a enterrado com as gloriosas reuniões com o PCP . Construtivas e nada radicais. Para já conseguiu uma "frente de esquerda que acabou antes de começar" com a indicação do PCP para seu candidato presidencial de Edgar Silva.
E as condições nada radicais do PCP que o PS aceita sem problema são um mundo de esperança. Algumas delas não precisam do acordo dos comunistas e as que precisam nunca terão o acordo dos portugueses e das entidades da UE. Segue a lista e proponho ao leitor que descubra quais são umas e outras : ( não esquecer que é preciso manter o défice em 3% )
Valorização dos salários, nomeadamente o aumento do salário mínimo para 600 euros no início de 2016;
Combate à precariedade – alteração à legislação laboral
Reforço da contratação colectiva
Reposição dos salários, pensões e feriados e outros direitos cortados nomeadamente os complementos de reforma;
Política fiscal justa;
Eliminação das taxas moderadoras
Reposição do transporte de doentes não urgentes
Reversão dos processos de concessão, sub-concessão e privatização das empresas de transporte;
Revogação da alteração à lei da interrupção voluntária da gravidez;
Retomar o controlo público de empresas estratégicas
Renegociação da dívida»
Só não aceita quem está de má fé . António Costa e principalmente o PS estão prontos a aceitar o caderno de encargos. Não se nota ?