A morte do lutador português - Só um combate equilibrado é justo
Nestes desportos é sempre possível que um só golpe mate. Como na vida . No que é possível fazer para proteger os lutadores o mais importante é não deixar que o combate seja desequilibrado. Ou se torne desequilibrado.
No vídeo do último combate de João Carvalho é manifesto que após o golpe que o empurrou para a rede, o lutador estava grogue. O adversário aproximou-se dele com a confiança de quem ia acabar com a luta. E assim foi. Caído, o atleta português não se defendeu.
Vejo, madrugadas dentro muitos combates desta modalidade e uma coisa é certa. O lutador quando está lúcido é ele próprio que desiste batendo com a mão no chão ou no adversário ou falando com o árbitro. Quem está grogue e precisa de ser protegido não tem lucidez para fazer uma coisa nem a outra.
Um combate equilibrado ( atletas ao mesmo nível) não é perigoso para estes super atletas. Mas quando os atletas não são do mesmo nível ou durante o combate esse equilíbrio desaparece então o perigo espreita.
Um campeão português de boxe que se retirou sem que ninguém lhe tenha tirado o título nacional e que lutou como profissional por essa Europa fora dizia-me : nos primeiros golpes sabia logo se o adversário era melhor do que eu. Protegia-me. Logo que percebia que o combate se estava a desequilibrar usava técnicas para manietar o adversário, prolongando o combate. Se um golpe me diminuísse o meu auxiliar atirava a toalha ao chão. Dava espectáculo para quem o havia pago e nunca fui knouteado.
João carvalho estava no seu primeiro combate perseguindo o sonho de uma carreira internacional. Entre o azar e o querer ir longe demais deu-se a tragédia. Não se procurem bodes expiatórios.