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BandaLarga

as autoestradas da informação

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Os coletes amarelos abalaram um dogma profundo

Os problemas ambientais não são considerados mais prementes do que pagar a renda ao fim do mês para aqueles que vivem com dificuldades.

Ora só pessoas instaladas na vida e com um certo grau de conforto aceitam que as políticas ambientais se possam repercutir nos seus rendimentos.

É justo que as pessoas com mais rendimentos paguem pelas políticas ambientais, mas profundamente injusto que estas impactam sobre setores populacionais que lutam pela sobrevivência.

As manifestações dos coletes amarelos em França foram a primeira movimentação popular significativa contra políticas ambientais. O seu profundo significado político reside precisamente no reconhecimento deste facto. Até agora as políticas ambientais eram consideradas unanimemente como populares entre os países desenvolvidos. Verificou-se, no entanto, que este pressuposto estava errado. Afinal não era assim. A maioria da comunidade científica, com todo o alarmismo que colocou nos problemas ambientais, não conseguiu fazer com que as pessoas se preocupassem mais com a “pegada ambiental” do que com pagar a renda ou ter mais compras no final do mês.

PS : A GALP está milionária à nossa custa

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A GALP está milionária à nossa custa

Claro que há razões fortes para que os coletes amarelos se manifestem em Portugal, Eu só não vou se não puder.

Nos EUA, o preço médio atual da gasolina é de 0,64€ por litro. Em França, a gasolina está a 1,44€ por litro. Em Portugal, está exatamente ao mesmo nível da França (GlobalPetrolPrices.com), embora a diferença de salário médio entre os dois países seja brutal: em França, o salário médio está em 2.255,00€, e em Portugal é de 925,00€. O que significa que uma empresa como a GALP, para além de beneficiar de metade do preço da matéria prima dos combustíveis sem ter diminuído proporcionalmente o preço de venda dos combustíveis – pelo contrário, ainda os aumentou – paga metade do salário da sua congénere francesa aos seus trabalhadores. Alguém está a ficar multimilionário à custa dos consumidores, ou seja, à nossa custa.

Há outro fenómeno que se conjuga com a situação anterior para criar uma “tempestade social perfeita”. Está relacionado com a baixa do preço do petróleo verificada nos últimos 10 anos. O barril desceu para cerca de um terço desde 2008 – em junho de 2008 estava a 161,28USD e, em 14 de dezembro deste ano, a 51,25USD — sem que o consumidor europeu tenha beneficiado desta tremenda descida da matéria prima no preço dos combustíveis. Nos EUA, a gasolina vendida ao consumidor baixou cerca de um terço desde 2008, acompanhando muito de perto o preço do petróleo, mas na Europa o sistema em vigor impediu que o consumidor beneficiasse de uma descida significativa dos combustíveis. Pelo contrário, em Portugal, escandalosamente, a gasolina aumentou desde 2008, de 1,381€ para 1,507€.