Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

BandaLarga

as autoestradas da informação

BandaLarga

as autoestradas da informação

O cidadão esmagado pelo estado

Ricardo Arroja :

A minha recente incursão na política elevou em mim a convicção de que a verdadeira mudança de regime será cultural e não necessariamente política. Consistirá numa nova relação entre os cidadãos e o Estado, em que os cidadãos passem a estar no topo das considerações políticas e o Estado ao serviço daqueles. Mais do que uma nova relação, será uma nova atitude, caracterizada por uma cidadania de proximidade, mas não de afronta, beneficiando das ferramentas que a tecnologia, hoje e amanhã, disponibilizará.

A mudança ocorrerá quando as pessoas passarem a exigir ao Estado, numa relação de reciprocidade, o mesmo que aquele lhes exige a elas, em defesa das pessoas que autorizam a coerção estatal. Na realidade, quando discutimos criticamente os meios e os fins da acção estatal, é disto que falamos: da defesa do cidadão comum, aquele que legitima tudo o resto, da defesa da regra e não da excepção.

 

Conceitos fundamentais que andam esquecidos

A Magna Carta  não integra a história da liberdade moderna porque esta em nada se aproxima da ideia de conservação dos privilégios tradicionais. Pelo contrário, implicou o repúdio da ordem antiga e da pretensão de naturalidade que lhe assistia, seguida da construção de uma ordem nova radicada no princípio da igualdade social. Uma ordem em que todos se reconhecem mutuamente o mais elevado status a que se pode aspirar numa república livre, o de cidadão. Cidadãos dignos, homens e mulheres comuns aos quais são devidos a consideração e o respeito em tempos reservada aos nobres. E cidadãos iguais nessa dignidade, sem embargo das múltiplas contingências sociais ou naturais – como a ascendência, a religião, o género, a riqueza, a raça, o talento ou a profissão – que os distinguem.