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BandaLarga

as autoestradas da informação

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A China aprendeu

Envolveu-se na globalização e com isso tirou milhões da miséria. Mas há ainda muitos milhões de seres humanos na miséria

A China, dirigida pelo Partido Comunista, poderá parecer, neste contexto, uma excepção, mas o seu desenvolvimento, ainda e sempre, no quadro de uma sociedade totalitária em que não existem liberdades individuais, deve-se no essencial, por um lado, à adopção de um modelo de capitalismo de Estado, seguindo e respeitando os mecanismos de mercado (e não a um qualquer modelo comunista de direcção central da economia) e, por outro lado, à sua integração nas cadeias de valor a nível mundial, com um papel determinante na globalização a qual, aliás, fez mais pela retirada de centenas de milhões de chineses da pobreza do que qualquer teoria social marxista-leninista.

Os protestos de Hong Kong e o Covid-19 abriram-me os olhos

A China com o seu modelo de governação "Estado autoritário/ economia liberal" está a pôr em causa as democracias liberais. Convém não esquecer que na China não há liberdade.

A China está a usar a abertura e o pluralismo das democracias para as subverter. Estabelece alianças com grupos sociais chineses no exterior e com indivíduos proeminentes, enquanto vai também, ao mesmo tempo, gerindo informações, promovendo propaganda e envolvendo-se em espionagem. Ex-altos funcionários dos governos do Reino Unido, de França, da Alemanha, da Austrália e de Portugal têm vindo a ocupar cargos lucrativos com interesses chineses depois de deixarem as suas funções governamentais.

O poder duro refere-se ao recurso regular da China à desinformação, ao equívoco, à coação, ao suborno e à influência penetrante em instituições políticas e civis das sociedades abertas com o intuito de tentar moldar o discurso sobre a China.

A Covid-19 é um exemplo de como a China se tornou boa a “reinterpretar” a realidade. É irónico como a China foi o local onde (não convém esquecermos) a Covid-19 surgiu pela primeira vez e onde as autoridades inicialmente ocultaram o problema do mundo, sem dúvida piorando as coisas. Desde então, a China tem tentado alterar o discurso e tornar-se o “salvador” da humanidade, fornecendo ao Ocidente testes (muitas vezes defeituosos), máscaras faciais e ventiladores. Numa altura em que a China tem muito a explicar, nós vergonhosamente compramos essa retórica.

A China pode ter que pagar o prejuízo ?

O mundo depende em muitos sectores da China mas a China também depende do resto do mundo.

Tendo a China investimentos estatais em todo o mundo poderá ser muito vulnerável à aplicação de sanções que consistam, por exemplo, no sequestro dos seus interesses noutros Estados. Poderiam ainda ser introduzidas restrições a viagens de e para a China, com a invocação adicional de razões sanitárias, visto esta ser a terceira epidemia que teve origem na China neste século.

Será que o Ocidente tem a coragem de enveredar por este caminho que introduziria um enorme factor de mudança no mundo em que vivemos?

Sim, será possível, mas a melhor medida por todas as razões, é o mundo ocidental fazer regressar a produção industrial que deslocou para a China por razão de menores custos.

E, além disso, é feio o Ocidente aproveitar-se do dumping social existente naquele país com a exploração de mão de obra pouco qualificada.

O cordão sanitário chinês que abriu a porta do mundo ao vírus

Há ainda muitas dúvidas sobre o comportamento das autoridades chineses no início da pandemia. Nada será igual. Nas relações comerciais e diplomáticas a China perceberá que tem parceiros mas não tem amigos.

E como se os defeitos na produção chinesa não fossem suficientes, a dimensão da crise tornou evidente um pouco por todo o lado que o mundo não podia depender tanto das fábricas chinesas. Pequenas empresas, como a irlandesa Oasis, que fabrica dispensadores de água, reorganizaram a sua produção para abdicarem dos fornecedores chineses trocando-os por fabricantes europeus, e países inteiros, como o Japão, lançaram programas nacionais de apoio à sua indústria para ela depender menos da China.

Depois é fundamental que Pequim explique porque decidiu isolar a província de Hubei das outras províncias chinesas, criando uma gigantesca cerca sanitária, mas permitiu que ela continuasse ligada ao resto do mundo. Os chineses de Hubei não podiam infectar os seus compatriotas mas puderam continuar a voar para Londres, Paris, Roma ou Nova Iorque durante todo o mês de Janeiro, nalguns casos até mesmo Fevereiro.

 

A China a quem vendemos empresas estratégicas nacionais

A China a quem o Estado vendeu grandes empresas estratégicas é hoje o inimigo económico a abater. Isto demonstra bem como os nossos políticos não têm visão estratégica. O que era bom há 10 anos hoje é mau.

E não foi só à China, as vendas ao dinheiro angolano também não primam pela consistência. Era dificil fazer pior. Mas os países europeus também não mostraram interesse e deixaram as empresas chinesas comprarem a eito

O presidente francês Emmanuel Macron pediu explicações à China a propósito do surto do novo coronavírus e a vice-presidente da Comissão Europeia, Margrethe Vestager, manifestou a intenção de ajudar os Estados-membros a impedir que investidores chineses tomem posições importantes em empresas europeias fragilizadas pela pandemia.

Era bom que, no relançamento económico do país pós-pandemia, se promovesse a emergência e a consolidação de projetos industriais. Nomeadamente, aplicando no desenvolvimento de novos produtos o conhecimento que tem vindo a ser produzido pelos centros de excelência tecnológica do nosso sistema científico e de inovação.

Para além dos sectores tradicionais, que já mostraram ser particularmente resilientes mesmo em cenários de crise, há atividades de elevado valor acrescentado em que somos ou podemos vir a ser muito competitivos, como as energias, a aeronáutica, a mobilidade sustentável, as tecnologias de informação, a robótica, a inteligência artificial, a saúde/farmacêutica, entre outras.

Mudar o modelo económico reindustrializando o país é a chave para tirar Portugal da apagada e vil tristeza em que se afunda há pelo menos 25 anos.

Japão paga a empresas para reduzirem as importações chinesas

Assustador é o que se sabe hoje sobre a dependência que a maioria dos países têm em relação à China. A cadeia de produção de vários sectores económicos vitais está nas mãos dos chineses.

"Governos e diretores de multinacionais não esquecerão rapidamente uma lição assustadora: para vários produtos e componentes vitais eles dependem de um só país, a China", resumiu a revista britânica The Economist.

Depois de dois anos marcados pela guerra comercial e tecnológica entre Washington e Pequim, o início do surto na China interrompeu, primeiro, as cadeias de distribuição globais, com o encerramento de fábricas, portos e cidades inteiras no país asiático, e expôs, a seguir, a incapacidade de vários países de se autoabastecerem com equipamento médico crucial, à medida que a doença de alastrou além-fronteiras.

A ganância ocidental nem sempre é boa conselheira.

Partilhar riqueza sem a produzir não é sustentável

Lido por aqui - não sei se é mesmo a opinião de um economista chinês, mas traduz bem a realidade actual e o caminho que há anos vejo estar a ser trilhado (há anos que o digo, apenas com a nuance de que acrescento que será cíclico, como as marés):

Opinião de um professor chinês de economia, sobre a Europa:

1. A sociedade europeia está em vias de se auto-destruir. O seu modelo social é muito exigente em meios financeiros. Mas, ao mesmo tempo, os europeus não querem trabalhar. Vivem, portanto, bem acima dos seus meios, porque é preciso pagar estes sonhos ...

2. Os industriais Europeus deslocalizam-se porque não estão disponíveis para suportar o custo de trabalho na Europa, os seus impostos e taxas para financiar a sua assistência generalizada.

3. Portanto endividam-se, vivem a crédito. Mas os seus filhos não poderão pagar 'a conta'.

4. Os europeus destruíram, assim, a sua qualidade de vida empobrecendo. Votam orçamentos sempre deficitários. Estão asfixiados pela dívida e não poderão honrá-la.

5. Mas, para além de se endividar, têm outro vício: os seus governos 'sangram' os contribuintes. A Europa detém o recorde mundial da pressão fiscal. É um verdadeiro 'inferno fiscal' para aqueles que criam riqueza.

6. Não compreenderam que não se produz riqueza dividindo e partilhando, mas sim trabalhando. Porque quanto mais se reparte esta riqueza limitada menos há para cada um. Aqueles que produzem e criam empregos são punidos por impostos e taxas e aqueles que não trabalham são encorajados por ajudas. É uma inversão de valores.

7. Portanto, o seu sistema é perverso e vai implodir por esgotamento e sufocação. A deslocalização da sua capacidade produtiva provoca o abaixamento do seu nível de vida e o aumento do... da China!

8. Dentro de uma ou duas gerações, 'nós' (chineses) iremos ultrapassá-los. Eles tornar-se-ão os nossos pobres. Dar-lhes-emos
sacos de arroz...

9. Existe um outro cancro na Europa: existem funcionários a mais, um emprego em cada cinco. Estes funcionários são sedentos de dinheiro público, são de uma grande ineficácia, querem trabalhar o menos possível e apesar das inúmeras vantagens e direitos sociais, estão muitas vezes em greve. Mas os decisores acham que vale mais um funcionário ineficaz do que um desempregado...

10. (Os europeus) vão-se desintegrar diretos a um muro e a alta velocidade...

A Espanha compra e a China vende produtos falsos

O governo chinês diz que o governo espanhol comprou produtos a uma empresa chinesa que não consta da lista de empresas aprovadas. Os produtos para usar na detecção do coronavírus dão uma larga margem de resultados falsos.

Quer dizer o governo espanhol, burro ( se não houver por ali umas comissões) compra sem se certificar que a empresas chinesa é certificada ( então em produtos hospitalares é impensável) e o governo chinês deixa que uma empresa não certificada exporte.

Estão bem um para o outro.

E depois querem que se acredite nos números que o governo chinês anda por aí a vender. São tão bons que até já andam a ajudar a pobre da União Europeia que é conhecida por ter excesso de regulamentação no que à qualidade diz respeito.

Mas pronto a gente acredita que a China não escondeu que conhecia a existência do vírus desde Novembro.

Uma das ilações a retirar de tudo isto é que o Ocidente tem que arrepiar caminho na ganância de produzir a baixo custo produtos essenciais na sua cadeia de produção. Por uma questão de que " o barato pode ficar muito caro" e também por uma questão de ética. Estamos a ajudar a China a explorar o dumping social que pratica sem pudor.

É feio tirar partido de quem não pode defender-se por viver na miséria e num país que tem um governo ditatorial.