Como é possivel que a Ministra da Saúde e o 1o Ministro tenham perdido 8 meses sem negociar com a saúde privada um quadro de entendimento sério e equilibrado que permitisse aumentar a capacidade de resposta à pandemia?
Quanto às suas inclinações políticas, Marta Temido, que Costa recrutou como independente, assume que está “numa linha mais à esquerda — aliás, esquerdista é subtítulo que não me ofende“. Tanto assim é que, quando lhe chega a mostarda ao nariz, tem uma preferência musical inusitada:
Quando estou muito irritada, costumo ouvir o hino da CGTP-IN (Internacional Socialista). Cá está, esta é daquelas que não devia dizer, mas é a verdade”, apontou na entrevista.
E cá está a justificação para o ódio que tem ao sector privado da Saúde. É preciso dizer-lhe que enquanto ministra não pode prejudicar os doentes por razões ideológicas.
Marcelo diz que não esperava uma manifestação " a minha ideia do 1 de Maio era mais simbólica e restritiva e não desta dimensão e neste número".
Depois da discussão sobre a manifestação do 25 de Abril e da decisão em homenagear entre portas na Assembleia da República a mais importante data do nosso calendário, é difícil compreender a decisão da CGTP.
Na linha do pensamento do PCP ( coerente e que merece respeito) bem sabemos que o 25 de Abril não tem para os comunistas a mesma representatividade de outras datas. E foi isso que levou ao "avanço" da Alameda. Não vale a pena ser ingénuo.
E não, as críticas não são "perseguição" nenhuma porque a maioria do povo considera a data do 1 de maio uma data mais partidária e menos nacional . O que os comunistas conseguiram foi uma inversão de valores.
Como já escrevi o discurso da secretária geral da CGTP não deixa dúvidas a ninguém. "Quiseram calar-nos mas não nos calamos".
Os "avanços" dos comunistas têm sempre um horizonte político e não vale a pena fazer de conta que não percebemos.
Os velhos estão confinados à casa de família ou aos lares. São os mais dependentes de todos nós. Mas estão arredados da discussão pública.
Como sabemos, os principais focos de mortes por covid-19 são nos lares de terceira idade. Neste momento, muitos dos nossos velhos estão numa situação de quase-prisão sem direito a visitas. Quantos não estarão a perguntar se foram condenados a um resto de vida em solidão? Como acreditar que a sociedade se mobilizou para proteger os mais velhos se, na altura em que se discute o regresso à normalidade do país, os mais velhos nem uma nota de rodapé nas entrevistas aos governantes são?
E a questão, quer queiram quer não, é muito pertinente. Qual a razão para se abrirem excepções ? A resposta é clara. Porque há poder em quem beneficia dessa excepção e há cobardia no governo.
A CGTP perdeu uma grande oportunidade em mostrar que " não é mais igual do que qualquer outro". E percebe-se porque os seus simpatizantes estão tão zangados com a crítica legítima a que a sua secretária geral apelida de " perseguição ".
Pode custar caro ao PCP esta afronta ao povo. Encher a Alameda com gente munida de "guias de marcha" e assim viajar entre concelhos o que não é permitido ao resto da população.
Uma ocupação autorizada pelo Governo de António Costa durante a vigência do estado de emergência decretado por Marcelo Rebelo de Sousa e aprovado pela Assembleia da República. Uma afronta aos portugueses que, confinados em casa, perceberam que Orwell tinha razão quando afirmava que «todos somos iguais, mas alguns são mais iguais que outros». Por isso, enquanto a larga maioria dos cidadãos estava proibida de sair do concelho de residência, a CGTP dispunha do poder de passar «guias de marcha» de forma a garantir a ocupação geométrica da Alameda. Um desenho novo que os drones das transmissões televisivas se encarregaram de inscrever nos olhos e no cérebro dos portugueses. Um atestado de vida para aqueles que se continuam a considerar deserdados do abril totalitário com que tinham sonhado.
Em Bragança, o Conselho de Ministros descentralizado foi objecto de invasão por parte de Mário Nogueira e seus camaradas. Tal como fez com Passos Coelho e com Cavaco Silva este enquanto discursava como Presidente da República na Guarda.
António Costa e os seus ministros " saíram cobardemente pelas traseiras" segundo Nogueira que já ameaçou fazer o mesmo no próximo Conselho de Ministros em Castelo Branco.
A federação sindical exige a abertura de negociações para resolver problemas como a progressão na carreira, o envelhecimento dos profissionais, a precariedade e as condições de trabalho nas escolas.
A Fenprof acusa o Ministério da Educação de se recusar a "reunir, dialogar" e "abrir negociações das quais resultem as medidas necessárias à superação" destes problemas e alega que o ministro da Educação, "desde o início do seu novo mandato", se "limitou a convocar uma reunião, em 22 de janeiro, na qual reiterou indisponibilidade para o diálogo e para a abertura de processos negociais sobre matérias que não fossem por si decididas".
E, é assim, se não há dinheiro é preciso ir buscá-lo onde ele está.
A maior parte das promessas são isso mesmo, promessas .
A resposta de Arménio Carlos, que lidera a CGTP, é simples: o governo continua a pôr os números do défice à frente da vida das pessoas. E não há reposição de salários, aumento de pensões, recuperação de empregos ou descongelamento de carreiras que cheguem para pôr um sorriso na cara de quem esperava por nesta altura já ter subido alguns degraus no nível de vida, depois dos anos de contenção.
Março já foi muito agitado nas ruas, Abril vai ser pior.
Exigir ao governo que negoceie o plano estratégico com o Grupo alemão empresa privada . Afirmar que a fabrica não precisa de trabalhar aos sábados e apesar de pensar assim exigir aumentos de salários e outros benefícios . Como se a empresa não tenha concorrência e como se não haja milhares de profissionais que trabalhem não só aos sábados mas também aos domingos.
Pensamos logo nos hospitais, nos transportes e em todas as actividades que alem dos sábados e domingos trabalham a noite.
Em vez de tapar os olhos os sindicatos deviam estar a discutir como vão enfrentar a inevitável menor necessidade de trabalhadores num futuro próximo com a chegada em forca dos robots que farão grande parte das tarefas que são hoje asseguradas pelos trabalhadores menos qualificados. E não só na industria automóvel.
Esse futuro vem ai quer a CGTP queira quer não queira .
Um caso exemplar é Arménio Carlos, o secretário-geral da CGTP, que por vezes vive numa Idade Média do pensamento. Em Dezembro, recorde-se, escreveu no Público uma prosa em que defendia que "é altura de o Governo português assegurar as condições necessárias junto da multinacional para que a Autoeuropa seja parte integrante desta nova fase da estratégia produtiva (de carros eléctricos) da VW". Tudo em nome do "bem dos trabalhadores, do emprego e da economia do país". É um sentimento comovente, mas irrelevante.
A médio e a longo prazo não sei se estão a ver. Amarra-se o Grupo Alemão a uma estratégia que o obrigue a permanecer em Portugal, sejam quais forem as tropelias dos sindicatos, e temo-los na mão.
Deixamos de ter medo de deslocalizações, fica-se com a certeza que os investimentos continuam a fluir e a gestão do pessoal é a que se quiser ( a da CGTP claro está) . Berlim paga e nós mandamos.
Como é que não nos tínhamos lembrado disto ? Este Arménio Carlos é uma cabeça...
E como é que a óbvia inquietação do arrogante estalinista coincide com a decisão da administração avançar unilateralmente com o novo horário e com a falta de peças que fez parar a produção da fábrica ?
Numa fábrica com a capacidade de planeamento da AutoEuropa não faltam peças a não ser que sejam fabricadas num fornecedor que esteja nas mãos de um qualquer sindicato afecto à CGTP. O que não é o caso.
A fábrica de Palmela tem em Portugal 47 fornecedores e em todo o mundo cerca de 3 000. Alguém acredita que o planeamento exigido a tão elevado nível falhe ? Arménio também não acredita e reaje metendo o governo ao barulho .
Afinal o Grupo Alemão fecha a fábrica quando bem entende e se a produção não corresponder às necessidades planeadas fecha-a de vez.
E, para que no futuro a fábrica de Palmela fabrique carros eléctricos são necessários investimentos em equipamentos que o Grupo alemão só os fará se entender que é essa a melhor estratégia.
E, a certeza, é que não traçará a sua estratégia em parceria com o governo português e muito menos com os sindicatos.
Era só o que faltava . Coitados dos trabalhadores...
A verdadeira questão é derrubar o famoso "modelo alemão" que tão boas provas tem dado cá em Portugal e no mundo. Não é nada a defesa dos trabalhadores - dos mais bem pagos - nem o ambiente familiar. Se assim fosse o que diriam todos aqueles que passam uma vida a trabalhar aos fim de semana e à noite. Médicos, enfermeiros, bombeiros, polícias...
O efeminado e estalinista sindicalista da CGTP marimba-se para os trabalhadores que gozando as condições ímpares de que gozam precisam de tudo menos de quem coloque em risco essas condições.
E é preciso entender que a AutoEuropa ganhou o concurso interno no Grupo na base de um plano de produção conhecido dos representantes dos trabalhadores. Quebrar as regras a meio do jogo não é sério.
No futuro, infelizmente, vamos ver como é que a fábrica de Palmela trará para cá a produção de novos modelos de viaturas da marca. Nessa altura só os trabalhadores irão sentir as consequências da perda de credibilidade enquanto os sindicalistas continuarão a promover " greves históricas ".
Hoje há reunião no Ministério do Trabalho, o governo bem tentou que as partes resolvessem a questão porque para o governo nada de bom vai sobrar . O silêncio do governo está a fazer muito ruído e a administração da fábrica já indicou unilateralmente as condições em que vai avançar.
As encomendas não esperam e os clientes ainda menos . O tempo esgotou-se quer os sindicalistas ameacem ou não.
A Comissão de Trabalhadores que foi nomeada em voto secreto pelos trabalhadores faz pré-acordo com a administração da empresa mas depois em plenário, os mesmos trabalhadores tiram o tapete à Comissão que nomearam. Aqui há gato .
Ou melhor há a CGTP que quer ser a interlocutora da administração da segunda maior empresa exportadora do país e que representa 1% do PIB e que, além disso, assegura trabalho a mais de dois mil e quinhentos trabalhadores e a dezenas de empresas fornecedoras portuguesas.
Nunca a CGTP conseguiu este objectivo na AutoEuropa com a Comissão de trabalhadores chefiada por António Chora hoje deputado do BE . Mas a ausência de António Chora não explicará tudo. A chamada do PCP para o apoio parlamentar ao governo de António Costa explica bem mais esta temerosa intenção. E os resultados das recentes autárquicas explicam o resto.