Não dá para casar, diz o noivo, e assim acabou antes de começar o romance e o sonho do Bloco de Esquerda de ir para o altar, desculpem, para o governo.
O PCP e o BE serviram para António Costa salvar a face após a derrota eleitoral mas, como não há almoços grátis, os dois partidos da extrema esquerda estão a fazer-se pagar caros.
O governo toma medidas de curto prazo, vai gerindo o dia a dia para não desagradar aos parceiros parlamentares . Distribuindo poucochinho, 50 milhões para aumentar os funcionários públicos não dá para aumentar ninguém. Vai distribuindo pelas clientelas eleitorais e depois tira aumentado ou criando impostos indirectos.
Jerónimo, sem se rir, diz que é preciso outra política ( a do PCP, claro) e Catarina sozinha não chega para convencer Costa. Os eleitores agora já sabem o que antes não sabiam. O PS, vai juntar-se ao PSD de Rui Rio para implementar as medidas sem as quais o país vai ficar para trás. Não se casam mas vão viver em união de facto.
O primeiro sinal foi dado quando Centeno foi para Bruxelas. Por mais habilidade que Costa tenha não é possível estar em Lisboa com PC e BE e em Bruxelas com a União Europeia e a Zona Euro.
Sempre foi claro desde o principio. Quatro anos perdidos. Estamos onde estávamos em 2011.
Hoje conheci um jovem casal que anda há dois anos a correr para a Maternidade Alfredo da Costa . Querem filhos mas a jovem não consegue engravidar. Já foi operada no Hospital Pediátrico de D. Estefânia . Agora consta de uma lista de jovens mulheres que como ela não conseguem ser mães. O problema é que a lista é tão longa que lhe disseram que só daqui a dois anos será chamada para o tratamento que, apesar do estado comparticipar, custa 900 euros. À cabeça.
O tratamento é a chamada "inseminação artificial". A jovem tem trinta e três anos, daqui a dois anos o prazo começa a escassear . Vi-a ansiosa e revoltada. Se quisesse fazer um aborto era na hora ( mal ela sabe que há mulheres que abortam duas e três vezes no mesmo hospital público. Grátis). Não soube o que lhe dizer mas a verdade é que esta situação resulta das políticas públicas de saúde.
Os que privilegiam o aborto em detrimento dos nascimentos são os mesmos que andam preocupados com a queda da natalidade. E na fiscalidade aplicada às famílias nunca os filhos foram considerados. E não há creches suficientes nem escolas que os pais deviam poder escolher conforme as necessidades das famílias e não por serem públicas ou privadas.
De uma vez por todas, é necessário que a prioridade seja dada às famílias e não ao estado. Enquanto não for assim não venham culpar a falta de investimento público. É que sem a iniciativa dos privados, nesta e noutras áreas, não saímos desta apagada e vil tristeza.