Marcelo que fala demais embora verdade, disse hoje que meteu a lei do governo na gaveta à espera que os accionistas do BPI se entendessem. Primeiro veto de gaveta do presidente.
Mas António Costa que está em Paris ( para ver a exposição do pintor Amadeo Sousa Cardoso ) não resistiu à sua veia trapalhona e logo veio dizer que a lei se aplica a mais instituições financeiras, o que é verdade, mas não apaga o essencial. A lei foi feita para desatar o nó no BPI e empurrar Isabel dos Santos.
“Retivemos a lei à espera que houvesse acordo”, admitiu o Presidente, comentando que esta solução é a “possível” e não a desejável.
Apesar da relação clara entre a lei e o BPI, António Costa quis desfazer a ideia de que tivesse legislado à medida de um caso. Em Paris, o primeiro-ministro reagiu à promulgação do diploma negando qualquer relação entre a nova lei e o BPI.
O PCP acusa o governo de fazer uma lei à medida do BPI facilitando a OPA dos espanhóis o que concorre para a concentração da actividade bancária contrária ao interesse nacional.
Mas para o PCP, esta decisão do Executivo de António Costa insere-se "na estratégia da União Europeia e do BCE de concentração bancária, numa autêntica imposição contra os interesses nacionais". É uma intervenção que "visa facilitar a OPA" do CaixaBank ao BPI, lançada esta segunda-feira, sentenciou ao Negócios fonte oficial do partido.
Os comunistas dizem que "mais uma vez estamos perante um problema na banca privada não resolvido pelos seus accionistas, com consequências no sector financeiro na globalidade". Isso torna "mais visível o facto de a propriedade privada deste instrumento fundamental para o desenvolvimento económico e social do País, que é o sector bancário, estar nas mãos de grupos privados". O PCP defende que a banca seja nacionalizada.
É no que dá o estado imiscuir-se nos negócios privados. Em comunicado, foi dito aos mercados que o nó no BPI já estava desatado e o Presidente e o Primeiro Ministro deixaram que se instalasse a ideia que o acordo tinha sido obra sua . Mas agora Isabel dos Santos dá o dito por não dito e o governo tem que avançar com uma lei que muito irritará os angolanos.
Entretanto, os Catalães, accionistas do BPI já anunciaram uma OPA ao banco o que reduzirá em muito a posição de Isabel dos Santos mas, como a empresária joga em muitos tabuleiros ao mesmo tempo, alguma coisa irá sobrar para as relações Portugal/Angola.
Marcelo e Costa têm que perceber de vez que os negócios não se compadecem com boas intenções . E o cúmulo é que as razões apontadas para o desenlace nem sequer estão directamente ligadas ao problema em cima da mesa. Ingenuamente não esperavam a cobrança da factura .
Há vários bancos interessados - Santander, BBVA - mas o melhor posicionado é o BPI. Tem como accionistas de referência a Caixa (espanhola) e Isabel dos Santos ( angola). Já tentaram - BPI e BES - casamento há uns anos mas não consumaram. Parece que é agora e o resultado será o maior banco Português mesmo maior que a CGD e que o BCP. Com sorte pode ser que de uma ameaça se encontre uma oportunidade. É que se há coisa que o país não precisa é de mais um problema graúdo no sector financeiro.
Nesse processo, o BPI e o Novo Banco poderão fundir-se, dando origem a uma instituição com ativos superiores a 110 mil milhões de euros, ultrapassando mesmo a Caixa Geral de Depósitos. Essa hipótese agradará a Isabel dos Santos e concretizaria uma fusão que até já esteve em cima da mesa em 2000, quando um acordo entre os dois bancos previa que os acionistas do BES ficassem com 59% e os do BPI com 41% da estrutura da instituição que daí resultasse. Agora, a situação alterou-se e os pratos da balança são bem diferentes do que eram na altura, anota o Económico.
Segundo as mesmas fontes, para a accionista angolana do BPI, um cenário de fusão com o BES permitir-lhe-ia ter uma posição de referência no que seria o maior banco português, com activos superiores a 110 mil milhões de euros, acima da actual líder CGD (100 mil milhões) e do BCP (80 mil milhões). Porém, o BPI não é o único que tem estado em contactos com o BNP Paribas, o assessor financeiro que o Banco de Portugal encarregou de vender o Novo Banco. Também o Santander tem estado de olho no banco "bom" que resultou da resolução do antigo BES. O BBVA e o BIC são também vistos como potenciais interessados.