Descongelar a bomba
O aumento salarial deve alinhar com o aumento da produtividade e com a inflação. Por isso a discussão começa sempre à volta dos 2%. O problema é que depois com a progressão das carreiras o aumento da massa salarial ( não confundir com o aumento dos salários ) fica muito acima dos tais 2% .Nunca menos dos 5/6%. Ora isto é uma bomba ao retardador.
E como todos os anos se repete o mesmo processo o aumento é sempre efectuado sobre uma base já inflacionada. O resultado é que a despesa pública com a massa salarial é insustentável.
A CGTP já anda a falar num aumento de salários de 4% e o PCP em sede orçamental não abdica do descongelamento das carreiras. Para já o governo ( o tal que tinha acabado com a austeridade) respondeu que não tem dinheiro, não chega, tem só metade do necessário.
Entretanto, na Segurança Social, aos 600 milhões que Passos diz que faltam, o governo acrescenta-lhe mais 400 milhões com o arredondamento ( é feio chamar-lhe aumento) o que dá mil milhões .
Os médicos, enfermeiros e juízes protestam e querem aumentos de salários . Na Educação os professores manifestam-se ( por andará o Nogueira?). São os sectores que não estão enquadrados pela CGTP.
E os serviços públicos degradam-se visivelmente com as cativações. Acabou a austeridade ? É que os cortes efectuados no tempo da Troika ainda permanecem apesar do governo nos andar a vender que "temos o maior crescimento do século ".
Quem semeia meias verdades colhe ambições desmesuradas. Morre do próprio veneno.