Para a extrema-direita, as esquerdas ter-se-ão dado conta de que a UE, com todas as suas limitações, que durante muito tempo foram razão suficiente para algumas dessas esquerdas serem anti-europeístas, é hoje uma força de resistência contra a onda reaccionária que avassala o mundo.
Não se pode esperar da UE muito mais do que a defesa da democracia liberal, mas esta corre mais riscos de morrer democraticamente sem a UE do que com a UE. E as esquerdas sabem por experiência que serão as primeiras vítimas de qualquer regime autoritário. Talvez se lembrem de que as diferenças entre elas sempre pareceram mais importantes quando vistas do interior das forças de esquerda do que quando vistas pelos seus adversários. Por mais que socialistas e comunistas se digladiassem no período pós-Primeira Guerra, Hitler, quando chegou ao poder, não viu entre eles diferenças que merecessem diferente tratamento. Liquidou-os a todos.
O Bloco de Esquerda e muitos dos seus camaradas das ruínas socialistas, sobretudo os que trabalham no Centro de Estudos Sociais na Universidade de Coimbra, passaram anos a defender e a elogiar o regime chavista na Venezuela. A Venezuela de Chávez simbolizava a resistência ao “imperialismo” norte-americano. Lembro-me muito bem como as nossas esquerdas, durante a primeira década deste século, não perdiam uma oportunidade para elogiar Chávez e atacar George W. Bush.
O “chavismo” também era visto como um modelo para países europeus como Espanha e Portugal. Era o socialismo do século XXI. E a verdade é que há mesmo socialismo na Venezuela.
Boaventura Sousa Santos faz aqui a acusação habitual nele. O culpado pela fome na Venezuela são os Estados Unidos. O povo venezuelano morre na rua às mãos da polícia e do exército porque se deixa manipular pelas grandes multinacionais.
O que Boaventura não diz é que a "revolução Boliviana" não conseguiu criar uma classe média culta, a pensar pela sua cabeça e economicamente independente do estado. Como não conseguiram o Brasil ( apesar dos seus 40 milhões de pobres retirados à pobresa), Angola, as ex-repúblicas soviéticas ( que esperam a entrada na UE para assim sairem da miséria ) Cuba e todos os que excomungaram a economia social de mercado.
Dependentes de uma mono cultura ( o petróleo) logo que os preços começaram a baixar, os venezuelanos acordaram para a realidade. O país não é capaz de alimentar o seu povo. E são os americanos que têm culpa de o estado venezuelano querer manter em cativeiro a população, mantendo-a na dependência dos rendimentos do petróleo ? Com o estado a controlar com mão férrea a liberdade de pensar e de empreender do povo ?
Se o que estamos a ver na Venezuela não fosse visto em mais lado nenhum ainda o Prof. Boaventura teria a sua razão. Mas assim...
Eu sou capaz de ajudar a Grécia mas não o Syriza. Para o Prof. Boaventura são a mesma coisa mas para mim nem por isso.. Sendo assim não sei para onde hei-de mandar o dinheiro. Para Coimbra nem pensar que a solidariedade do professor faz-se sempre com o dinheiro dos outros.
Talvez enviar directamente a minha solidariedade para os credores da Grécia até porque o professor está a banhos numa das ilhas helénicas. Aliás, o professor está sempre a escrever lá de longe, convidado para palestras onde dá as soluções para este mundo ignaro que não aproveita.
A Grécia a par de vários países sul americanos, liderados pelas soluções definitivas do Prof. Boaventura, são a esperança. De quê ? Ai, isso não sei.
Valores Ocidentais que São Boaventura quer destruir mas que aqui serviriam para poupar a vida a quem matou . Somos nós os contribuintes que pagamos o seu centro de observação, reflexão e análise. E, bem entendido, as contradições...
Do alto do seu observatório pago por todos nós, Boaventura dos Santos, cândidamente, aponta a substituição de Cândida Almeida como "elemento de perturbação". Os amigos, mesmo quando "observadores" são para as ocasiões, não vá as "perturbações" perturbar com uma qualquer substituição o seu observatório.
"Tenho a impressão de que vamos assistir a mais uma surpresa", diz o investigador, qualificando a própria nomeação de Joana Marques Vidal de "uma surpresa para muitos portugueses".