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BandaLarga

as autoestradas da informação

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Um governo atolado no negócio das barragens

Num país decente o governo só não se demitia porque o país está no meio duma pandemia. O ministro não tem outra saída. Processos e nomes envolvidos nos negócios de uma empresa envolta em nevoeiro.

As três barragens do Douro Internacional valem hoje muito mais: 13 vezes mais no caso de Miranda do Douro (de 29,5 milhões para 390 milhões de euros), 33 vezes mais no que diz respeito à barragem de Picote (de 21 milhões para 689 milhões) e 23 vezes mais na Bemposta (de 27,3 milhões para 643 milhões), de acordo com a análise da APA de julho.

Uma avaliação inflacionada que, na visão da diretora de recursos Hídricos da APA, que assina o parecer em questão, seria suficiente para travar a venda à francesa Engie, o que não aconteceu. O negócio acabou por avançar no final de 2020 precisamente com luz verde da APA e da REN.

“Esta é uma questão que não pode deixar de ser muito preocupante e que obriga a uma avaliação jurídica e económica aprofundada, avaliando também a necessidade de se dar conhecimento ao Ministério Público“.

Estes três aproveitamentos hídricos do Douro Internacional estão neste momento ainda associados a processos judiciais em curso, tanto a nível nacional e comunitário, precisamente face ao valor definido para o equilíbrio económico e financeiro, na sequência da prorrogação dos prazos.

Este foi um dos principais entraves identificados pelo parecer da Agência Portuguesa do Ambiente de 30 julho de 2020 para que não avançasse a venda das seis barragens do Douro pela EDP à Engie. Por esta razão, a diretora de recursos Hídricos da APA concluiu na altura que “não estavam reunidas as condições para autorizar as transmissões dos aproveitamentos hídricos” e pedia “um parecer jurídico” que avaliasse se ficava “garantido o interesse público com a transmissão de cada uma” dessas concessões.

A EDP com o PS no governo é um Estado dentro do Estado

A EDP quer vender seis barragens no rio Douro aos franceses da ENGIE . Para isso montou um esquema fiscal com vista a fugir ao pagamento do Imposto de Selo no montante de 110 milhões de euros.

A bacia hidrográfica do Douro é a mais importante pela quantidade de água e pela capacidade de produzir energia .  A EDP é desde 1954 a concessionária das barragens no lado português. Se o negócio se fizer o rio Douro fica na posse dos espanhóis no lado de lá e dos franceses no lado de cá.

Mas o que é verdadeiramente estratégico é que a Gestão da água em Portugal passa pelo transporte de água em transvases do rio Douro para o Rio Mondego e para o projecto "Alqueva do Rio Tejo ". Com os franceses a gerir a bacia do rio Douro não há gestão estratégica nenhuma com manifesto prejuízo para o interesse nacional.

O governo pela voz do ministro do ambiente já veio dizer que não se mete em negócios entre privados como se o interesse nacional não estivesse em jogo. E no Plano de Investimentos com o dinheiro de Bruxelas não consta que o governo se preocupe com tudo isto.

No governo de Sócrates o ministro Manuel Pinho, agora arguido no processo EDP, prolongou a concessão das barragens até 2030, mas foi à EDP não foi aos franceses de ENGIE.

Isto é uma farturinha !

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Pior do que evaporar a ideologia cega

Até o Público já percebeu que a tipa é uma besta.

“Se não existissem barragens, a água que nelas é armazenada seguiria o seu curso em direcção ao mar, ‘perdendo-se’ tanto quanto se ‘perde’ a água que se evapora, pois toda ela reentra de novo no ciclo atrás descrito, embora em pontos diferentes. Esta noção de ‘perda’ tem apenas a ver com a perda de oportunidade de utilizar essa água para os diversos fins tão caros à humanidade, e que as albufeiras criadas pelas barragens proporcionam: produzir energia limpa, fornecer água de qualidade às populações, regar para produzir alimentos, fornecer água à indústria, e por aí fora”.

Leiam, leiam. Mas note-se: se essa albufeira não existir, todo o volume de água armazenado perder-se-ia no sentido económico do termo, pois correria direitinho para o mar”.

Há razões para o interior estar abandonado

Para os partidos não tem eleitores para os privados não tem mercado. Está mais que explicado.

Agora que partimos praticamente do zero é possível reconstruir na óptica da criação de riqueza e da fixação de pessoas.

Ainda há pouco tempo estive novamente na casa de um amigo numa aldeia perdida na Beira Baixa. A sua casa faz parte de uma quinta cheia de matizes de verde. Vinha, oliveira, árvores de fruto, tudo cercado por eucaliptos e pinhais. A terra é diferente, Zé ? É igual só que a minha é trabalhada.

Sempre tivemos défice alimentar, o que produzimos não é suficiente para nos alimentarmos. Há séculos que andamos a pagar os salários dos agricultores dos países de onde importamos os bens.

António Costa já falou mais do que uma vez na construção de pequenas e médias barragens para o regadio de terras no interior. O país reagiu ? Ouviu ? Discutiu ? O mesmo com a descentralização. Em Portugal o que não interessa aos negócios dos instalados à sombra do estado em Lisboa morre na espuma dos dias.

Andamos trinta anos ou mais para construir a Barragem do Alqueva. Hoje temos lá 120 mil hectares de regadio e preparam-se mais quarenta mil. O Alentejo seco e de cor da palha mudou para verde.

Claro que há sempre quem esteja procupado com os lobos e os morcegos e menos com os homens e mulheres que são obrigados a abandonarem as suas terras.