Sem investimento produtivo vamos continuar a ter uma economia baseada no Turismo e em sectores de baixa proodutividade e baixos salários.
Interessa recordar mais uma vez que os 25 185 milhões de fundos europeus atribuídos a Portugal pela UE no quadro plurianual 2014/2020 – o chamado “Portugal 2020” – não resolveram os graves problemas de falta de investimento de que o país necessitava para se modernizar”, diz o economista, referindo ainda que “o crescimento económico nos últimos anos baseou-se em pouco investimento mas mais trabalhadores, mas com menos produtividade, e em baixos salários de setores de baixa tecnologia como é o turismo. A continuar isto, não sairemos do círculo vicioso de atraso em que o país tem vivido. E não serão megaprojetos como o hidrogénio verde e o TGV , etc., que agora estão na moda, à semelhança da febre de autoestradas e estádios de futebol no passado, que farão sair o país do estado de atraso em que se encontra”,
Não há uma única medida dirigida às empresas e, enquanto for assim, a economia não cresce e os baixos salários e baixas pensões continuarão a ser uma indignidade.
Os rendimentos têm "a ver com a dignidade das pessoas e a maneira como nós tratamos as pessoas", bem como "com os valores base do país e aquilo que o país pode aguentar no futuro".
"Se nós elevarmos a fasquia de quem está cá em baixo, eu tenho a certeza absoluta que a dita resiliência, resistência, capacidade de aguentar quando a próxima crise vier, virá", asseverou.
Não há uma única medida que seja dedicada às empresas. Há muito apoio social, e bem, de preservação do emprego, mas não o emprego através das empresas, que mostraram muita resiliência nesta crise", disse António Saraiva.
Considerou mesmo "quase ofensivo" que o primeiro-ministro diga que a única medida para as empresas seja a de não existir qualquer aumento de impostos.
Têm de ser instrumentos de garantia de um tipo de vida, de dignidade de vida e de capacidade de sobrevivência, que tem que ser mais do que sobrevivência para as pessoas", defendeu.
Não obstante, a economista refere que em termos de aumentos, em Portugal, "tudo tem de ser feito com bom senso e de acordo com a nossa realidade", uma vez que "não vamos passar a ser a Suíça".
E enquanto não criarmos mais riqueza não passamos do poucochinho. Há vinte anos que não crescemos. Chega e não se queixem.
A economia, o País, necessita, urgente, de um choque fiscal. Ou se muda estruturalmente o perfil da economia - reindustrializar, inovação tecnológica, exportação de saúde e conhecimento, desendividamento, recapitalizaçao das empresas - ou, para voltar tudo ao mesmo - turismo e economia de baixos salários e precariedade dos tuk-tuck, alojamento local - gastando, pelo caminho, milhares de milhões de euros é algo idiota, pouco ambicioso e ajuizado... E isso é o que Costa, Centeno e Marcelo querem: “voltar ao mesmo”.
Como mudar de vida?
Primeiro apoiar, no imediato, a liquidez das empresas, apoiando salários e circuitos de pagamentos. Eliminar, por dois anos, todos impostos com características de pagamentos por conta, impor planos fiscais de recapitalizaçao, incentivos à constituição de provisões, alargamento de reportes de prejuizos em sede de IRC, apoios fiscais às prestações suplementares de accionista e sócios de empresas.
Segundo, o choque fiscal, este sim, a componente estrutural: recuperar o crédito fiscal ao Investimento lançado em 2013, baixar, em dois anos, a taxa nominal de IRC para os 16%, cortar - por um período de três anos - três pontos à TSU paga pelas empresas, de forma indirecta, industriais. Incentivos à captação de capital estrangeiro - vistos dourados mais sofisticados e dirigidos - e tratamento fiscal favorável ao capital bancário e financeiro importado.
Agora... gastar milhares de milhões de euros, levar a banca ao limiar da bancarrota para... “voltar ao mesmo”?
PS. Em bom rigor, Costa, Centeno e Marcelo nunca tiveram uma ideia para a economia. Entre 2016 e 2020 sentaram-se nas cadeirinhas e o turismo - algo que já vinha de 2013 - fêz o resto. Foi isto.
Centeno anda a tentar captar investimento com o argumento que os trabalhadores portugueses são baratos e os que mais trabalham na Europa. Nós que vimos par aí tanta gente a criticar que a economia assente em baixos salários ficamos esclarecidos mas surpreendidos. É que as vozes que se arranhavam agora estão mudas. Aliás, não vêem, não ouvem e não falam.
"O salário mediano em Portugal é um terço do francês. Esta diferenciação salarial não existe em mais nenhuma área monetária; nos Estados Unidos a dispersão salarial máxima é entre Mississippi e Boston, Massachusetts, e é um rácio de dois terços."
E rematou, dizendo que "os portugueses são, de todos os trabalhadores da Europa, os que trabalham mais horas. Trabalhamos mais 25% de horas do que os noruegueses, do que os alemães. Somos, em número de horas de trabalho, concorrentes com o Japão e os EUA".
Para Mário Centeno, esta "é a força que temos de aproveitar no momento em que colocamos decisões de investimento em cima da mesa".