Se mais não fosse os rankings mostram que há escolas que estão ano após ano bem classificadas e outras mal classificadas. Se há distorções há tempo de sobra para corrigir . Importa pouco manifestações de crítica quando não há nenhuma espécie de colaboração para melhorar.
A mais simples e evidente é dar mais autonomia às escolas bem classificadas, premiando-as com mais responsabilidade de dirigentes, professores e pais. Já para as mal classificadas é preciso reforçar os recursos atribuídos .
E as medidas são tão reconhecidas que a própria Frenprof há muito as exige. Nas matérias onde a matéria dada levanta sérias dificuldades, colocar dois professores, um a dar a aula e o outro a acompanhar de perto. Chamando a atenção para erros, dificuldades de apreensão e colaborando com o professor principal . Jovens professores que também obtinham uma melhor compreensão das dificuldades sentidas.
É assim tão caro ou é mais fácil continuar a centralizar na co-governação entre o ministério da educação e os sindicatos e nada fazendo para ajudar os alunos e professores em dificuldade ?
E, há muitas mais medidas desde a estabilidade do quadro de professores à proximidade com a municipalização. Um mundo de medidas que uma leitura não ideológica dos rankings proporciona.
Não é possível mudar para melhor o que não se conhece.
Tal como o PCP está contra a municipalização das escolas também o BE está contra a autonomia. Percebe-se, controlar a partir do ministério da Educação e da Frenprof é a ideia. Sempre o estado a controlar tudo e todos.
Sem apontar um número exato de alunos por turma, o Bloco defendeu sempre que o governo devia fazer um investimento em recursos e professores que permitisse diminuir as turmas no próximo ano letivo. O BE entende que o ensino presencial deve sobrepor-se ao à distância, que na sua ótica, agrava as desigualdades sociais e é prejudicial aos alunos desfavorecidos.
O PS manifestou-se contra esta intenção do BE, defendendo que deveriam ser as escolas as medidas para garantir as segurança dos seus alunos no regresso às aulas. No debate do projeto, Porfírio Silva, defendeu que as escolas tenham autonomia nesta matéria e que não se antecipe "um padrão nacional"
Por negociação entre pessoas que se conhecem e que concordam com os objectivos e processos escolares, retirando do circo anual de colocação dos professores a sorte e o azar.
Parece-me, pois, que seria importante mudar a forma de contratação dos professores. A autonomia deveria permitir às escolas seleccionar aqueles docentes cujas características, qualidades e experiência melhor se adequassem ao seu projecto educativo, como, de resto, acontece com quase todas as organizações, incluindo da Administração Pública. E, claro, exemplos de dedicação como o de Joaquim Sousa devem ser enaltecidos e incentivados, devidamente reconhecidos. ( professor da escola de Curral das Freiras na Madeira).
A municipalização das escolas em curso embora sendo fortemente criticada pelos sindicatos centralistas, deixa de fora essa possibilidade, cortando muitas das mais valias que a autonomia poderia acrescentar.
Mas o circo anual do concurso de colocação de professores dá para muitas manifestações e exigências. O bem dos alunos e dos professores logo se vê.
Só os sindicatos não estão interessados mas sem a descentralização da colocação dos professores sofrem os professores e sofrem os alunos. A autonomia das escolas passa também por aí.
Uma pessoa que não se identifica com a orientação educativa do estabelecimento de ensino que lhe calhou no concurso nacional de professores, que não se revê nos seus princípios, nos seus valores, nas estratégias adoptadas, dificilmente será um profissional totalmente comprometido e empenhado.
Parece-me, pois, que seria importante mudar a forma de contratação dos professores. A autonomia deveria permitir às escolas seleccionar aqueles docentes cujas características, qualidades e experiência melhor se adequassem ao seu projecto educativo, como, de resto, acontece com quase todas as organizações, incluindo da Administração Pública. E, claro, exemplos de dedicação como o de Joaquim Sousa devem ser enaltecidos e incentivados, devidamente reconhecidos.
A professora veio dizer que esteve 22 anos na escola de Ansão e que agora, mercê de um sistema centralizado, sindicalizado e cego de colocação dos professores, foi colocada a 200 kms de distância.
Não pediu nada, foi com tristeza que recebeu a notícia. Os seus alunos acompanham-na nessa tristeza.
Uma escola autónoma e de proximidade teria a possibilidade de renovar o contrato com esta professora . Director, colegas, alunos, população é o que desejam e facilmente chegariam a em consenso.
Há centenas se não milhares de professores nestas circunstâncias que desejam ficar na escola onde leccionam há anos e onde são felizes. E com o evoluir dos anos até poderiam tomar a decisão de mudar de residência com a entrada definitiva no quadro de professores da escola.
Ao fim de algum tempo restaria uma parcela marginal de professores que teria de ser colocada centralmente e assim poríamos fim a este circo anual da colocação de professores que, com as malas às costas, maldizem o seu destino.
Basta o querer político e sindical porque o presente sistema só interessa aos sindicatos para fazerem de cada inicio do ano lectivo uma feira e, aos burocratas do ministério, para não abandonarem a sua zona de conforto.
Autonomia e proximidade eis o que falta à escola pública para responder melhor às necessidades de professores de alunos.
A descentralização no país mais centralizado da Europa é a mãe de todas as reformas . Todos os políticos ( com excepção do PCP e do BE centralizadores) dizem que descentralizam mas nunca o fizeram.
Descentralizar competências e os meios necessários é, na cabeça destes estadistas, perder poder . Não lhes interessa a proximidade que os municípios têm aos problemas conhecendo-os como ninguém e que por isso podem responder mais eficazmente .
António Costa já se referiu duas ou três vezes ao problema mas não se conhece ressonância na sociedade e na classe política, todos dizem que estão de acordo mas no momento de avançar ficam mudos e quietos.
Aqui está uma boa alternativa para o PSD de Rui Rio apresentar a este governo centralizador. Maior autonomia às regiões e aos municípios, maior proximidade, mais competência e maior responsabilidade.
Em causa está o pacote legislativo relativo à passagem de competências para o nível metropolitano em Lisboa e Porto (de que são exemplo os transportes), mas sobretudo para as autarquias, em áreas que vão da gestão das praias à educação, das áreas sociais às estradas que atravessam as zonas urbanas. Na Assembleia da República está a Lei-Quadro da descentralização e há depois 23 diplomas sectoriais e uma proposta de alteração da Lei das Finanças Locais a serem discutidos com a Associação Nacional de Municípios Portugueses.
Há quanto tempo se fala no reforço da autonomia na escola ? Portugal é dos países onde é mais diminuta a autonomia escolar. Reforçar a descentralização e a proximidade com os alunos e com as particularidades de cada escola.
O progresso demora sempre tempo mas chega sempre sejam quais forem as forças que se lhe opõem. A Frenprof já anda a ameaçar com manifestações pois a autonomia escolar e a descentralização enfraquecem o seu poder junto do ministério centralizador.
Tal como na reforma curricular finlandesa, o Ministério da Educação pretende que os professores portugueses se organizem entre si e, por alguns períodos do ano lectivo, leccionem as suas matérias em conjunto sob forma de temas multidisciplinares. Por exemplo, passará a ser possível aprender matérias relacionadas com física, matemática, português, geografia, cidadania e história a partir do tema “Aquecimento Global”, cuja abordagem permite tal multidisciplinaridade.
Ainda como aconteceu no sistema educativo finlandês, apostou-se na inovação pedagógica e na atribuição de autonomia às escolas para tomar decisões, em função dos alunos matriculados e das suas necessidades. Isto tudo com a óbvia distinção de a Finlândia ter já um sistema educativo bastante descentralizado e, no caso português, este aumento de autonomia representar uma (boa) novidade.
Tanto na Finlândia como em Portugal, estes processos de flexibilização pedagógica e curricular iniciaram-se com a identificação das competências e do conhecimento que mais falta farão aos alunos na sua vida adulta. E, em ambos os casos, foram apresentados debaixo desse objectivo. Mesmo que, do que se conhece, esse processo tenha sido mais exaustivo e completo na Finlândia, onde incluiu vários “estudos de antecipação”, a partir dos quais as autoridades finlandesas tentaram compreender o que o futuro lhes reserva em cada área.
Se adotássemos o excelente sistema finlandês o resultado poderia ser catastrófico. Não por razões culturais, mas porque não há bom sistema que resista a uma máquina burocrática centralizadora e à desmotivação ou falta de vocação de professores. Quanto à primeira, defendo uma crescente autonomia das escolas. Mas é em relação aos professores que a mudança é mais urgente. A solução não é avaliar de forma severa quem está a dar aulas. Isso é trancar a porta quando a casa já foi roubada. É na entrada que tudo se decide. Na Finlândia, é mais difícil entrar na formação de professores do ensino básico do que em Medicina ou Direito. É uma pescadinha de rabo na boca. Como é difícil chegar a professor só os melhores conseguem e a profissão ganha estatuto social. A sociedade confia nos professores e eles ganham autonomia, tornando a profissão atrativa e levando os melhores a querem ser professores, o que torna a seleção mais apertada. Em Portugal, temos de quebrar outro ciclo vicioso: o desprestígio da profissão cria desalento e torna a docência pouco atrativa, levando a sociedade a não confiar nos professores e a burocracia a tutelar a sua atividade, o que leva os melhores a quererem outro rumo .
Mais autonomia para os hospitais e centros de saúde e menos poder para as administrações regionais de saúde. Há vinte anos arranjei um problema com um ministro de quem muito gosto por lhe ter dito isto mesmo.
A descentralização é a reforma das reformas do estado. Mais autonomia para os hospitais e centros de saúde e na Educação para as escolas. Com a centralização estatal nascem os níveis intermédios que empurram os problemas para baixo e as decisões para cima. Um peso que custa muito dinheiro e que é a cara da burocracia.
Mas não vale a pena ter razão antes do tempo. Só vinte anos depois se está a avançar para a autonomia das unidades de base e de proximidade.
A centralização é isto, é estar de pernas para o ar. A Educação é um bom exemplo. Mudar a partir das escolas para o topo. Mas para isso é preciso que as escolas tenham autonomia e os professores mais responsabilidades. Como diz aqui o Prof Marçal Grilo :
Já devia ter dado. Nós estamos à espera desse salto há muitos anos! Mas vai ter de acontecer, não basta modificar a sala de aula, mas também a metodologia da sala de aula e o trabalho dos estudantes, articulado com as novas tecnologias. A maneira como se trabalha tem de mudar.
Esse salto vai ser dado quando o Ministério da Educação disser: “Meus senhores, agora vamos trabalhar de maneira diferente”? Não, isso vai depender de escola para escola e esse salto vai ser dado de baixo para cima.
Não está a ser optimista? A minha ideia é que se dermos às escolas um maior grau de autonomia, de responsabilização da escola e dos professores individualmente, estou convencido de que temos suficientes casos pela Europa, e mesmo em Portugal, que mostram que a mudança se faz de baixo para cima.