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BandaLarga

as autoestradas da informação

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Não nos falta nada

Em França já estão a ser experimentadas pisos de autoestradas que transformam a energia solar em energia eléctrica. Sol e autoestradas é o que temos mais.

Já cobrimos extensos campos agrícolas com painéis solares no Alentejo e telhados em moradias solarengas ( cuidado que com o novo imposto sobre o sol...) e temos uma indústria que responde. Não há dúvida que temos tudo é só preciso que o estado, como faz habitualmente, não mate a indústria com mais impostos e mais burocracia.

Já no mês passado a Tesla Motors apresentou telhas equipadas com energia fotovoltaica, numa parceria com a SolarCity, empresa igualmente detida por Elon Musk.

As novas telhas de revestimento e a bateria fazem parte de um plano de Musk para salvar o mundo através da energia sustentável, sublinha a Wired. A Tesla está a conceber os novos produtos com a SolarCity e espera convencer os seus accionistas de que o casamento das duas empresas é uma boa aposta.

Só falta a Tesla escolher o nosso país para construir a gigafábrica para produzir automóveis eléctricos.

A obra pública é precária por natureza

Grande parte do desemprego existente teve origem na obra pública - construção civil- modelo que vigorou nos últimos 15 anos. Ou as auto-estradas prosseguiam ou o desemprego era inevitável. Nada nem ninguém pode mudar isto. Completamente insustentável.

O primeiro-ministro referiu que "a estimativa é que pelo menos um terço do desemprego gerado tenha tido proveniência neste setor em termos diretos", ao qual se soma outro de atividades afetas: "E a área dos serviços, de um modo geral, representou mais de 30% também do desemprego gerado durante esse período".

"Nunca teremos dinheiro para poder financiar este tipo de atividade ao nível que ela registou durante mais de 15 anos.

Quem engana quem ?

 

Autoestradas temos a mais, estradas temos a menos

Mira Amaral diz o que é óbvio mas que é importante dizer :

 "O país nos últimos anos investiu muito em auto-estradas mas ainda falta fazer nas cidades estradas de ligação a essas auto-estradas".

"As finanças públicas não estão em situação famosa. O Governo precisa de fundos comunitários para fazer estas coisas, mas está com dificuldade em Bruxelas porque Bruxelas responde que já temos demasiadas auto-estradas. O Governo tem de explicar que ainda faltam algumas vias",

O ex-governante apontou como exemplo o concelho da Trofa, defendendo "uma via de comunicação rápida" que tire aquela localidade do "estrangulamento" que "todos sentem".

"O que é que serve ao país ter magníficas auto-estradas quando é difícil sairmos da Trofa para (...) os portos e aeroportos, no fundo aqueles sítios de escoamento da produção de bens e serviços que felizmente a Trofa tem?

Autoestrada demasiado cara e boa para o país que a construiu

No caso o jornal refere-se à A22 no Algarve . Sem carros ( os condutores não têm dinheiro para pagar ) o país voltou aos anos 70 utilizando a velha estrada nacional, hoje pejada de carros em filas intermináveis. De outra maneira: de como Portugal se encolhe, retrocede e como de repente carece dos meios suficientes", entre outras coisas, para manter os seus investimentos, "para que funcione o seu próprio motor". Do lado de cá da fronteira o turismo ressente-se perdendo cerca de 30 milhões de euros enquanto do outro lado da fronteira perde 20 milhões. O investimento que devia ser impulsionador da actividade económica é uma barreira. O pior é que há disto um pouco por todo o país.

Não há emprego mais precário que a obra pública

No primeiro trimestre deste ano recuperaram-se, na construção civil, 17 000 postos de trabalho dos 315 000 perdidos ( 30 a 40% do total perdido). Durante anos o país andou a sustentar emprego virtual pedindo dinheiro emprestado para construir auto-estradas e rotundas desnecessárias. E fomos construindo auto-estradas até chegarmos ao primeiro lugar de quilómetros de auto-estrada por habitante. Como este investimento não tem retorno a curto e a médio prazo chegou uma altura em que os credores deixaram de nos emprestar mais dinheiro. O país já não tinha capacidade de pagar o que devia.

Para orientar a economia para a produção de bens transaccionáveis e exportáveis houve que redireccionar os meios financeiros e humanos. O emprego da construção civil , os tais 315 000 perderam-se assim. Fosse quem fosse a governar, o ajustamento passaria sempre pelo desemprego na construção civil e em grande parte das empresas a montante e a jusante da actividade. Uma parte destes desempregados foram absorvidos pela emigração e pelos mercados estrangeiros conquistados pelas empresas de construção civil ( Angola, Algéria, Colômbia, Venezuela...)

Com a recuperação do mercado interno que se está a verificar uma parte dessa mão de obra volta a ter trabalho. Construção de fábricas, armazéns e a reabilitação dos centros históricos das cidades. E nas ferrovias e na logística dos portos marítimos. Mas a grande maioria nunca mais vai voltar a trabalhar na construção civil em Portugal. Brasileiros, portugueses, romenos rumam ao Brasil para as obras do Mundial de Futebol e dos Jogos Olímpicos em 2016. Depois ficam no desemprego e rumam a outras paragens. Onde houver obra pública precária...

As portagens nas autoestradas

Cerca de 50% do tráfego automóvel fugiu das autoestradas logo após a implementação das portagens. Os carros voltaram para as antigas estradas onde não há portagens. Ora, isto é limpinho. Os automobilistas entre andarem na autoestrada a pagar e andarem nas estradas sem pagar preferem não pagar. Há que resolver esta equação. Há que encontrar, em cada autoestrada, o pagamento que o automobilista aceite pagar. 

  É, assim, com todos os produtos e serviços. Como está é que não resolve problema nenhum.

Claro que, o estado, vai sempre  ter que pagar uma parte a que corresponde o custo do serviço que o automobilista não quer pagar. Por exemplo, o custo da portagem é mais alto porque o investimento e o custo da manutenção são maiores porque existem quatro fachas de rodagem .Ora, a esse custo, não corresponde nenhum serviço ou vantagem que o automobilista queira pagar.

Dito de  outra forma: os erros de investimento têm que ser suportados por quem os cometeu. O estado!

É melhor resolverem rapidamente a questão não vá os automobilistas habituarem-se e, depois, nem a portagem barata os convence.

O país "pacóvio" das autoestradas

Temos uma rede densa de autoestradas como mais ninguém. Leiam a OCDE : Estradas: densas e caras

A rede de auto-estrada é agora mais de seis vezes mais extensa do que era em 1990. Indicadores de cobertura são elevadas para os padrões da UE, tanto em termos per capita como por quilómetro quadrado. De acordo com dados do Eurostat, em 2010, Portugal tinha 0,26 km de auto-estrada por 1000 habitantes, contra 0,03 em 1990 e uma média de 0,12 km na União Europeia. Os gastos com a manutenção da infra-estrutura rodoviária em percentagem do PIB é em Portugal 25% acima da média da OCDE. No quadro da renegociação das concessões  das auto-estradas, a OCDE chama a atenção para as responsabilidades acrescidas que foram transferidas para a Estradas de Portugal, referindo que é "necessário um modelo sustentável que permita um financiamento suficiente desta empresa estatal para evitar problemas futuros de qualidade do serviço".

Os que viam as autoestradas cheias de carros nunca se perguntaram quem é que pagava. Face às autoestradas desertas, perceberam agora.

Nos túneis do Marão não há "tostão"

Temos as autoestradas que já perderam cerca de 50% do tráfego automóvel que regressou às antigas estradas nacionais. Isto tem um significado que não admite dúvidas. Nem o estado tem dinheiro para as manter nem os Portugueses precisam delas . Mas há uma situação ainda pior ( se pode haver pior). São as autoestradas que foram interrompidas algures no meio de nenhures, na planície alentejana ou em pleno pinhal. Ou os túneis do Marão.

O mesmo governo que andava a negociar os PEC l, ll, lll e lV e que acabou por assinar o memorando com a Troika andava, ao mesmo tempo, a lançar obras públicas que sabia não ter dinheiro para pagar . Claro, que não havendo dinheiro o empreiteiro abandona a obra e pede as indemnizações previstas no caderno de encargos. E, o estado, que não tem dinheiro para fazer obra tem que o arranjar para pagar indemnizações que os juros são altos e as penalizações por quebra de contrato elevadas.

Quem assim governou estaria a fazer favores a alguns amigos ou acreditaria mesmo que alguém acabaria por pagar?

 

 


Há muito que o mercado de trabalho é uma mentira pegada

Como já aqui disse várias vezes o desemprego resulta de décadas de omissões e de más políticas. Agora, com as dificuldades, as empresas que há muito deveriam ter fechado e substituídas por outras mais modernas, em equipamentos, recursos humanos mais capazes e em produtos inovados, não aguentaram o embate e fecham mesmo. Outras há que aproveitam a crise para fazerem a limpeza que se impõe. Para além disso sempre houve muito desemprego encapotado. Os números oficiais consideravam emprego os cursos de formação .

Outros sectores protegidos do estado praticam rendas fixas em vez de estarem em concorrência. Outra razão que explica tanta resistência à mudança.

Luis marques no Expresso, aconselha a Troika a visitar o interior do país e indica a nova autoestrada 13, que liga Tomar a Coimbra. Não encontrará um único carro. Uma maravilha, uma obra de engenharia que não serve ninguém mas sem poluição. E sem postos de trabalho. Que o governo não tem dinheiro para manter e o povo não quer pagar e, por isso, não utiliza. Isto é genuinamente Português. E as estradas nacionais que foram pura e simplesmente ignoradas estão agora cheias de carros.

O sr. Salassie enganou-se muito nas previsões porque não conhece o nosso país e quem o governa. E devia falar com quem, mesmo depois deste desastre, continua a bater palmas a quem plantou esta miséria. O que ia ouvir não entra em nenhuma folha de cálculo!