Sem dinheiro e cheio de austeridade. O BE quer mais dinheiro para o SNS. O PCP quer mais dinheiro para salários e pensões. O PSD quer mais dinheiro para as empresas exportadoras. O CDS quer mais dinheiro para poder baixar os impostos às empresas e às famílias. O IL quer mais dinheiro para a sociedade civil.
O PS diz que não tem dinheiro . O que é verdade. A pior das situações. Todos têm razão.
“Pode haver desemprego e falências; pode haver milhares de trabalhadores em ‘lay-off’ com cortes de um terço no seu vencimento; pode haver empresas sem capacidade para pagar os seus salários; pode haver setores da economia estagnados; pode haver regiões socialmente devastadas; pode haver famílias inteiras no desemprego; pode haver portugueses sem acesso às consultas médicas e às intervenções cirúrgicas que necessitam; pode até a taxa de mortalidade por patologias não-covid estar muito acima do normal, que para o Governo o importante é ter o descaramento de dizer que, com ele, não há austeridade”,
Os inquiridos justificam esta quebra de rendimentos às consequências diretas da pandemia: despedimentos (29,1%), layoff (17,3%), obrigatoriedade de paragem de atividade (17,6%) e quebra na procura no ramo de trabalho (17%).
António Costa aqui atrás dizia que não haveria austeridade mas haveria dor. A austeridade é apanágio do governo de Passos Coelho. Mas os portugueses já a sentem na pele .
Face à profunda crise provocada pela covid-19, um em cada quatro portugueses (24,4%) afirma já ter reduzido gastos, estando mesmo a poupar dinheiro: 61% deixou de frequentar restaurantes, 53% já não compra roupa nem sapatos, 48% não sai à noite e 36% deixou de frequentar ginásios.
Relativamente aos receios para o futuro, destacam-se a perda de rendimentos (45%), a incerteza quanto ao futuro (45%), contrair covid-19 (41%), ficar sem emprego (24%) e contagiar terceiros (23%).
Empresas em lay off, trabalhadores a receberem só uma parte do salário. Já há gente a pagar a austeridade.
À medida que a poeira assenta verificamos que as medidas de apoio à quarentena e as medidas de relançamento económico estão já a ser pagas por uma desvalorização salarial (através do lay-off) e do desemprego. Vai seguir-se um muito provável aumento da carga fiscal sobre o trabalho. É que o apoio da União Europeia continua condicionado à austeridade orçamental. As palavras mudaram mas as políticas permanecem.
O tão propalado e necessário aumento do investimento em saúde já está comprometido pela regra de contratação da função pública "sai um, entra outro" que não permite o reforço de efetivos.
Só há austeridade quando há corte na despesa ou aumento nos impostos diz quem jura que não haverá austeridade . Mas haverá dor diz o PM que é um contorcionista no discurso.
Há dois meses que há cerca de 400 000 desempregados todos eles a viverem com um salário reduzido. Corte na despesa. Agora vem aí a primeira das contribuições para amenizar a "austeridade", desculpem, a dor. Aumento nos impostos.
António Costa tem o direito a esta oportunidade de governar em crise . Sem austeridade mas já sabemos que vai ser com dor e com contribuições.
Palavra dada palavra honrada. Não haverá austeridade mas haverá dor. Parece que para o primeiro ministro não é a mesma coisa já para os contribuintes, desempregados, famílias e empresas...
"Não passaremos esta crise sem dor" como não se passa crise nenhuma sem austeridade, como sempre foi óbvio pese as ardilosas palavras do mestre Costa.
E se Costa quisesse até podia dizer, em abono da verdade, que um país pobre, refém de um estado tentacular que amordaça a iniciativa privada de criação de riqueza, passará por todas as crises presentes e futuras. Só escapará sem austeridade e sem dor quando o país acarinhar o empreendedorismo . Com lucro.
O Primeiro Ministro vem agora dizer que é necessário industrializar o país, após quatro anos de braço dado com os partidos que odeiam a iniciativa privada e o lucro, como se os impostos tivessem outra origem .
Contrariamente ao discurso corrente quem vai fazer sair o país da crise são as empresas, não é o estado. Nesta primeira fase em que foi necessário suster o primeiro embate, o estado usou a sua dimensão e peso agora, é necessária a criatividade, a inovação e a capacidade de criar riqueza, postos de trabalho, fomentar as exportações, atrair investimento.
O estado pode ajudar saindo da frente, sendo amigável para com as empresas, beneficiar fiscalmente quem trabalha.
Fazer recair a austeridade sobre o sector privado é profundamente injusto. Não só porque o sector público já goza de privilégios que o sector privado não tem, mas também, porque a austeridade distribuída por um número menor de pessoas é maior.
O economista João César das Neves lamentou que nesta fase se estejam a discutir aumentos salariais para 2021. “ Acho que não é altura para falar nisso. É uma tolice. Claro que está tudo a colocar-se, isso já são jogadas, mas que não mostram grande elevação de valores. No meio desta confusão, estarmos a falar disso não me parece nada razoável. Mas isso só mostra o poder que esses grupos têm. Esse é o drama que nos deu cabo do Orçamento durante décadas e que é estrutural na economia. Essas entidades têm o poder e a arrogância do poder, o que é extraordinário. O país está com uma epidemia, as pessoas estão a morrer e há uns senhores preocupados com o seu bolsinho no próximo ano. É incrível”.
Lembre-se que este ano já houve aumentos salariais para os funcionários públicos.
Até já começou com gente no desemprego e com o rendimento reduzido. É mais despesa e menos receita. Défice e aumento da dívida. Chamem-lhe o que quiserem.
Acontece que a fragilidade da nossa recuperação e consolidação orçamental fazem com que a nossa capacidade de intervir na economia para promover a retoma económica seja limitada. Foi isso mesmo que reconheceu o ministro da Economia quando disse que não tínhamos condições para dar os mesmos apoios que outros países e que "mais despesa hoje são impostos amanhã". Também podia ter dito: "mais dívida hoje são impostos amanhã".
Não temos almofada financeira para enfrentar a crise. Teria sido necessário reduzir a dívida, fortalecer o crescimento do PIB e segurar o aumento dos impostos. Nada disso foi feito.
Certinho, certinho, os mesmos de sempre vão pagar mais impostos, chame-lhe Costa o que quiser, mas para quem tiver menos rendimento é austeridade.
O sector público, onde estão o grosso dos votantes do PS, PCP e BE, mais uma vez vão escapar ao prejuízo. Eles que já gozam de privilégios.
Diga o PM o que disser, claro que haverá austeridade no sector privado.
Quem perder o emprego vai sentir austeridade. E desemprego é sempre no sector privado, não no Estado.
Quem está em lay off sente austeridade. Temos menos poder de compra.
Quem vir o seu salário reduzir-se sentirá austeridade. Ganha menos.
Quem vier a pagar mais impostos sentirá austeridade. E o mais provável é que o Governo aumente mesmo os impostos. Aposto singelo contra dobrado.
Para estas pessoas, dizer que não haverá austeridade é quase ofensivo.
No sector público será diferente.. Aí não haverá nem cortes de salários na função pública, nem cortes de pensões. Não é uma escolha do PM. Não é exigível nem recomendável pelos especialistas.
Primeiro: porque esta crise é radicalmente diferente da anterior. Não é uma crise de desequilíbrio orçamental. Logo, não é preciso uma austeridade de ajustamento no Estado.
Segundo: na crise anterior os credores exigiram austeridade. Nesta crise, os empréstimos a contrair não terão essa exigência.
Terceiro: esta crise é excepcional e irrepetível. Exige um novo pico de dívida, é verdade. Mas esse é um encargo excepcional. Pagar-se-á ao longo de 30, 40 anos, com pequenas poupanças, ano a ano.
Posto isto, o importante era que o Governo garantisse uma distribuição equitativa de sacrifícios entre o público e o privado.
O ministro Siza Vieira já tinha dito " despesa de hoje é dívida de amanhã" a abrir caminho para a verdade de António Costa. Que não, não haveria austeridade.
Agora já admite não poder garantir o futuro sem austeridade.
O Bloco de Esquerda e o PCP exigem que o aumento dos salários da função pública se mantenha sabendo ambos que a austeridade que aí vem é inevitável.Mas com aqueles partidos já sabemos que a austeridade é para os outros, para os que criam riquesa e pagam impostos.
Costa espera, agora, que a esquerda esteja com ele também nas ‘vacas magras’ que esta pandemia está e vai criar com particular violência. Não a terá. Catarina Martins já o disse com clareza e o PCP nem precisa de dizer. Pelo contrário falam de aumentos de salário em 2021 como se o mundo não estivesse a passar por nada de especial. O Bloco e o PCP, já se sabia, são daqueles que só ficam na festa enquanto há comida e baile; saem antes de ter de se limpar e arrumar a sala.