Não sabia, não tinha memória e porque sim. Esta é a resposta de um pretenso gestor genial que ganhou prémios de melhor CEO da Europa ( comprados como agora é evidente). Depois disto que não é mais que a continuação da narrativa em muitos outros casos, o que esperam os empregados e pequenos accionistas para meter estes portentos da gestão na prisão ?
Ricardo Salgado deu uma versão muito pouco credível do que se terá passado no Grupo Espírito Santo. José Maria Ricciard está a desmontar a narrativa ponto por ponto. Não julga ninguém mas recusa-se a ser embrulhado numa "governance" que foi exercida centralizada e unilateralmente por Salgado.
Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, já reagiu por carta que fez chegar à Comissão Parlamentar desmentindo várias afirmações de Salgado. A carta já é pública.
Cavaco Silva, como seria de esperar, já veio dizer que as conversas que teve com Salgado são "reservadas". Mesmo lá de longe, do México, o Presidente não deixou de ouvir atentamente o que se passa na AR.
Há muito dinheiro que desapareceu misteriosamente. Muitas interrogações sem resposta, e muita matéria do foro criminal. Muita gente que permanece calada ou que diz o mínimo possível. Os advogados acertam estratégias. E se eles falam ?
Ricardo Salgado queixa-se que contrariamente ao habitual o governo não quis envolver-se no processo. Fá-lo com azedume. Isto depois de ter recusado a recapitalização com dinheiro que o governo colocou à disposição da banca e que só o BES recusou. Hoje sabe-se que tinha uma boa razão para a recusa. Queria bem longe a Troika.
Eu ainda julguei que a este nível mesmo as batotas requeriam alguma sofisticação mas, o desvio de somas astronómicas, fazia-se rasurando o nome do titular da conta. O BES transferia uns milhões para uma dada conta, rasurava-se o nome do titular e devedor, o banco ficava sem saber a quem pedir o dinheiro, levava o débito de milhões a "imparidades" e já está.
Passivos que passavam em poucos meses de dois mil milhões para seis mil milhões sem razão aparente e sem que as contas registassem as operações correspondentes.
Chega a envergonhar quem assiste à actuação do banqueiro. Não sei, não me lembro, a legislação Angolana não deixa, está em segredo de justiça. O Banco de Portugal não avisou, os auditores não disseram nada.
É um caso para a justiça, uma D. Branca de braço dado com o "espírito santo" .