O apoio do Bloco e do PCP ao governo PS terá que espécie de custo? Não se trata de um risco quantificável - por exemplo, o regresso das 35 horas na função pública tem um preço a pagar pelo Orçamento, mas as contas estão feitas, é uma questão de encontrar compensações (mais impostos, outros cortes?). O apoio regateado ao Bloco e ao PCP, partidos com intolerância visceral à economia de mercado, não é apenas um risco que se resolve com uma medida, é uma incerteza absoluta e genérica - e isso faz toda a diferença. As exigências constantes que têm sido feitas por estes partidos ameaçam tornar-se uma espécie de chantagem sem fim. Ninguém sabe ao certo quais serão as de amanhã e as do dia seguinte e as que virão depois e a seguir outra vez. Ninguém sabe quanto podem custar e que danos vão provocar pelo caminho. É esta a diferença entre risco (mensurável e até desejável) e incerteza (o desconhecido), o inimigo número um da criação de riqueza.
O Euro nunca foi tão popular
Ao contrário do que nos querem fazer crer a moeda europeia nunca foi tão popular.
Nascido em 1 de janeiro de 1999, e materializado em 1 de janeiro de 2002, o euro nunca foi tão popular : segundo um barómetro publicado pela Comissão Europeia em novembro, 74% dos cidadãos da zona euro estimam que a moeda única beneficia a UE, enquanto 64% defendem que é positiva para a economia do seu próprio país.
Uma moeda usada por 340 milhões de pessoas e que é a segunda mais forte do mundo mas que alguns, por razões ideológicas, querem substituir por uma moeda nacional necessariamente fraca. Dizem eles, à falta de melhor, que se trata de "recuperar a independência nacional..."
Mas as vantagens de pertencer ao Euro são bem conhecidas :
“estou convencido de que a existência do euro permite uma afirmação da economia europeia face ao crescimento de blocos, como o chinês, que ainda não tem uma divisa forte no contexto internacional”,
“a introdução de uma divisa europeia que cada vez mais se afirma no espaço dos mercados financeiros globais é muito importante para a dimensão europeia, fortaleceu imenso aquilo que é a aventura da União Europeia (UE)”
“a redução dos custos de financiamento que os países membros têm obtido”, e “não só os países membros como também os próprios cidadãos, porque as taxas de juro convergiram de forma bastante significativa, desde o início da moeda única”.
Questionado sobre eventuais impactos da não adesão de Portugal ao euro, Ricardo Ferreira Reis alerta que o país teria tido desvalorizações contínuas do escudo, teria sido competitivo em termos monetários porque a moeda seria mais fraca do que o resto das moedas europeias e teria empregos de baixos salários no contexto europeu.
“Se já é assim com o euro, imagine o que seria com o escudo”, alerta, acrescentando que, sem o euro, haveria “contas públicas perfeitamente desregradas”, o que se aplicaria a todos os países do sul da Europa.
“Esta incapacidade que temos de contenção das contas públicas seria ainda mais complicada com uma moeda própria”, frisa o professor da Católica, acrescentando que, “em Portugal, teria sido um desastre maior do que por momentos foram estes 20 anos de finanças públicas”.
Mas também a própria Grécia, “apesar de todo o sofrimento”, beneficiou muito do euro e “seria ainda muito pior se estivesse estado fora”, aplicando-se o mesmo a Itália e Espanha.
Temos que ler mais opiniões informadas .