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BandaLarga

as autoestradas da informação

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O aparelho produtivo continua esmagado pelo aparelho do estado

O estado assegura os salários e as pensões dos seus votantes . Para o conseguir corta no investimento e no crescimento da economia. Em relação ao tempo de Sócrates tem uma só vantagem . O exterior está hoje bem melhor .

"O problema que destruiu Sócrates, e mais cedo ou mais tarde derrubará Costa, é a secular doença lusitana. Podemos chamar-lhe a «síndrome do Conde de Abranhos». Hoje, como tantas vezes no passado, larga percentagem da população vive de benesses públicas que a economia não pode pagar. Pensionistas, funcionários, câmaras, construtoras, subsídios, dominam a situação política, para conseguir garantir as suas rendas. O aparelho produtivo acaba espremido pelas exigências das classes não produtivas.

Esta dinâmica, que há 200 anos domina a democracia portuguesa, reproduz hoje a versão de 2007, com apenas duas diferenças importantes. A primeira é que, com o PCP e o BE no poder, a atitude é mais aberta e descarada. No tempo de Sócrates ainda se falava de plano tecnológico e necessidade de crescimento. Agora apenas se referem reposições de benesses e direitos da função pública, como se o dinheiro caísse do céu.

Retomar o aparelho do estado

Não é por causa da austeridade e nem por causa dos pobrezinhos : "Aquilo que define o PS, o PCP e o BE não é a preocupação com as vítimas da austeridade ou com os “mais desfavorecidos”, mas o facto de serem partidos que fizeram dos dependentes do Estado as suas bases de apoio. Não quero com isto dizer que o PSD e o CDS também não utilizem o poder do Estado para dar empregos e fazer favores. Mas no PSD e no CDS, há quem julgue (e também há quem não julgue) que é possível gerar votos garantindo a propriedade privada e a liberdade de iniciativa dos cidadãos, e que esse seria até o melhor meio de o país aproveitar os mercados globais. Nada disto é necessariamente de direita: em França, é o PS quem neste momento tenta adaptar a sociedade à “globalização”. Mas no PS português, há cada vez menos gente a pensar assim, e no PCP e no BE nunca houve. A operação política de Outubro não visou reverter a austeridade, mas reocupar o Estado, com dois fins: defender ou refazer clientelas, e reestabelecer uma cultura de restrição da propriedade e da iniciativa dos cidadãos.