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BandaLarga

as autoestradas da informação

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Um estado detestável

António Barreto : "

A verdade é que reconhecemos ao Estado cada vez mais poderes, competências intrusivas e capacidades de condicionamento da vida dos cidadãos. Como lhe conferimos o direito de taxar o que, como e quando os governantes entenderem, para tanto basta precisar de dinheiro! Como ainda lhe atribuímos faculdades para interferir na vida económica dos cidadãos, das famílias e das empresas, sob o signo de princípios tão doces como o de "ir buscar o dinheiro onde ele está" ou "ir tirar o dinheiro a quem o tem". Como aceitamos, em nome do interesse geral, que os governantes possam preferir capitalistas, seleccionar bancos, chegar-se a predadores e liquidar empresas outrora poderosas.

Abusar dos indivíduos, a título do interesse comum. Condicionar a vida privada dos cidadãos, em nome do bem de todos. Pôr em risco poupanças pessoais, como se fossem fortunas ilegítimas. Desrespeitar os bens de cada um, como se tudo fosse de todos. Retorcer o Estado de direito, a benefício da política. Eis algumas regras de vida, insuportáveis, que estão a forjar um mundo detestável.

O Outono Socialista

António Barreto : O Partido Socialista de António Costa está a contrariar relevantes tradições da esquerda democrática, nomeadamente a "equação" liberdade versus igualdade. Há várias décadas que o PS entendeu que a liberdade era o programa prioritário, a causa primeira e a inspiração principal. O que distinguiu o PS dos outros grupos de esquerda e de extrema-esquerda, designadamente o Partido Comunista, era, entre outras, essa questão. Para os esquerdistas mais robustos, a prioridade é a igualdade e a liberdade deve--se-lhe subordinar. Para os socialistas, a liberdade, como valor e objectivo, ou como instrumento, impõe-se. Esta diferença foi actualmente posta em causa. Para obterem o apoio parlamentar de que necessitam, assim como a complacência nas ruas ou a cumplicidade nas instituições e nas empresas, o PS e o governo dão todos os dias sinais de que a igualdade é o seu combate primordial. Nenhuma revolução vale a liberdade.

A cavar um fosso entre alunos ricos e alunos pobres

António Barreto foi hoje entrevistado na RTP3 e falou na decisão do governo quanto aos contratos de associação na Educação. E foi claro. A decisão não é ilegal tal como não foi e não será ilegal que outro governo reponha novamente os contratos de associação. Mas a forma acintosa como o governo não fez caso de professores, alunos, empregados, famílias,  economia local vai levar a que o assunto não morra. De um lado a maçonaria, os comunistas e os bloquistas do outro, a Igreja Católica, as autarquias e os moderados. E todos estão a gostar da luta e das manifestações de rua.

António Barreto acha que os privados devem seguir o seu caminho mas que, o estado, deve ter consciência que está a cavar um fosso intransponível. Os alunos no privado terão cada vez mais e melhor ensino, no público, os alunos serão pasto para ideologias, luta política e luta sindical.  Entre os dois estará um fosso cada vez mais acentuado porque faltam as boas escolas acessíveis aos mais pobres. Que agora desaparecem com esta decisão apressada e prepotente.

Entretanto a secretária de estado explica a frequência das suas filhas no elitista Colégio Alemão com a necessidade das filhas terem uma segunda língua materna que lhes assegure uma carreira além fronteiras. Se não fosse assim estariam na escola pública. Esta explicação é rigorosamente igual a todos os que pagam centenas de euros por mês aos bons colégios privados. Afastar os filhos da escola pública porque não lhes assegura uma carreira internacional e na maioria dos casos nem sequer nacional.

O problema é que os pobres não têm oportunidade nenhuma de fugir à escola pública.

Governar sem Troika mas com o controlo de três partidos

Governar a três e só depois governar nos sítios certos com as instituições previstas na Constituição. Parece que o conselho de ministros a três será às 3 feiras o do governo às 5 feiras.

Governar Portugal nos próximos tempos, em que tudo tem de ser negociado várias vezes, confirmado depois, revisto e avaliado a seguir, logo rectificado, até se encontrar um equilíbrio feito de cedências e chantagens, ameaças e entendimentos, tudo isto antes de as coisas (leis, projectos, medidas, decisões e resoluções) chegarem aos locais apropriados, ao Conselho de Ministros, à Assembleia da República e ao Presidente da República. Vai ser preciso ter um mapa. E sobretudo uma brigada de minas e armadilhas.

Governar sem troika mas com o controlo de três partidos dos quais dois anti - europa será penoso .

Aliados de hoje inimigos de sempre

O PS já conseguiu a proeza extraordinária de estar dependente do BE e do PCP. Aliados de hoje inimigos de sempre. O PS está a sucumbir ao "abraço de urso" do BE que deixará o PS governar sozinho enquanto reivindica os aumentos da despesa. O PCP, como hoje já é evidente, até se dá ao luxo de não exigir aumento da despesa. Uma alteração às leis laborais para dar força aos seus sindicatos e basta. Não quer misturas. E sem misturas vai continuar a atacar a União Europeia, a Nato e o Euro.

O desgaste estará todo do lado do PS. O PS deixou de ser um obstáculo à chegada dos comunistas ao poder. O PCP deixou de considerar o PS como um adversário. O PS não resistiu à campanha de desgaste levada a cabo pelo Bloco. O PS deixou de ter relações especiais com os grupos económicos portugueses e multinacionais. O poder económico e financeiro deixou de acreditar no PS. E o PS, com as mãos a arder, vai virar-se para a política e deixar a economia..