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BandaLarga

as autoestradas da informação

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Liberdade e desigualdade

António Barreto : Com liberdade, a desigualdade pode crescer. Certo. Mas com liberdade, pode a desigualdade ser corrigida. Sem liberdade, não. Pelo contrário, com igualdade, pode a liberdade desaparecer. E nascer a tirania. Quem cede em liberdade para obter a igualdade está no caminho do despotismo. Tal via dificilmente abre a porta a reformas. Quem cede em igualdade a fim de obter a liberdade corre o risco da injustiça, mas não reprime quem luta pela justiça social. A igualdade não gera a liberdade. Mas a liberdade pode gerar a igualdade.

O Estado português não está à altura da Democracia europeia

As fragilidades que este estado revela envergonham-nos a todos. Apesar de já sacar ao contribuinte e a quem cria riqueza cerca de 50% do PIB, o Estado mostra-se insaciável e sem resultados .

É de tal ordem que já temos os partidos envergonhadamente a mais uma vez irem ao saco pela calada. Mas o Estado não protege o território e as suas populações algo que só ele pode fazer. O SNS bateu no fundo com médicos e enfermeiros indignados com a falta de verbas e as cativações. Na Educação os alunos sofrem com o frio porque não há dinheiro para o aquecimento . O que é preciso mais para parar para pensar ?

Para o debate português, entre outras questões vitais, uma parece emergir: a da fragilidade do Estado. Os últimos anos foram cruéis e reveladores.

O Estado ficou frágil diante dos interesses de meia dúzia de grupos, de famílias e de bancos sem escrúpulos, com métodos que incluíram o banditismo, o crime de colarinho branco e o aproveitamento de oportunidades que o regime democrático oferecia.

O Estado esteve frágil perante as actuações predadoras de bandoleiros que conseguiram utilizar todos os processos democráticos de organização do poder político, da Administração Pública e dos órgãos de soberania, para corromper, enriquecer e locupletar.

Mas como diz o Bloco de Esquerda é preciso ir buscar o dinheiro onde ele está. Chapa ganha chapa gasta sem critério e sem retorno visíveis.

Em vez das supostas e mentirosas vitórias temos que pensar e agir em prol do interesse de todos.

O que se prepara na Santa Casa e no Montepio é outro assalto e que mostra que as tramóias que envolvem milhões já chegou ao dinheiro dos pobres para salvar  (?) o dinheiro dos ricos. E já entramos no passa culpas como se vê nas declarações do ministro Vieira da Silva.

Este governo não tem a ver com nada . O que é verdade mas mostra a sua total irrelevância.

Em tudo quanto diz respeito à corrupção política, ao poder económico, às regalias dos partidos políticos e ao privilégio de famílias com nome e fazenda, o Estado democrático encontra-se jacente e moribundo.

O Estado português não está à altura da democracia europeia, da liberdade e da protecção devida aos cidadãos.

Mas PS, PCP e BE querem mais Estado . Não se batem por melhor Estado .

 

Polícias e inquisidores não são assim tão raros

António Barreto : O caso despertou velhos fantasmas. O dos polícias e inquisidores que entendem que se devem vigiar as organizações de solidariedade e criar uns milhares de vigilantes para cuidar de uns milhares de organizações. O da rústica simplicidade com que se afirma que é necessário nacionalizar as instituições privadas e estatizar as funções sociais. A estúpida candura dos que garantem que o Estado não corrompe, não desperdiça, não se deslumbra e não mente.

Calar os mortos é respeitá-los segundo Marisa Martins

Onde estão os homens justos do meu país já que a Marisa Martins diz que calá-los é respeitá-los ?

O governo e o BE, bem como o PCP e outros detentores da verdade querem calar aqueles que podem dar voz aos que morreram. Não há culpados ? Está tudo esclarecido ? Ninguem tem nada a acrescentar ? Morrem 66 pessoas e nada há a saber ? Como se fez em ditadura em 1967 nas inundações ? Não há vergonha ou quer-se proteger o governo ?

É inacreditável que em democracia se crie uma central de informação para filtrar o que bombeiros, autarcas e famílias têm a dizer . E a seguir vão calar a imprensa livre ? As televisões vão ser impedidas de informar porque podem fomentar o mimetismo ? Podem despontar o incendiário potencial que há em cada um de nós ? É este o estranho respeito que Mariza Martins tem pelos mortos e pelos vivos ? Calá-los ?

Quando tudo parecia correr para a instalação da paz dos cemitérios, Marcelo veio avisar que há que aprofundar, discutir o que aconteceu, dar voz aos que a perderam. E veio dizer também que é necessário saber o que aconteceu após o assalto em Tancos.

São armas ou são sucata ? Demitiram-se comandantes e oito dias depois readmitiram-se ? Sem nenhum inquérito ? Onde está o respeito pelo direito das militares ? Cobrir de vergonha a instituição militar é respeitá-la ?

Mariza Martins veio mostrar do que se tratava. O pezinho ditador a fugir para a chinela...

A obra prima de António Costa foi votar Sócrates ao esquecimento

É como se a governação tenha começado com o governo de Passos Coelho . Os governos de Sócrates não existiram, o menino de ouro não estourou com o país. É esse o grande feito de António Costa. Foi ter desligado o PS actual do anterior PS cangalheiro .

Os seis anos do mandato de José Sócrates constituíram uma espécie de peste negra que se abateu sobre o país. Aquele governo, apoiado nalguma banca pública e privada, ajudado por um bando de empresários sem escrúpulos e assessorado por consultoras internacionais complacentes, atingiu níveis de endividamento único na história de Portugal, assim como de corrupção, de desperdício de recursos, de destruição de empresas públicas, de favoritismo em concursos e nomeações... Foi provavelmente o mais nefasto governo de Portugal durante décadas. Sem criticar os seus feitos, sem partilhar os erros de Sócrates, sem assumir responsabilidades relativamente aos piores anos de governo de Portugal, António Costa e seus ministros conseguiram, sem nunca o ter feito explicitamente, distanciar-se daquele nefando governo e daquele execrável período. Esse, sim, é um feito histórico.

O caso da CAIXA é o caso do regime

António Barreto : Um processo aqui, um caso de corrupção ali, uns empréstimos sem retorno, uns favores a amigos, uns assaltos a empresas, algumas manipulações do mercado, umas transferências para offshores, muita mentira e uma prodigiosa incompetência fizeram da "jóia da coroa" o que ela parece hoje e que faz com que os políticos tenham receio do pântano. Fica-se cada vez mais com a impressão de que o caso da Caixa é o caso do regime: tudo anda ligado, da política à banca, da PT aos telemóveis, das águas aos petróleos, da electricidade à celulose, do BES ao Banif, do BPN ao BCP... Podem fazer-se todos os inquéritos imagináveis, ficará sempre algo de fora, aparecerá sempre, à última hora, novo facto inesperado que permita negociação futura e ocultação passada. Debaixo de cada pedra há lacrau ou veneno. E muitos parecem interessados em esconder e esquecer. Mas acrescentam sempre qualquer coisa.

A antecâmara do desastre

O endividamento que vem de trás e que não cessa de crescer : A verdadeira prova dos nove é a do investimento e do crescimento económico. Sem um e outro, não haverá bem-estar, nem equidade, nem menor desigualdade, nem mais justiça, nem melhor educação e mais saúde. A prova dos nove não será a dos subsídios, dos aumentos de pensões, de férias e feriados, da redução de horas de trabalho, do aumento de salários mínimos e médios, dos benefícios de saúde e de educação ou dos abonos sociais de toda a espécie. Se tudo isso, que é excelente, não resultar do crescimento económico, do investimento, do aumento da competitividade, da abertura de novas oportunidades comerciais e das melhorias na organização do trabalho, então tudo isso será demagogia de pouca duração. Será mesmo a antecâmara do desastre. Essa é a prova dos nove: o investimento, que gera crescimento, que produz desenvolvimento e que está na origem do progresso social. A prova dos nove deste governo não é a da sua duração nem a da solidez do seu apoio parlamentar.

O governo está a inventar uma guerra contra si próprio

António Barreto :  O governo recusa mostrar à Comissão um rascunho de orçamento que, aliás, ninguém lhe pediu! Insiste em gastar e distribuir. Não corta na despesa. Contraria a Espanha e o Reino Unido. Critica a Alemanha. Procura aliados na extrema-esquerda, coisa pouca. O governo não tem meios, nem força interna, nem aliados externos que lhe permitam esta espécie de baroud d"honneur, o último combate de uma guerra perdida! De luta simbólica para dar o exemplo. De sacrifício que faça um mártir e nos transforme em heróis! Portugal não tem riqueza, nem recursos, nem capacidade para, sozinho, contrariar as regras da economia europeia e mundial, obter os créditos de que necessita, conseguir os investimentos de que carece. Não se deve cantar mais alto do que a sua garganta. Nem dar passos maiores do que os seus pés. Muito menos cantar de galo, quando não se tem voz nem poleiro. António Costa e o governo estão a preparar-se para desencadear uma luta para a qual não têm meios nem força. E nem sequer razão.

O PC não faz parte das soluções democráticas

O PC foi durante muito tempo o seguro de vida da direita :

Seria bom que se visse nos programas do PCP e do Bloco o que estes partidos pretendem do futuro de Portugal, da democracia em geral, da democracia avançada em particular, da União Europeia, do euro, da NATO, da iniciativa privada, do investimento internacional, do endividamento externo, da negociação da dívida... O PCP, que já derrubou dois governos socialistas, foi durante quarenta anos um seguro de vida da direita. A impossibilidade genética de aliança dos socialistas com os comunistas dava, sem justa causa, uma "folga" aos partidos de direita. Mas era, do ponto de vista da democracia, razoável. Na verdade, o PCP não faz parte das soluções democráticas. O PCP integra o sistema democrático pela simples razão de que a democracia é o regime de todos, incluindo dos não democratas. Essa é a força da democracia, por vezes a sua fraqueza. Mas o PCP nunca deu provas de considerar a democracia algo mais do que uma simples transição para o regime comunista, através de uma democracia avançada, cujos horrores são conhecidos. Enquanto o PCP se mantiver fiel a tudo quanto o fez viver até hoje, deveremos tratá-lo como todos os comunismos e fascismos: combatê-los com a liberdade. A ter de ficar nas mãos de alguém, prefiro mil vezes os credores aos comunistas. Destes, sei que não se sai vivo nem livre.

As tribos dos partidos e as claques do futebol

António Barreto diz e bem : Quase ninguém respeita os políticos, os partidos políticos, a não ser as tribos, a tribo do PS, a tribo do PSD, a tribo do CDS, a tribo do Bloco ou do PC, [que] respeitam o seu partido, como as claques de futebol"

Era necessário que todos os partidos, ou alguns deles, fizessem sacrifício das suas posições partidárias e dos seus interesses, e não o fizeram. Tendo, todavia, exigido que os portugueses ganhassem menos, pagassem mais impostos, ficassem desempregados, tivessem problemas muito sérios do ponto de vista social, económico e financeiros", criticou o sociólogo e ex-deputado, em entrevista à Lusa.

A convicção de que "o interesse nacional é igual ao do partido" terá um preço, acredita o presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que está a ultimar a conferência "Portugal europeu. E agora?", Agendada para 13 e 14 de Setembro.