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BandaLarga

as autoestradas da informação

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PORQUÊ ALLENDE TEVE QUE CORRER TANTO - Prof Raul Iturra

 

 

 Salvador Allende em 1970

resposta ao comentário de Luís Moreira….

Estes dias foram de debate em muitos sítios e páginas pessoais da internet. Foi um fim-de-semana de muitas lembranças e comemorações públicas e pessoais. Como é natural, as pessoais são de quem tem essas memórias íntimas. As públicas, para contestar, debater ou responder. Sinto-me no meio das duas. Não há memórias pessoais não vinculadas às memórias públicas. Se assim não fosse, não seríamos seres sociais, que, queiramos ou não, orientamos a vida pelas pautas da cultura, sendo cultura hábitos, costumes, idioma, comportamento adequado às circunstâncias, boa educação, simpatia, solidariedade, entre ajuda e outros hábitos que fazem de nós, pessoas. Habituamo-nos a uma forma de ser, comportamento que orienta as nossas vidas de uma forma quase inalterável, quer individualmente quer em grupo.

Quando muda o hábito, o grupo social fica desnorteado, não sabe qual forma de agir deva adoptar. No caso de Allende, houve uma mudança sem transição, passagem de um lugar, assunto, tom ou estado para outro. Isto foi o que aconteceu com o Governo de Salvador Allende.

Como se sabe, o Chile é um país com uma larga percentagem de classe média, essa classe que tem aprendizagem, habilitada para assuntos profissionais ou de ofícios que rendem dinheiro, ofícios e profissões que permitem um certo lucro, que, poupado, pode ser investido em bens que incrementam o capital de uma pessoa. Classe média que estava habituada aos seus trabalhos, a educar os seus filhos, a organizar pequenas indústrias ou comércio em parceria com membros do seu grupo doméstico ou da família alargada, ou empregados pagos com ordenados adequados ao seu trabalho. Atrever-me-ia a dizer que o Chile era um país de costumes e hábitos que raramente mudavam. Filho de Advogado, estudava Direito, filho de médico, a Faculdade de medicina era o seu destino.

Dentro dessa classe média, havia um largo grupo que dependia da Função Pública, nomeadamente em trabalhos de secretariar membros do Governo, os quais normalmente são bem remunerados e herdados pelos descendente, porque funcionam com base nas bem conhecidas cunhas ou favores pedidos a pessoas influentes que admitem no seu secretariado filhos de parentes ou amigos. Era hábito no Chile esse mudar de Governo, que levava ao poder pessoas de diferentes ideologias. Normalmente, a Administração Pública era sempre duplicada entre os apoiantes de governos anteriores com outra ideologia e os novos de ideologia ou de partidos, entretanto admitidos. Escândalo que todos toleravam, mas que Allende em todas as suas candidaturas à Presidência da República, quatro ao todo, tinha advertido que ele iria respeitar os funcionários de carreira, mas governaria com os seus próprios. A tramóia contra a sua ideologia socialista marxista estava montada. Especialmente quando anunciou a confiscação das grandes empresas, como as fábricas de tecidos de Tomé e Chiguayante, no centro sul do Chile, as minas de carvão e cobre e as grandes herdades de terra para serem entregues aos trabalhadores. O fim de Allende estava selado com estes princípios e ele sabia.

Foi assim que teve que correr. Mas a sua corrida não foi à margem da lei, pelo contrário, usou os resquícios não cumpridos da lei, como a da Reforma Agrária, lei que o seu antecessor, Eduardo Frei Montalva, tinha feito aprovar, para entregar as terras que não rendiam, por serem terras secas, sem água, que os inquilinos sabiam trabalhar com gado e pastorícia. Mas, terras que rendiam dinheiro apenas para eles e não para exportar e acrescentar o PIB do país. Era necessário confiscar as grandes haciendas, especialmente as produtoras de bom vinho para exportar e lucrar com os impostos sobre a exportação, tal como as de frutas. Outra lei que Allende usou, foi a votada por unanimidade nas duas câmaras do Congresso, a Chilenisación do cobre, uma triste lei que mandava pagar impostos unicamente pela extracção e exportação do mineral, a riqueza do Chile. Allende confiscou-as e demandou às empresas norte-americanas que as possuíam, o pagamento de uma indemnização pelo lucro obtido de bens que não lhes pertenciam por serem da Nação.

Não houve transição, não havia tempo. O Presidente era um homem honesto, falou abertamente das suas ideias socialistas, da redistribuição da riqueza: a cada um conforme as suas necessidades, de cada um conforme as suas possibilidades.

Como homem honesto, as nacionalizações pagas tiveram por base o acordo da avaliação efectuada pelos respectivos proprietários. Para fuga aos impostos, os capitalistas tinham avaliado as suas indústrias pelo valor mais baixo possível. Foi este, pois, o preço pago pelo Estado Chileno aos proprietários expropriados.

A impreparação e inexperiência dos trabalhadores na gestão dos bens, mesmo com a participação de alguns técnicos, aumentaram o caos vivido naqueles anos: repartiam a produção entre eles e vendiam-na como se fosse da sua propriedade. Allende teve que parar esse caos e muitos de nós correr às Haciendas, minas, e indústrias para formar consciência que os bens não eram deles, eram do Estado e era impossível criar um mercado negro de produtos que não lhes pertenciam.

Allende correu quer para nacionalizar, quer para pagar, quer para formar consciência proletária no povo, o que no seu terceiro ano de mandato começava a aparecer. Nós corríamos com ele, Cristão para o Socialismo, movimento religioso formado por freiras sacerdote e laicos, colaborou intensamente nessa campanha. Devo confessar que fui um desses, apesar de não ser homem de fé. Não mentia, defendia.

A corrida de Allende em tantas direcções, não o esgotaram. A sua popularidade continuava a subir, como aconteceu nas eleições municipais de 1972, em que a sua votação cresceu para 52% em todo o país.

Foi assim que pensou fazer um plebiscito, como a lei permitia, para perguntar ao povo se queria ou não que ele continuasse como Presidente. Estávamos certos que ganharia com uma percentagem de mais de 50% dos votos. Pensou apresentar a ideia ao povo, com consciência proletária em transição acelerada, a 12 de Setembro e confiou esse segredo, que poucos de nós sabíamos, ao General em Chefe das Forças Armadas.

No terror desse possível sucesso, o general advertiu de imediato as Forças Armadas, o General Leigh a CIA, e o golpe de Estado teve de ser antecipado e improvisado, sendo realizado na data que sabemos, um dia antes de anunciar a ideia de plebiscito ao povo do Chile.

Allende correu a alta velocidade, mas não atingiu o fim: foi assassinado a 11 de Setembro pelas forças que temiam o Chile como país socialista marxista...A transição tinha começado…mas foi brutalmente interrompida aquando do assassinato do Presidente…e a sua honestidade.

 

Raul Iturra

11 de Setembro de 2014.

lautaro@netcabo.pt

 

O HERÓI INTERNACIONAL - Prof Raul Iturra

 

 

 

 

Não me contem histórias. Nem da carochinha. Salvador Allende Gossens, médico e político, sabia falar para o povo. Tenho um CD com os seus discursos e, quando sinto nostalgia por ele, os oiço. O que diz, é da atualidade. Se o PS está dividido em 2014, já tinha as suas rijas em 1970, esse dia em que ganhou a presidência à República do Chile, a 4 de Setembro. Se os impostos hoje em dia ultrapassam qualquer orçamento familiar, foi a herança que o Presidente recebeu. Se há greve hoje em dia, nos tempos das suas corridas à Presidencia do Chile, e foram quatro, as greves eram mais graves porque eram da burguesia e dos proprietários do capital, como hoje. Os neoliberais existem em todo o mundo. É só ver a Ucrânia e o cinismo da Rússia, para sabermos como um povo quer se apoderar de um outro. Putin quer desmentir o que é evidente: a quantidade de crianças mortas, de crianças sem pais, o pretendido estado da jidah muçulmana que mata jornalistas novos e a TV tem o prazer de mostrar, os atentados xiitas, que deixam mulheres sem maridos, as viúvas de uma guerra nunca declarada mas que existe, permite comparar os tempos do Chile de Allende, em que um parente nosso, o primo do pai pela parte Merino, foi quem lançara a rebelião que alastrou o chefe das forças armadas, um general desconhecido para o Chile, mas não para nós: era um campónio que era sustentado pelo colégio da aristocracia do Chile com um mote: o burro como nos tem referido tios nossos, colegas de turma, que o tiveram que suportar como amigo ao longo de dezoito anos. O burro usou a economia neoliberal e o Chile enriqueceu sobre os ombros dos que nada tinham.

Uma grande diferença, com todo, aparece na história que narro e tenho reiterado durante 41 anos, os anos da passagem do Presidente a herói internacional que todos os líderes querem imitar e o não conseguem. Não tem havido, nem haverá outro como ele. Fundou o partido socialista do Chile para o descontentamento da burguesia da República, porque os primeiros em entrar, foram os ricos justos que davam terras e bens para os seus trabalhadores. Marchava com o povo, retirou os lucros que as empresas estrangeiras guardavam para si, retirando-lhes a propriedade das minas de cobre maiores do mundo e a riqueza foi distribuída em salários mais altos. Falava com o povo enquanto marchava, não como Cavaco que vê, ouve e cala. O Presidente do Chile fez proprietários das riquezas não os seus amigos nem convidou ninguém de fora a usufruir de riquezas mal havidas, como as do BES, as do BIC, a ANA e outras soluções que são denominadas o avanço internacional concorrencial do mercado. Bem ao contrário: Chile era chileno, com os chilenos e para os chilenos. Nem meio juro de interesse era cobrado aos patriotas que se aventuravam a criar industrias e fazer do Chile um mercado nacional que trocava bens entre os nacionais e vendia, no exportava, vendia tecidos recuperados, como os do sul em Chiguayante. Nem meio tostão de empréstimo era solicitado para apoiar patrões ricos, bem ao contrário. Costumava dizer: temos vivido com fome, mas vamos sair se laboramos e trocamos produtos dentro dos nossos limites. A diferença era que as trocas recíprocas, eram com países do hemisfério que não cobravam aranceles ente países igualitários.

O Chile ficou virado do avesso. Os proprietários do capital fixo, o dinheiro, ficaram sem eles e os membros do capital variável passaram a gerir os bens, com sindicatos e cooperativas como os gestores da mais-valia. E triunfou. A maior parte da população era proletariado, mas a responsabilidade da gestão dos bens de pátria, fizeram deles gestores de boa qualidade.

O desespero dos antigos ricos foi tão grande: o Chile passava a ser um país socialista porque os bens, por classificação entre minas, produtos da terra, o carvão, eram da sua responsabilidade. As mulheres não se vestiam com peles nos abrigos, usavam roupa de ganga que permitia andar decente e trabalhar, rupa de algodão chileno com sapatos de curtiduras de animais chilenos, empresas radicadas dentro do pais e com trabalhadores nacionais e os que quiserem lá ir trabalhar.

A burguesia ficou apavorada, especialmente os republicanos dos Estados Unidos porque governavam para corporações internacionais, com dinheiro de um fundo NATO, FMI e outros. Ameaçaram o Presidente que ou mudava a política e recriar um país de desiguais como era antes, como USA, como Portugal e Costa o sabe mas cala a boca porque não pode vencer o que é internacional: o neoliberalismo da escola de Áustria, como Seguro conhece e pensa sair em frente. Os históricos socialistas de Portugal, os que respeito e admiro como luso que sou, luso chileno após colaborar com Allende com o meu pequeno partido que me dera prisão e exílio. Dois dos meus chefes queriam saber como era o socialismo em liberdade: o nosso reitor Filipe Mountbatten, e o meu chefe direto, Jack Goody: tiveram que tomar conta de mim e da minha família e cá vamos andando pelas alamedas que Allende abriu e Cavaco que fechar. Quarenta e um anos de luta fratricida entre o governo dos pobres param todos, e o governo dos ricos vai triunfando. Passos Coelho o sabe e Paulo Portas também. Allende o soube e tomou a melhor decisão da sua vida: não o deixavam governar, uma guerra civil aparecia distante, mas se aproximava até incendiar o Belém chileno, La Moneda, com Hawker- Hunters. Evitou a guerra civil inevitável com o apoio Nixos e Kissinger, retirando-se do caminho, matando-se. Houve prisioneiros, houve desparecidos, mas um país que ressuscito das cinzas de Allende como a Fénix. O que os lusos não se atrevem a fazer: demitir o governo por falta de produção, com greves após greves.

Allende deu o exemplo que Cavaco no entende, não digo matar-se, mas sim resignar entregar o país às mãos dos que entendem e não têm Alzheimer nem amigos industriais: aos sindicatos, a um PS unido porque Costa deve reparar que não sabe como ser PM de um país em dívida.

Raul Iturra

11 de Setembro de 2014, a 41 anos após a morte de um Allende que salvou o Chile, com governo socialistas, educação igualitária e livre: acabou com a privatização que empobrece os despedidos e enriquece outros países….

lautaro@netcbo.pt

 

 

 

AS MINHAS MEMÓRIAS E A SEGUNDA MORTE DE ALLENDE

 

Derradeiro discurso de Allende, Rádio Magalhães, às 14 horas, antes da sua morte

Pode aceder ao discurso em http://www.youtube.com/watch?v=g1QJ-y_xUmk

AS MINHA MEMÓRIAS, E A SEGUNDA MORTE DE ALLENDE

Bem sei que no mês de Abril a primavera devia estar em pleno esplendor, com árvores carregadas de flores, promessas de deliciosas laranjas, amêndoas, maçãs, pêssegos e outras que nem me quero lembrar para não parar a escrita e ficar doente de tanta doçura. Promessas de flores que podem, ou não, acabar em fruto. Entre o Chile e Portugal, as estações são opostas: estamos no Outono no Chile e na Primavera em Portugal. Apesar disto, a realidade económica e social está às avessas da natureza: em Portugal vive-se um escuro Outono e no Chile, desponta com todo o vigor a Primavera, pois é um país com um alto Produto Interno Bruto (PIB).

Aliás, são épocas que me fazem lembrar problemas políticos de sangue e areia. Sangue, porque na Primavera do Chile foi assassinado (em Setembro) o Presidente da República, Salvador Allende, enquanto em Portugal acabaram com o Primeiro-ministro. José Sócrates, quem, como Allende no Chile, tem feito o impossível para manter a Nação com uma alta produtividade e, paralelamente, com uma divida baixa. No entanto, estamos a viver uma situação, diria, muito particular: há, pelo menos, vinte anos que a história económica de Portugal, entrou em falência. O país entrou na Comunidade Europeia e, infelizmente, o dinheiro que recebeu não foi investido, foi gasto. Falta de poupança que se verifica muito antes da entrada nas aventuras da vida política do nosso actual Primeiro-ministro. No entanto, é sobre ele que recaí a acusação quanto aos projectos de Economia e Crescimento, ruinosos para o país, afirmam alguns. Mas como? Se a nossa nação já estava em falência. O que Sócrates tentou fazer sem sucesso, foi o que Allende fez, na tentativa de salvar o deficit ou valor a menos do PIB, que nos persegue nas últimas décadas. Allende no Chile confiscou e nacionalizou as riquezas nacionais que se encontravam em mãos estrangeiras. Decisão que lhe custou a vida. Era materialista histórico. Para as suas opções, usava imenso a frase de Lincoln:

A democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo.

Na entrevista realizada antigamente, por dois aprendizes de feiticeiros (quanto a entrevistas), tentaram encurralar o nosso antigo Primeiro-ministro, que nem tempo tinha para explicar o pretendido. A conversa fechou-se no Programa de Estabilidade e Crescimento, uma excelente ideia, em minha opinião, para salvar o país da falência, como aconteceu noutros países europeus, excepto na Alemanha, que parece ser, como diz Sócrates, o país proprietário dos outros países e das suas dívidas. Os conselhos germânicos, afinal nada adiantam para os outros países, pelo contrário: o encontro do nosso líder socialista com a Chanceler Alemã Ângela Merkel do Partido CDU ou União Democrata -Cristã, causou a desgraça do nosso PM. Bem sabemos que moramos e vivemos num país cristão, que sem Fátima não existiria. Crentes ou não, Fátima é o altar da pátria, mas com minúscula, porque quem comanda não é a denominada Nossa Senhora, é o Primeiro-Ministro, mas até um limite. Os Partidos que encurralaram a Sócrates e o levaram a demitir-se do seu cargo, excepto os de esquerda, são todos católicos cristãos. Os não cristãos, têm outra bulha com ele, motivada, penso eu, pelos acordos estabelecidos com Merkel, de crença luterana cristã, para desgosto da nossa esquerda.

Mas o que me causou um tremendo desgosto, foi a entrevista dada para o Canal 1 da RTP ou melhor, foi observar a cara de raiva dos entrevistadores, sobretudo a da rapariga (cujo nome oculto). Em menos de 30 minutos, Sócrates, nesses tempos, foi julgado na praça pública, sem tempo para ripostar: os jornalistas lutavam entre si para ver quem seria o melhor a julgar. É a moderna juventude, que nem respeito guarda pelas hierarquias, apenas quer lucrar, neste caso com a suposta melhor entrevista. O tiro saiu pela culatra. Foi a pior entrevista que tenho visto para o nosso PM. quem, no entanto, hoje é pensado como candidato a presidência da República

Allende era um respeitoso da crença dos outros e acompanhava o povo e o exército na comemoração da Padroeira Jurada do Chile, a Nossa Senhora do Carmo (del Carmen, em castelhano chileno.) Sócrates, acompanhava os Papas ao Santuário de Fátima. Passos Coelho, nunca tem tempo para nada nem o PR. Em Dezembro vamos ver com a canonização do Papa de Fátima, Karol Wojtila, ou João Paulo II, e o de Ângelo Roncaglio ou João XXIII. Cavaco Silva e Coelho dos Santos devem-se disponibilizar para o que vai ser o grande negócio de Portugal, a santificação de Karol Wojtila, esse Papa que fez do santuário, um ara internacional. Ângelo Roncaglio nunca cá esteve.

A entrevista referida causou-me, assim como os jornais diários, um imenso nojo que me faz pensar que estes ataques a um líder solidário, é como a segunda morte do meu querido Presidente, Salvador Allende. Ele foi assassinado. O que tenho visto na Assembleia e na televisão, é como a sua segunda morte na pessoa de um antigo PM, hoje comentador televisivo e candidato presuntivo à Presidência da República. A política tem razões que a razão não entende

Não esqueça o leitor que o texto é das minhas memórias e falo de Sócrates como PM, porque foi o começo do derrube da nossa economia tal e qual a vivemos hoje em dia. Não há continuidade ideológica, mas sim das finanças e da economia. Comparar Sócrates com Passos Coelho e Paulo Portas que vive de birras, fez-me lembrar o herói internacional, Salvador Allende que sabia o que era a democracia, como me parece que José Manuel Sócrates também sabe.

Tenho sido criticado por comparar Sócrates com Salvador Allende, mas, tendo vivido sob o poder dos dois, parece-me justo, especialmente porque o seu derrube causou uma falência económica que todos sofremos hoje em Portugal. Falência que começara já nos anos 70 do Século passado, com empréstimos solicitados por Ramalho Eanes. Para o cumprimento dos planos do 25 de Abril que o governo atual não respeita.

Raul Iturra

31 de outubro de 2013.

lautaro@netcabo.pt

 

 

 

 

 

 

O DITADOR CAVOU O SEU PRÓPRIO TÚMULO

 

 Esta é a imagem mais conhecida do ditador do Chile. Foi o começo do seu fim, apesar dos seus 16 anos de ditadura criminosa.

 

Nasceu em Valparaíso, a 25 de novembro de 1915 e faleceu em Santiago, a 10 de dezembro de 2006). Esses 91 anos de vida foram o primeiro degrau para o túmulo que ele cavou para si próprio.

 

Não é bem assim o que eu sabia da família Pinochet. Apesar da história oficial dizer que era filho de um oficial francês, nas minhas pesquisas na Cordilheira dos Andes, de parte do lado chileno, os Pinochet eram pequenos proprietários rurais da vila de Chanco, Concelho de Pencahue, da Província de Talca, o rim da aristocracia chilena, para os ricos. Os Pinochet foram estudados pelo historiador local Hector Bravo, quem me contara que a família Pinochet era cumprida e tinha parentes em todos os sítios de Chile. Note-se bem que a infância do ditador é oculta, está escondida trás a frase de ter realizado os seus estudos primários en Valparaíso. Oculta o nome da sua escola, onde estudava por caridade no Colégio Privado dos Sagrados Corações ou Padres Franceses. Colégio das famílias antigas do Chile, com muito dinheiro, denominados também a aristocracia chilena. Era a academia dos membros varões da minha família, rama materna, onde se preparavam para ser depois médicos, advogados, arquitetos, políticos. Para as mulheres dos que podiam, havia o colégio dos Sagrados Corações das Freiras Francesas. O único membro da família que não quis assistir ai, fui eu próprio, estudava em casa até onde a lei o permitia, os 11 anos de idade, escolhi os frades dominicanos, que se importavam mais com o saber que com os meios económicos. Era já socialista desde a minha primeira infância. No caso do ditador, diz a minha parentela que ai estudava, que um dia a mãe chegou e implorou para seu filho ser admitido no colégio francês, por ser neto de um coronel francês, e filho de Maria Augustas Ugarte viúva do coronel francês Marc Antoine Pinochet, que não teve pensão das forças armadas da França por ter-se retirado das mesmas.

 

Os Padres Franceses fizeram as vezes de Estado Francês e o aceitaram sem ter que pagar e até lhe ofereciam os livros para estudar, enquanto a sua mãe costurava para outros para ganhar a vida. Era, como diz a minha parentela, um rapaz pouco inteligente e tímido, sempre a usar o mesmo fato: o uniforme do colégio, não tinha outra roupa. Os seus colegas voltavam a casa de carro, ele, a pé. Diz essa minha parentela que ele justificava o seu andar e falta de carro, por caminhar era bom para a sua saúde. Foi nessa altura da sua vida que teve raiva com os famosos e ricos e essa raiva não lhe permitia estudar e os seus colegas, homens de fé, o ajudavam a cumprir os seus deveres estudantis, especialmente na matemática, da qual nada entendia. Teve uma infância triste, pobre e desfavorecida. Foi denominado o burro Pinochet e com essa alcunha ficou até se transferir à Escola Militar, onde fez carreira. No ambiente de iguais, onde iam os que não tinham destino na vida, sentia-se em casa e era um homem fiel à Constituição que jurou cumprir para defender o Estado Chileno em caso de guerra ou conflitos fronteiros. Era calado e o General em Chefe das Forças Armadas, no dia do seu retiro, o recomendou ao Presidente Allende como General em Chefe das Forças Armadas do país. Allende confiou em ele e confidenciou um dia que realizaria um plebiscito para perguntar o povo se devia ou não continuar como Presidente de Chile. Marcou a data para o 12 de Setembro de 1973. O dia prévio, foram falar com ele os altos mandos da marinha, da aviação e das forças da ordem o Carabineros Ele não queria complotar e foi o General da Força Aérea, sabedor do amor que este chefe tinha pelas FFAA de terra, quem lhe dissera que era natural que o Comandante em Chefe da Forças de Terra liderara o golpe de Estado contra Allende, o que o fez sentir-se importante e aceitou e transferiu o seu saber do plebiscito de Allende, para adiantar o alçamento para o dia 11. Esse dia o cobarde general, que procurava amizades, não tinha ninguém que lhe prestara confiança, alinhou com o alçamento porque seria ele a mandar em todos. E atacou. Tenho comigo o CD em que se comunica cos os agora subalternos, que revela como a sua raiva o fez esquecer os seus juramentos sobre a Constituição e ao Generalíssimo das Forças Armadas, o Presidente Allende, quem o mandou chamar, mas era tanto o medo que sentia, que nem atendia o telefone nem os waki-taki. Temia voltar para trás, agora que ele mandava e adorava o mando. Ouve-se dizer, nessa forma maulina de falar: se mata à perra e se acaba a leva.. Referendo de esse modo a seu Presidente, a quem havia jurado respeitar, como está relatado em Antepasados maulinos del presidente de la República General Don Augusto Pinochet Ugarte”- Jorge Valladares Campos. Era de origem Picunche de Chanco, dos Pinochet rurais, parentes do seu pai, Editorial del Pacífico, Santiago de Chile, 1979.

 

Podem-se dizer do ditador estas palavras: foi um general do exército chileno, tornado presidente-ditador do Chile, através de um Golpe Militar em 11 de Setembro de 1973, pelo Decreto-lei Nº 806 editado pela junta militar (Conselho do Chile), que foi estabelecida para governar o Chile após a deposição e suicídio1 de Salvador Allende, e posteriormente tornado senador vitalício de seu país, cargo que foi criado exclusivamente para ele, por ter sido um ex-governante. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Pinochet

 

É sabido que foi liquidando um a um a todos seus colegas do alçamento militar: o primeiro foi o General Leigh, baleado no seu automóvel, mandou a retiro a César Mendoza e deixou junto a ele o Almirante José Toríbio Merino, alcoolizado, que era quem devia dizer as inconveniências do Governo, como Salazar em Portugal, em conversas radiofónicas semanais, porque o povo não acreditava em ele. Outro degrau para o seu túmulo. Nada satisfeito com a Constituição de 1925 de Arturo Alessandri, nomeu um grupo de juristas para redigir uma nova Constituição, com um artigo que definia que o Presidente do Chile era denominado Capitão Geral, durava oito anos no exercício do seu argo e podia, após plebiscito em 1988, manter-se mo seu cargo por mais outros oito anos e assim sucessivamente. Outro degrau para o seu túmulo. João Paulo II, o Papa Católico, visitou Chile em 1986, não para ver o ditador, por quem foi recebido por ser Chefe de Estado, mas para falar com Patrício Aylwin, líder da oposição e ensinou a eles e outros esperar dois anos para o plebiscito e entretanto marchar em silêncio para a campanha do Não e derrubar o ditador sem disparar um tiro. Esse Wojtila que já havia derrubado dois governos na europa soviética, na Polónia e na Checoslováquia. O povo teve essa paciência, esperou. Pressionado pela comunidade internacional, cumpriu em 1989 a promessa de realizar um plebiscito. Isso abriu caminho para uma onda de protestos populares, contra o regime, que culminou com a campanha do "não" no plebiscito de 1988, que determinaria o direito de Pinochet concorrer a novo mandato. A correr, a oposição à ditadura organizou partidos, abriu o Congresso, procurou os votantes e em 1990, Patrício Aylwin foi eleito presidente com o sufrágio de todos os partidos. Em 18 de Fevereiro de 1988 foi vencido, por pequena margem no plebiscito que teria prolongado seu mandato por mais oito anos (55% dos votantes exprimiram-se contra a permanência do general no poder). Em 1989 foram realizadas as primeiras eleições desde 1970, quando o General Pinochet entregou a presidência ao democrata-cristão Patricio Aylwin, o vencedor das eleições, em 11 de Março de 1990. Pinochet conseguiu manter-se como o mais alto responsável pelas Forças Armadas do país, até Março de 1998, altura em que passou a ocupar o cargo, por ele criado, de senador vitalício no Congresso chileno, ao qual renunciou em virtude dos problemas de saúde e das diversas acusações de violações aos direitos humanos. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Pinochet#.22N.C3.A3o.22

 

 

 

Cheio de raiva, teve que deixar o poder, mas não a chefia das Forças Armadas, foi a Londres e, como sabemos, já fora do seu território, por um mandato internacional de captura emitida pelo Ministro da Corte de Apelo de Espanha, Baltazar Garzón, foi aprisionado, julgado e mantido en prisão. Mais tarde, foi devolvido a Chile, onde foi julgado e faleceu durante o julgamento aos 91 anos. A sua ambição de poder cavou o seu túmulo, por causa de essa nova Constituição promulgada por ele e que submetia o seu mandato à vontade soberana, certo estava que ia ganhar.

 

O ditador cavou o seu túmulo… Morreu réu de cries de sangue, sem sentença, porque a morte o levou antes, mas a do povo vale como a da Corte de Apelo. Quase oito anos de prisão e julgamento, o último degrau para o túmulo que ele próprio construiu com a sua ambiciosa e auto centrada constituição, que, hoje e dia, já foi mudada…O governo chileno, porém, não lhe deu honras de Chefe de Estado nem decretou luto oficial. Referiu-se à sua pessoa apenas como general Pinochet e enviou apenas uma representante para os funerais, a ministra da Defesa Viviane Blanlot, cuja presença ao lado do esquife foi recusada pelos filhos de Pinochet. Da mesma forma, a presidente chilena, Michelle Bachelet - que foi presa, torturada e exilada durante a ditadura militar comandada por Pinochet - recusou-se a comparecer ao enterro de seu antigo algoz.Raúl Iturra

 

11 de Setembro de 20113, mesmo dia e hora em que ele se alçara contra o Presidente Constitucional Salvador Allende, eleito por sufrágio e não auto denominada Presidente da República, largando todas as promessas e juramentos feitos antes. Matou e exilou tantos, em conjunto com as outras ditaduras da América Latina.

 

lautaro@netcabo.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nos 40 anos da morte de Salvador Allende e Pablo Neruda

Estimados compatriotas y amigos,

Les informamos que la Fundación José Saramago, junto a la Fundación Mário Soares, realizan durante septiembre un conjunto de actividades para marcar los 40 años de la muerte de de dos figuras chilenas universales, el ex Presidente Salvador Allende y el poeta y premio Nobel Pablo Neruda.

La programación se divide en dos partes, dedicando los primeros días a Salvador Allende, y a Chile en general, y los segundos a Neruda y su obra.

Habrá un ciclo de cinema dedicado al ex Presidente chileno, en asociación con Doc Lisboa, que integra filmes de Patricio Guzmán, Paulina Costa y Carmen Castillo, y que termina con la exhibición de la pelicula Il Postino, de Michael Radford.

En las dos conferencias programadas, 11 y  23 de septiembre, a las 18h30, estarán presentes Fernando Rosas y Mario Dujisin, para hablar de Salvador Allende y de aquellos días en Chile, y Fernando Pinto do Amaral y Raquel Baltazar, para celebrar la poesia de Neruda.

Todas las sesiones se realizarán en la Casa de los Bicos, con entrada libre, sujeta a la disponibilidad de la sala.

La exposición Chile: Memoria Resgatada, de fotografías de Armindo Cardoso, será inaugurada el día 19, a las 18 horas, en la Fundação Mário Soares.

En ese mismo contexto, el Festival Doc Lisboa programó el ciclo "1973-2013. El Golpe de Estado en Chile: 40 años después", que se realizará entre el 14 y el 23 de Octubro, semana que anterior a la edición de este año del Festival. 

Adjuntamos el programa completo.

Por último, la asociación “Cidadãos Por Coimbra” nos ha informado que realizará las siguientes actividades en esa ciudad para conmemorar los 40 años de la Unidad Popular de Chile, el próximo miércoles 11 de septiembre 2013:

1. Monumento ao 25 de Abril – 12h30 - Breve homenaje.

2. Sede de CPC – 15h00 a 18h00 - Exposición iconográfica, música y minuto de silencio en honor de la muerte de Allende (17h50)

3. Café Santa Cruz  – 18h00 – 13º Coimbra Escucha – Homenaje a Salvador Allende y a Pablo Neruda - Con Abílio Hernandez, José Manuel Pureza, José Reis y moderador José Dias.

Están todos invitados a asistir y difundir estas actividades.

Un abrazo y buen fin de semana,

Sección Consular de la Embajada de Chile en Portugal

Avenida Miguel Bombarda, 5 – 1º, 1000-207 Lisboa.

fono: (351) 213148054,
( enviado por Prof Raul Iturra )

Último discurso de Salvador Allende

 

Amigos míos:

Seguramente esta es la última oportunidad en que me pueda dirigir a ustedes. La Fuerza Aérea ha bombardeado las torres de Radio Portales y Radio Corporación.

Mis palabras no tienen amargura, sino decepción, y serán ellas el castigo moral para los que han traicionado el juramento que hicieron... soldados de Chile, comandantes en jefe titulares, el almirante Merino que se ha auto designado, más el señor Mendoza, general rastrero... que sólo ayer manifestara su fidelidad y lealtad al gobierno, también se ha nominado director general de Carabineros.

Ante estos hechos, sólo me cabe decirle a los trabajadores: ¡Yo no voy a renunciar! Colocado en un tránsito histórico, pagaré con mi vida la lealtad del pueblo. Y les digo que tengo la certeza de que la semilla que entregáramos a la conciencia digna de miles y miles de chilenos, no podrá ser segada definitivamente.

Tienen la fuerza, podrán avasallarnos, pero no se detienen los procesos sociales ni con el crimen... ni con la fuerza. La historia es nuestra y la hacen los pueblos.

Trabajadores de mi patria: Quiero agradecerles la lealtad que siempre tuvieron, la confianza que depositaron en un hombre que sólo fue intérprete de grandes anhelos de justicia, que empeñó su palabra en que respetaría la Constitución y la ley y así lo hizo. En este momento definitivo, el último en que yo pueda dirigirme a ustedes,. quiero que aprovechen la lección. El capital foráneo, el imperialismo, unido a la reacción, creó el clima para que las Fuerzas Armadas rompieran su tradición, la que les enseñara Schneider y que reafirmara el comandante Araya, víctimas del mismo sector social que hoy estará en sus casas, esperando con mano ajena reconquistar el poder para seguir defendiendo sus granjerías y sus privilegios.

Me dirijo, sobre todo, a la modesta mujer de nuestra tierra, a la campesina que creyó en nosotros; a la obrera que trabajó más, a la madre que supo de nuestra preocupación por los niños. Me dirijo a los profesionales de la patria, a los profesionales patriotas, a los que hace días estuvieron trabajando contra la sedición auspiciada por los Colegios profesionales, colegios de clase para defender también las ventajas que una sociedad capitalista da a unos pocos. Me dirijo a la juventud, a aquellos que cantaron, entregaron su alegría y su espíritu de lucha. Me dirijo al hombre de Chile, al obrero, al campesino, al intelectual, a aquellos que serán perseguidos... porque en nuestro país el fascismo ya estuvo hace muchas horas presente en los atentados terroristas, volando los puentes, cortando la línea férrea, destruyendo los oleoductos y los gasoductos, frente al silencio de los que tenían la obligación de proceder: estaban comprometidos. La historia los juzgará.

Seguramente Radio Magallanes será acallada y el metal tranquilo de mi voz no llegará a ustedes. No importa, lo seguirán oyendo. Siempre estaré junto a ustedes. Por lo menos, mi recuerdo será el de un hombre digno que fue leal a la lealtad de los trabajadores.
El pueblo debe defenderse, pero no sacrificarse. El pueblo no debe dejarse arrasar ni acribillar, pero tampoco puede humillarse.

Trabajadores de mi patria: tengo fe en Chile y su destino. Superarán otros hombres este momento gris y amargo, donde la traición pretende imponerse. Sigan ustedes sabiendo que, mucho más temprano que tarde, de nuevo abrirán las grandes alamedas por donde pase el hombre libre para construir una sociedad mejor.

¡Viva Chile! ¡Viva el pueblo! ¡Vivan los trabajadores!

Éstas son mis últimas palabras y tengo la certeza de que mi sacrificio no será en vano. Tengo la certeza de que, por lo menos, habrá una lección moral que castigará la felonía, la cobardía y la traición.

A MORTE DE SALVADOR ALLENDE - Prof Raul Iturra

 

A MORTE DE SALVADOR ALLENDE

http://www.youtube.com/watch?v=rIBuUUlOcGk

HINO NACIONAL DO CHILE

http://mais.uol.com.br/view/1575mnadmj5c/salvador-allende-retorna-ao-palacio-de-la-moneda-040272CC896307?types=A

Ligação ao vídeo Palácio da Moneda em Chamas e bombardeado

Era uma grade surpresa para os meus professores da minha Universidade Britânica de Cambridge, que um médico político, socialista e marxista, tiver sido eleito Presidente do Chile. Os já agora meus chefes, tinham lutado pela República da Espanha: George Orwell e Maurice Dobb, sempre referiam esses dias e como o povo lutou para salvar a liberdade conquistada e 1928, dia em que o Rei Alfoso XIII demitiu-se, a República foi proclamada e Manuel Azaña a presidiu. Jack Goody, meu chefe directo, não lutou pela República Espanhola, por ter estado em Auschwitz como prisioneiro de guerra. Curioso por saber como um marxista e fundador do Partido Socialista era Presidente do conservador Chile, enviou-me a mim e família para indagar como era possível esse facto. Solicitei ao meu amigo e Reitor, Fernando Castillo Velasco, ser enviado a uno dos campus de Pontifícia Universidade do Chile, aceitou e endereçamos para a cidade de Talca, fui enviado a sucursal de Talca, a 350 quilómetros ao Sul de Santiago. Área denominada rim da aristocracia chilena: todos tinham milhares de hectares de terra preta, vinhas, casas imensas e um número impossível de contar de jornaleiros para trabalhar ara eles. A nossa família possuía bens, mas nunca fui a casa deles. O meu pequeno grupo doméstico habitou na nossa casa da cidade e eu, interessado, fui morar a casa de jornaleiros, fundamos uma Universidade para camponeses, com aulas a noite, e fim de semanas, trabalho e aulas de dia aconteciam nos sítios do trabalho rural. Escrevi três livros sobre a experiência, todos eles queimados quando fui feito prisioneiro pelas forças armadas e levado a um campo de concentração para ser fuzilado.

Allende habitava na sua casa pessoal da rua Tomás Moro, como a sua família, sendo o Palácio de La Moneda o la Casa Toesca, o arquiteto da casa, um sitio para cunhar moeda, dai o nome de La Moneda para o edifício, construída no Século XVII, passando a ser, com Allende, apenas um lugar de trabalho para a Presidência da República. Era um prédio antigo e elegante, bem mobilado que destruía a ética que um Presidente deve ter, especialmente se tem morado em casas pobres, o que não era o caso do Presidente Allende. Vivíamos felizes esse ano e meio do começo do governo, até que o Senhor Presidente começou a correr para cumprir o prometido: confiscar terras, indústrias, fábricas e as entregar aos seus legítimos proprietários, os jornaleiros, que de produção nada era capaz de saber, apenas de obedecer as ordens do capataz, do patrão e dos engenheiros agrónomos, pagos com as vendas de bens. A produção era um saber especializado que tentamos ensinar. Dai, também, as nossas escolas para camponeses, o CEAC- Centro de Estúdios Agrários e Campesinos, para homens e mulheres. O cobre do Chile foi confiscado e passou a mãos dos chilenos, sem nenhuma compensação, como aos antigos proprietários de indústria de lucro: já ganharam muito ao longo destes mais de trezentos anos, era bem ao contrário, os usurpadores deviam devolver o lucro da mais-valia retirada aos operários, costumava dizer o Companheiro Presidente. Acabaram os tratamentos protocolar, éramos todos iguais, como Babeuf escrevia no seu jornal, La Gazette du Peupleespecialmente no dia 27 de Fevereiro de 1785: Le Manifeste de plébéiens, ou, en lingua Lusa,O Manifesto dos plebeus.

 

o longo do texto. O Ditador queria ver-se livre da acusação e mandou realizar uma autópsia: Allende tinha morto só, sem assistência, por causa da Pátria; uma segunda e terceira autópsia, comprovaram o acerto: entrou só e calmo ao Salão Toesca, cruzou a Banda Presidencial, usou o rifle oferecido por Fidel Castro. Em silêncio e sereno, disparou e faleceu: o tiro tinha sido na cabeça.

Após 17 anos de ditadura e de matar pessoas por meio do grupo de ditadores de América Latina, com Patrício Aylwin como Presidente, O Companheiro Presidente teve exéquias de Estado com soberanos de todo o mundo. E uma estatua no Jardim dos Presidentes do Chile, construído no Palácio de La Moneda.

O povo levou a urna a pé entre Viña del Mar e Santiago; o soberano de outros países não pudera assistir ao funeral, porque o povo apoderou-se mais uma vez da urna, construída com cedros do Líbano. Nasceu em Valparaíso a 28 de Junho de 1908. Foi orientado ao suicídio calmo e racional, pelas forças armadas do Chile, orientadas pelos assassinos da América do Norte, a 11 de Setembro de 1973.

Raúl Iturra

1 de Setembro de 2013.

lautaro@netcabo.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

Aniversário Nascimento de Salvador Allende, 26 de Junho de 1908

hoje seriam 105 anos… mas a Tencha faleceu em 1909 enquanto falava com a sua filha em casa, morreu como viveu: a dar lições a Senadora Isabel Allende Bussi… não há festa…

 

COMEMORAÇÃO 100 ANOS NASCIMENTO DE SALVADOR ALLENDE

http://www.youtube.com/watch?v=NYJjYkKAYOE


A conheci como Primeira-dama da República do Chile. Sempre bem penteada, bem vestido, magra, sorridente, amável e serena. Falava de forma cadenciada, com o seu sorriso sempre alegre, sem gargalhadas: uma Senhora. O seu marido, que era um pituco (betinho em Português Europeu), adorava vê-la bem vestida, perfumada, mas sem pintura: devia ser o exemplo da mulher do povo chileno, que tinha sérios limites para comprar indumentária como Dona Tencha. Era, porém, parca na sua vestidura, mas elegante para o seu marido.

Tinha nascido em Rancagua, cidade situada no centro sul do Chile, a 22 de Julho de, 1914 e falecido em Santiago a 18 de Junho de 2009, uma Quinta-feira (Jueves en Castelhano) seis anos após a comemoração do centenário do seu marido. Foi a última vez que assistira a uma comemoração pública. Um ano depois, falecera aos seus 94 anos, um ano a seguir a festa dos cem anos do seu marido, o Presidente Constitucional do Chile.

Coube-me o prazer da receber em Cambridge, por ser o chileno mais antigo n Grã-Bretanha, ter boas relações com o Primeiro-ministro Billy Callagham, quem a tratara como a toda Primeira-dama, um apoiante de Allende, da sua família, e do povo chileno. Com ele, entramos mais do que trezentos chilenos a morar nas ilhas, com trabalho e bolsas para estudos, outorgadas pela instituição do World University Service.

Em Cambridge ficara em casa do amigo de Allende, o seu Embaixador César Bunster e a sua mulher Raquel Parot.

Foi ai que reparei que o estipêndio concedido pelo Presidente do México, tinha acabado junto com a sua presidência. O sucessor de Echeverria era de outra ideologia. Começamos a juntar moeda para a sustentar e, na nossa Universidade, reparei que, de forma digna, tentava ocultar os buracos das mexias, manter a sua única indumentária limpa e elegante. Falei com as minhas amigas Mónica Echeverria Yáñes de Castilho, a mulher do meu antigo Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Chile, aos que asilara e conseguira trabalho como Catedrático na nossa britânica Universidade de Cambridge. Raquel Parot não precisava, estava asilada já na ruiva albeão, como mulher do Embaixador exilado pela ditadura chilena.

Em silêncio e discrição, elas e a minha mulher, compraram a vestimenta apropriada e nunca contaram a ninguém. A Tencha ficou vestida como correspondia a sua hierarquia de Primeira-dama, não apenas para Cambridge, bem como para muitos anos da sua vida.

Era assim querida a Tencha, os dinheiros oferecidos eram por poucas pessoas e em segredo. Coube a Senadora Isabel Allende Bussi, manter a família, em conjunto com a filha adotada, a sobrinha escritora, Isabel Allende Llona.

A seguir esses dias, eu nunca mais fui capaz de vê-la. Ela não saía de casa com os seus de 94 anos (Rancagua,22 de julio de 1914[3]Santiago, 18 de junio de 2009). A vi no meu coração, onde guardo o carinho que sempre tive por ela. Guardo um carinho especial por tão valente e convicta mulher.

11 de Setembro de 2011-reescrito e revisto a

1 de Setembro de 2013.

Raul Iturra

lautaro@netcabo.pt

 

 

A SUA EXCELÊNCIA, O DR. SALVADOR ALLENDE GOSSENS

 

Em breve será o 40º aniversário do assassinato do Presidente Constitucional do Chile, a Sua Excelência o Dr. Salvador Allende. Dr. por ser médico, e não por arrogância como em muitos sítios da Europa e da América Latina, continentes que, apenas se tem um grau académico, as pessoas gostam de serem ser denominadas Dr. Enquanto nos Doutores, costumamos pedir sermos chamados pelo nome. Excelência, por ter sido a forma de se endereçar a ele como Presidente de todos os chilenos. Protocolo que acabou quando ele foi eleito por sufrágio universal, Presidente da República do Chile. O Presidente gostava ser denominado Companheiro Presidente, e assim era que nos endereçávamos quando tínhamos a sorte de falar com ele.

 

A sua história é conhecida por todos. O que não se sabe, era da sua calma, serenidade tratamento igualitário à Babeuf1 da Revolução francesa. Como ele, lutava pela igualdade, usando o socialismo científico da Karl Marx, retirado, como devoto luterano que era, da teoria económica de Lutero dos anos dos 1540 em frente.

 

O Companheiro Presidente como se sabe, fez todo, excepto ser médico. Ministro de Estado nos Governos Radicais dos anos 30 do século passado, Senador2 durante vinte anos e Presidente da República, eleito para seis anos, mas que não conseguiu atingir pela traição da Forças Armadas do Chile, inédito a nossa História Cronológica, por ordem dos manda chuvas Nixon e Kissinger. História mais do que sabido.

 

A sua vida familiar e como indivíduo tímido que era, é outra história. Teimoso e persistente, mas com respeito a humanidade e direito dos outros, excepto à burguesia que explorava a imensidão do povo pobre que era o Chile.

 

Nunca esqueço do dia, comigo ainda no Chile e com quinze anos de idade, que um dos motoristas do nosso Senhor Pai, entra na nossa quinta, colocada no sítio mais alto das terras da indústria que produzia força eléctrica e separada dos 370 descosidos que para ele trabalhavam, para me dizer: Don Raulito, está o Senador Allende às portas das terras e da população, mas o Senhor Engenheiro o não o deixa entrar, mandou fechar o portão e colocou a Guarda Civil para ele se afastar. No Chile são chamados Carabineros e fazem parte das Forças Armadas. Furioso, percorri a correr esses dois quilómetros que separavam a nossa quinta das casas do operariado, entrei de imediato ao quartel da polícia e mandei abrir as portas. A Guarda não queria, mas eu bati com um punho na mesa, acrescentei que era uma ordem para ser obedecida e que do Patrão, eu tratava depois. Agarrei de um braço ao chefe da guarda, fomos cumprimentar ao Senador, enquanto o resto dos carabineros corriam a abrir os portões da propriedade privada mandei a Guarda entrar aos seus aposentos, e acompanhei ao Senador casa após casa, para falar com as pessoas. Aliás, mandei um outro operário para juntar pessoas e o encontro foi feito com discurso nas partes públicas dessas terras. O Senador preocupado por mim, disse-me para me ir embora. Não ouvi: era o dinamizador da salada. Fiquei, ouvi, cumprimentei a todos e cada um dos operários, referi que não sofreriam represálias, e assim foi: o debate foi feito em casa à qual tinham acesso livre toda a Democracia Cristã, que mais tarde ajudara a derrubar ao Presidente Constitucional, voltando atrás ao perceber o delito que tinham cometido e ajudaram a libertar o país...após muitas mortes, cadeia, exílios, ente os quais, o meu, o de minha mulher, filha de um General, sendo hoje a nossa descendência Britânica, outra Neerlandesa ou Holandesa como são enganosamente denominados.

 

Saímos do Chile, para estudos de por grau a minha mulher e eu, voltamos atempadamente para as eleições o nosso candidato ganhou. A seguir, nunca mais o vi. No dia da sua morte ganhei um campo de concentração do qual os meus docentes da minha britânica Universidade me resgataram.

 

Desde esse dia fui socialista materialista histórico: a Sua Excelência era o melhor orador. Vamos ouvir os seus discursos e a convicção das suas explicações. A história parece ser a minha, mas é parte da benfeitoria do Companheiro Presidente. Ele foi morto a 11 de Setembro, eu fui empresado e enviado ao exílio até o dia de hoje. Voltar? Imensas vezes, mas por curto espaço de tempo para pesquisar o saber social entre os meus.

 

Silêncio. O Companheiro Presidente fala: http://www.youtube.com/watch?v=xmZnI2C_d7Q&NR=1

 

 

Raúl Iturra

 

Professor Catedrático do ISCTE-IUL

 

Membro do Senado da U de Cambridge- UK

 

Membro Activo de Amnistiaria Internacional

 

lautaro@netcabo.pt

 

Parede Portugal, 28-9-13

 

1 Babeuf, Nöel Gracchus Babeuf (1760-1797), o primeiro que, durante a Revolução Francesa, soube ultrapassar a contradição, da qual tinham-se retirado todos os políticos que se estimavam aderentes à causa popular, uma contradição entre o direito a existência e a recuperação da sua propriedade de trabalho e a sua liberdade de trabalhar onde melhor houver, para ganhar o direito da liberdade económica. Por causa do seu pensamento e da sua actividade com o adágio todos somos iguais, foi o iniciador de uma sociedade nova. Por causa dessa procura de igualdade, o cidadão Babeuf foi guilhotinado pelos seus colegas de Partido, os partisanos de Robespierre Foi um premonitório do tempo da história socialista científico criada por Karl Marx, a sua mulher a Baronesa Prussiana Johanna von Westpalen ou Jenny Marx, e ideias retiradas de um texto sobre a evolução da propriedade privada e a família de Friedrich Engels, sedo Jeny Marx a redatora de Manifesto Comunista, não a autora. É obra de Marx e Engels que não sabiam de escrita. Base dos princípios social -democrata do Companheiro Presidente

 

2 A república do Chile tem um poder legislativo bicameral, como na Grã-bretanha. O Senado era a Câmara Alta e o poder era exercido pelo Presidente da República por meio do veto presidencial para um certo tipo de leis.

 

SALVADOR ALLENDE GOSSENS

 

Lo conocí por casualidad. Fue en la época en que se candidateaba para la Presidencia de la República de Chile. Corría contra Jorge Alessandri Rodríguez, en 1954 quien ganara la presidencia por una mayoría de votantes muy baja, pero que le permitió ser Presidente de la República sin consulta al Parlamento. Tenía yo trece años, el Senador Allende, 1954, cincuenta y seis. Supe que visitaba nuestras tierras, en donde nuestro padre era quién poseía la jefatura de una central eléctrica, trabajaba con 350 obreros y 27 técnicos. Mandaba también sobre la fuerza policial. A nuestra casa, en época de elecciones, entraban todos los candidatos de la ideología del ingeniero especialmente la Democracia Cristiana.

El día en que el Senador fue as nuestras tierras, nuestro padre mandó cerrar los portones que permitían el acceso a las tierras de la usina y Salvador Allende quedó del lado de fuera, con apenas un puñado de hombres pobres y buenos bebedores, que lo aplaudían y querían oír su discurso.

Cuando supe de este atropello, no tuve la menor hesitación, fui de inmediata a la casa de los policías, que en Chile son llamados Carabineros y la casa retén, y ordené de inmediato al sargento que abriera las puertas. El hombre estaba partido: Don Raulito, su padre mandó cerrar las trancas. Tozudo, le dije: mi padre será el patrón, que no tiene el derecho a negar la entrada a un Senador, a un representante de nuestra Soberanía, como está definido en la ley. El Sargento dijo disculpe, señor, pero…Ni peros ni paros, dije yo, métanse rápidamente al Retén, que las puertas las abro yo, se encierran y así no me ven. Lo que hicieron esos cuatro policías. Además, hay mucha gente dentro de estas tierras que deseaban oír al Senador y no se atreven a salir por miedo a mi padre. La responsabilidad es mía y si me debe detener después, cumpla pues la ley, que yo me presentaré.

Abrí las puertas, me acerqué al Senador, le pedí disculpas por este desacato y lo convidé a entrar. La única calle de las trescientas casas de obreros, estaba vacía. Le dije a uno de los que yo conocía que acompañara al Senador y me fui a varias casa de los que yo sabía ser socialistas y los convidé. Algunos salieron, otros, se escondieron: estaba montado el lío. Lo deshice como moño de vieja, tomé al Senador por el brazo y fuimos de casa en casa, yo batía, él hablaba. Hasta que, frente a la escuela de ese sitio, Laguna verde por nombre, se juntaron más de cien personas, mandé traer un silla grande, el Senador se subió e hizo su discurso sobre la igualdad social, sobre lo que ganaban más los patrones con las horas de trabajo o más valía, palabra que no usó, porque eran medio analfabetos, especialmente en materias de economía.

Acabó el discurso, fue aplaudido, mi padre no apareció para ver si sus órdenes habían sido cumplidas, pero uno de los choferes le fue a contar. Nuestra madre, española foránea, hija, nieta y biznieta de las damas de compañía de la Reina de España, le dijo que era de mala educación no permitir al pueblo a oír a su candidato, que la ley era igual para todos, le pasó un libro, le dijo siéntate y lee y deja a la gente en paz. Y la gente en paz quedó.

Convidé al Senador a pasear por nuestras tierras, fincas de pinos, y la gente nos siguió y pudieron hablar con él, calmamente. Fue una de las más hermosas tardes que pasé en Laguna Verde.

El Senador tenía que irse, habían más compromisos, lo dejé en las puertas de entrada, me dijo: joven estoy acostumbrado a esto, por eso siempre pierdo, pero con gente como Ud., seguro que gano. Me dio un abrazo, me hizo adiós desde el auto, cerré las puertas, me volví a los que quedaban y hablé: aquí no ha pasado nada. Hemos tenido la suerte que un Senador de la República nos visite. Es una pena que mi padre se haya perdido una tarde tan buena. Váyanse a sus casas, y tomen sus onces-el lanche portugués.

Como prometido, veré las puertas, trancas se dice en Chile, me presenté al retén en donde se habían encerrado los carabineros, balé con el sargento y le dije: aquí me tiene: si he hecho mal, deténgame, si no, voy a tomar té a mi casa. El sargento se cuadró, puso las manos en la visera como si saludara a un capitán, y me dijo: Don Raulito, yo no he visto nada, váyase en paz. Y en paz me fui. En casa no hubo debate, la mamá tejía, preguntó cómo era Allende, se lo describí en presencia del papá que no dejó de leer.

Ese año mi Candidato perdió las elecciones por poco margen, después casé y nos fuimos a Gran-Bretaña a completar mis estudios de pos grado, fui llamado a Chile para votar, y también porque mi jefe de Cambridge, Sir Jack Goody, comunista primero, combatiente en la revolución española del 36, quería saber cómo era el socialismo de voto libre, porque hasta ahora habían sido solo peloteras.

Y en pelotera quedó. Allende ganó, fue confirmado por el Congreso, pero todos sus enemigos, incluyendo miembros de la coalición que lo apoyó, la Unidad Popular, hicieron su vida negra. Se sublevó el ejército a nombre de la burguesía y de la CIA y lo mataron en su sitio de trabajo, el palacio de la Moneda. ¿Que se suicidó? ¿Qué importa? Él evitó una guerra civil el 11 de Septiembre de 1973, sus enemigos tuvieron que sufrir tanto como sus correligionarios. El Presidente anterior que no quería ser el Kerensky de Chile, fue asesinado en una operación leve de apendicitis.

Tuvimos dos años y medio de igualdad, que no se pueden pagar.

Hortensia Bussi de Allende y su cuñada Laura, hermana del Presidente, recibieron esa tarde, con su cuñada, una caja de madera que decía NN, sellada y fue sepultado en un nicho sin nombre en el cementerio de Santa Inés en Viña del Mar. Las dos, corrían por las calles, en cuanto esperaban los soldados, diciendo a voz en cuelo, gritando pues: sepan que en este nicho está enterrado el Presidente Legítimo de Chile, Su Excelencia el Dr. Salvador Allende, hasta que fueron apresadas por los soldados, corrieron al avión que el Gobierno de México puso a su disposición y abandonaran Chile.

En el tiempo en que la democracia volvió, el Primer Presidente, ese amigo de nuestro padre, le hizo un funeral de Estado, convidando a todos los jefes de Estado, Presidentes, Reyes, Reinas o sus representantes, Embajadores. Hubo sólo una condición: el pueblo exigió llevar el féretro a hombros los 100 quilómetros entre Viña del Mar y Santiago. Por causa del protocolo y la falta de tiempo, Aylwin con su santa paciencia, aceptó entrar a la Catedral a hombres de los obreros y llevarlo al Cementerio.

Su obra es conocida. Otros hablaran de ella. Pero no puedo olvidar esto que vi:

condición: el pueblo exigió llevar el féretro a hombros los 100 quilómetros entre Viña del Mar y Santiago. Por causa del protocolo y la falta de tiempo, Aylwin con su santa paciencia, aceptó entrar a la Catedral a hombres de los obreros y llevarlo al Cementerio.

 

 

Nunca más se repetirá. No soy hombre de fe, como mi Presidente, pero esto….nunca más, lo juro por Dios

 

Raúl Iturra

 

Aún en exilio

 

Parede, Portugal,

 

11 de Septiembre de 2010.

 

lautaro@netcabo.pt

 

escrito en el castellano coloquial de Chile