Numa visita que fiz ao Reino Unido a convite da Embaixada Inglesa em Lisboa, ouvi um empresário dizer : investi em Portugal, tive um problema, recorri à Justiça e cinco anos depois ainda estou à espera. E enquanto saia pela porta fora, foi avisando : invistam, é uma boa forma de perderem dinheiro.
Quanto custa uma administração não amiga da economia ?
Julgo que numa estimativa muito por baixo, há pelo menos 10 mil empregos por criar, pela inacção da AP. Isto corresponderá, desde logo, a 10 mil desempregados a mais, a cerca de 400 milhões de euros PIB que não temos, cerca de 180 milhões de euros de receita pública que o Estado não recebe e cerca de 50 milhões de euros em subsídio de desemprego que a Segurança Social tem que pagar porque a AP está a bloquear a criação de emprego.
Seria excelente que se disponibilizassem estimativas de emprego e investimento “pendurado”, com detalhe sobre o ministério ou autarquia em causa, com discriminação geográfica no caso da AP central. A própria comparação entre as diferentes regiões e autarquias poderia constituir uma competição muito saudável, para termos um Estado mais ágil, mais amigo do emprego e das empresas.
Quem quis demitir a administração da CAIXA no tempo de Sócrates ? Campos e Cunha aponta o dedo ao ex-primeiro ministro que, mais uma vez desmente. É o mundo contra José Sócrates.
Mas, a verdade, é que Campos e Cunha saiu de ministro das Finanças ao fim de quatro meses e não demitiu a administração durante esse curto mandato . No dia seguinte à saída de Campos e Cunha a administração foi substituída por dois amigos de Sócrates, Vara e Santos Ferreira os mesmos que depois transitaram para a administração do BCP .
E já agora o Prof Campos e Cunha demitiu-se do governo ou foi exonerado como afirma Sócrates ? É que não é a mesma coisa. Saiu pelo seu pé ou foi empurrado ? O que se sabe é que o ex-ministro das Finanças desde logo se opôs à política que levou o país à bancarrota .
Mas Sócrates arranja sempre umas narrativas estranhas e pouco convincentes.
O governo deve uma explicação ao povo. Os socialistas não podem comportar-se como se o Estado lhes pertencesse . Não há responsáveis. Não aconteceu nada e seguem em frente. Depois dizem que são "avanços" . E, claro, não há "grândoladas", nem manifestações, nem ruído . Na Beira Baixa dizem que "a burro que está a comer não se lhe deve mexer na barriga" . A geringonça cumpre o ditado em pleno.
Uma humilhação se o Tribunal Constitucional obrigar os administradores da Caixa a apresentarem a relação de rendimentos e património . A que se deve este braço de ferro que deixa a CAIXA de rastos, prejudica gravemente o governo e desautoriza os empossados administradores ? O que é que a CAIXA tem ou o que é que a CAIXA esconde?
"Com esta nota, Mendes viu uma "monumental bofetada" ao ministro das Finanças, Mário Centeno, que veio defender que a nova administração do banco público, liderada por António Domingues, estava desobrigada de apresentar essas declarações. O Presidente da República fez ainda, defendeu o comentador político, um "xeque-mate" a António Domingues e deixou os gestores numa posição insustentável. Mendes admitiu até que venham a demitir-se, mas se vierem a tomar essa decisão "saem de rastos" e dão cabo da CGD."
Mas pergunto eu , esta solução com os actuais intervenientes ainda tem pés para andar ? Porque como é óbvio, o governo conversa todos os dias com os administradores sobre esta matéria, há saída, já chamuscada mas há saída, então como perceber esta situação desastrosa para o país, o governo e a CAIXA ?
Que razões têm os empossados administradores para não cederem ? O povo é sereno mas torna-se impaciente quando percebe que não lhe contam tudo. Há mais na CAIXA ?
Desta vez o malabarista político calculou mal o salto e caiu fora da caixa de segurança. Palavra dada palavra honrada, assegurou ao gestor que não era preciso depositar a declaração de rendimentos e património no Tribunal Constitucional. Agora, apertado por uma Lei da sua lavra diz, candidamente, que já entregou a sua.
A isto chama-se tirar o tapete a António Domingues e vamos ver se além do tapete não lhe tira a CAIXA de segurança e se os danos no banco publico não serão já inevitáveis e incalculáveis.
A deputada Catarina Martins, tomada pela mesma febre criativa veio propor que a declaração de António Domingues ficaria secreta. Ora isto é o contrário do espírito e letra da Lei. O BE esqueceu muito rapidamente a luta de classes. O que a Lei diz é que as declarações depositadas no Tribunal Constitucional são para serem tornadas publicas. Para que serviriam se assim não fosse ?
É uma vergonha o que se está a passar entre o governo e a administração da Caixa. Depois do governo ter dobrado a espinha perante as exigências de um gestor, vemos agora que o governo para conseguir o que queria mentiu. Depois de cinco mil milhões de euros ( que a anterior administração nunca exigiu), depois de salários milionários, depois de membros propostos para administração terem sido aconselhados a frequentarem cursos de preparação, temos a CAIXA à beira do abismo.
E, pensarmos nós, que tudo isto foi concebido para que rapidamente a CAIXA fizesse chegar dinheiro à economia, às médias e pequenas empresas.
Malabarismo político sem rede, é o que é. Depois vê-se.
A que António Costa não respondeu na AR. Trata-se dos vencimentos dos administradores da CGD que correspondem a 25 vezes o salário mínimo. O BE avisou que não considera o assunto encerrado . Costa percebe que este é o único assunto que lhe vai tirar votos e hoje reagiu. Prefere uma medida impopular a arriscar uma má gestão.
O PCP também não gosta e já o fez saber. Num momento em que se aumentam impostos e taxas, pagar vencimentos milionários mal seria que BE e PCP arriscassem .É um assunto que cala fundo nos seus eleitorados.
O Presidente da República já percebeu que esta medida é extremamente impopular e já o fez saber publicamente. Mas por mais que o governo revele habilidade para fazer crer que não há ninguém a perder não há como esconder os vencimentos milionários numa empresa pertença a 100% ao estado.
E o resumo é este :
Só o PS concorda com o atual modelo que deixa os gestores do banco público sem limites salariais. O argumento é que, para atrair os melhores para o Estado, é preciso nivelar os preços com o que se pratica no mercado;
O PCP não concorda com o modelo do PS e apresentou uma proposta para pôr todos os gestores a ganharem o máximo de 90% do que ganha o Presidente da República;
BE e CDS, com o argumento de que é melhor do que nada, votaram a favor da proposta do PCP;
O PSD não concorda nem com o modelo do PS nem com o modelo do PCP, por isso votou contra a proposta dos comunistas ao lado dos socialistas. Mas também não tinha outra na manga (vai apresentá-la até ao final da semana). Por isso, o Parlamento perdeu uma oportunidade de revogar a exceção salarial de que goza a Caixa Geral de Depósitos.
Eu estou de acordo com uma Caixa Geral de Depósitos pública mas, após tantos desastres, cada vez menos.
Estar nove meses sem administração com plenos poderes mostra bem que a importância da Caixa para a economia não é assim tão importante. Ou então suas excelências, os potenciais administradores são mais importantes que a economia. Gente insubstituível.
Antes de tudo o governo convida e só depois é que os convidados colocam as suas exigências. Como , felizmente, ser membro da União Europeia implica cumprir regras, tudo isto se transformou numa opera bufa.
Conhecidas as exigências do BCE seria natural haver reacções mas, por enquanto, o país está à espera de saber se vamos ou não ter administração a curto prazo. Ou se suas excelências congeminam novas condições que a sua elevada sapiência, aconselham. Salários mais altos? Mais poderes ? Responsabilidade mínima ?
Segundo Eugénio Rosa, economista da CGTP, há um perigo e dois pecados na nova administração da Caixa Geral de Depósitos.
O perigo é que uma boa parte dos administradores não executivos são, ao mesmo tempo, administradores de outras empresas o que leva a uma "espécie de OPA" dessas empresas sobre a CGD.
Já quanto aos pecados são dois a saber : sobre o aspecto político, Eugénio Rosa também sublinha que Leonor Beleza "fez o discurso de homenagem a Cavaco Silva em Julho de 2016" e que Rui Vilar, também convidado para regressar ao banco, "fez o discurso de homenagem a Mário Soares em Julho 2016".
No Parlamento os partidos não se entendem. O governo não toma decisões. A antiga administração força a saída. A nova administração faz tudo para não tomar posse. O que será que se esconde na Caixa ?
A nova administração quer cinco mil milhões, Passos Coelho diz que a Caixa não precisa nem de metade. O estado não tem dinheiro mas a extrema esquerda não quer abrir mão da sua qualidade de único accionista. Abrir o capital accionista aos privados em bolsa mantendo o estado a maioria do capital. Ou conforme proposta da antiga administração converter os Coco's em capital e vender património e activos. Nada serve mas não nos dizem do que estão à espera. Como no BANIF.
E as empresas já se queixam por não terem interlocutores , é que a vida continua para quem tem que produzir, vender e pagar salários e impostos.
No que me diz respeito estou à espera desde Setembro do ano passado. Vendi uma casa a um emigrante que quer gozar a reforma em Portugal. Traz a pensão mas nem assim a Caixa se desembrulha. Já tem a documentação toda há cinco meses para proceder à assinatura do contrato mas na Caixa a velocidade é devagar ou parado.
Só quem nunca esteve naquelas salas das repartições do fundo de desemprego é que poderá não concordar com o Bloco de Esquerda. Entre o desespero de quem está desempregado e a arrogância de quem tem emprego para a vida e que pouco ou nada pode fazer pelos outros. Nem a ideia é essa.
Quando estava a preparar a entrada na reforma dei baixa no Fundo de Desemprego e durante esse período fui chamado algumas vezes. Para me perguntarem se já tinha arranjado emprego e eu a julgar que era essa a função deles. Com umas ameaças à mistura. Que me punham a tirar fotocópias foi uma dessas ameaças.
E as sessões de formação são um vómito. Uma menina fez de professora sobre contabilidade. Ao meu lado tinha um ajudante de cozinheiro que sabia tanto de contabilidade como eu sei de cozinha. É claro que foi uma completa perda de tempo e só serviu para a menina andar por ali a pavonear-se.
O BE tem toda a razão no acabar com esta prerrogativa fascista da administração pública sobre os cidadãos desempregados. Se nada têm para lhes oferecer ao menos respeitem a sua condição já de si difícil de estarem desempregados. E se não têm nada que fazer fiquem em casa. Não chateiem.
"Não aceitamos medidas que não servem nem para formação nem para encontrar emprego e que atribuem aos desempregados a culpa do desemprego. É preciso acabar com a perseguição às vítimas da crise. Há já acordo com o governo e vamos acabar com a humilhação da obrigação das apresentações quinzenais", afirmou Catarina Martins.