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BandaLarga

as autoestradas da informação

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Na TAP fazer pior é difícil

 
O artigo de hoje: A humilhação a que o Governo está a ser sujeito na TAP tem uma fotografia: António Costa, que para calar Bloco e PCP em 2015, admitiu a renacionalização da empresa. O mesmo primeiro-ministro que, mal se apanhou no Governo, pôs mãos à obra. Só que fez tudo mal: como os acionistas não quiseram ceder o controlo da TAP, ofereceram ao Estado 50% no capital... mantendo toda a autonomia de gestão. Ou seja, o Estado ficou com metade do risco da empresa, sem que pudesse controlar os atos da gestão (não obstante nomear o “chairman”).
O resultado está à vista: os privados “entalaram” o Estado. E este, que não quer deixar cair a empresa (seria um golpe tremendo na base eleitoral do PS e nas aspirações de Pedro Nuno Santos, que quer chegar a secretário-geral do partido), não pode tratar os privados como gostaria: com um grande “chega pra lá”. Daí o atual mal-estar, que pode pôr o primeiro-ministro e o ministro em situação ainda mais difícil quando o país conhecer a reestruturação que Bruxelas quer impor à TAP.
Moral da história: o Governo está a colher aquilo que semeou: fez uma nacionalização fictícia e, pelo caminho, pôs em causa o dinheiro dos contribuintes. Pior era difícil.

Na TAP o accionista privado entalou o governo

Agora serão 1,2 mil milhões de euros a voar, na TAP. No final do ano, mais uns 300 milhões. E está, o Estado - os contribuintes - amarrado aos acionistas. É o preço da “reversão” em 2017, quando Costa, com ajudinha do seu “melhor amigo”, tomou a maioria do capital da TAP e deixou privados com a maioria na gestão e decisão. Tu, Estado, mandas no capital, eu, privado mando... na gestão. E decido.
Esta palermice da “reversão” deu todos os incentivos para os privados se portarem como “gestores públicos”. Nada tinham a perder. Melhor que gestor público: o Estado não os pode despedir. O melhor emprego rentista do Mundo.
E, então, o que estes “gestores” fizeram? Secaram a TAP, em favor da “Azul” de Neelman, ficaram com as “sobras de créditos” (comissões, não é?) nas compras dos aviões, code-shares com “interesses-relacionados”, emprestaram dinheiro a bons juros... riqueza que fugiu da aérea.
Eu, demitido da função accionista, empresário e feito gestor público, também faria o mesmo.
O papel do ministro da tutela, Pedro Nuno Santos, é de uma ingenuidade confrangedora, mesmo a roçar a tolice. “São interesses que não estão alinhados com os interesses do País e do povo português”. Diz isto, em modo Maduro, referindo-se aos privados da TAP... Após meses em que gastou metade do tempo a ameaçar com a nacionalização e a outra metade com venda à alemã Lufthansa, quer, agora, que os acionistas convertam empréstimos de 220 milhões de euros (da Azul à TAP, suprimentos), em capital social! Coitadito, uma anedota, de que raio de buraco saiu?

A TAP com futuro negro

Enquanto a TAP está numa situação crítica - com accionistas privados em guerra com o accionista Estado e o governo em guerra com a Comissão Europeia - todas as outras companhias aéreas europeias têm acordos formalizados para enfrentarem a situação, avançando com a operação. Quanto à TAP veremos o que nos trás as bravatas do ministro que começou por falar alto e agora anda com as pernas a tremer - o que ele augurava para os outros.

O Bloco de Esquerda, após reunião com os sindicatos da companhia, já diz que o governo e a administração preparam a sua falência dispensando funcionários.

O governo que andou a enganar-nos com uma falsa nacionalização prometida ao PCP e ao BE no quadro da "geringonça", tomando 50% do capital mas assumindo todo o passivo acumulado e sem ter qualquer participação na gestão, está agora nas mãos do accionista privado.

Ou o Estado vai lá meter 1,2 mil milhões sabendo que os accionistas privados não  estão disponíveis para o seguirem ou, não metem lá dinheiro nenhum e fazem a garantia de um empréstimo tal como o accionista privado sempre pediu.

Ainda hoje se soube que afinal a paixão do povo português pela TAP é um bocado exagerada. Maioria dos portugueses está contra a injeção de dinheiro na companhia.

Comprar a TAP com o pêlo do mesmo cão

O accionista privado tal como o Estado não meteu um euro na TAP . Nem querem meter. E o accionista privado já veio dizer que a TAP não precisa de aumentar o capital apenas precisa de um empréstimo garantido pelo Estado.

Os 75 aviões que entraram na TAP são arrendados devolvem-se se preciso for. O accionista privado está tão à vontade que já fez saber ao Estado que não aceita as condições impostas.

A companhia aérea portuguesa ( todos temos um fraquinho pela TAP) não tem massa crítica para ombrear com as grandes companhias aéreas. Uma população de 10 milhões de pessoas em que a grande maioria nunca viajou de avião nem vai viajar tão cedo. Temos muito menos dinheiro que a concorrência, menos tecnologia ( compramos os aviões em França e nos USA), e o combustível é importado.

Temos poucas vantagens. Trabalhadores capazes, rotas para a Madeira e para os Açores (que não sustentam uma companhia aérea) e na época própria os emigrantes. É tudo muito poucochinho.

Entalada pelas low cost e pelas grandes companhias a TAP só sobrevive com parcerias como a que o accionista Neeleman lhe oferece. Alavancar a dimensão da TAP em todas as suas vertentes.

A TAP precisa mais dos 400 aviões de Neeleman do que este dos 105 aviões da TAP.

Também não acredito que o estado feche a empresa( ia contra o coração dos eleitores) mas não há que ter dúvidas. O fundo do poço não se vê e vamos todos pagar com lingua de palmo.

Tudo embrulhado como mais uma grande vitória do governo socialista.

A TAP é o que é e não o que o Estado quer que seja

O accionista americano da TAP controla duas empresas de transporte aéreo que no seu conjunto têm 400 aviões, (uma nos USA e outra no Brasil) quatro vezes mais que a TAP que tem uma frota de 101 aviões. A TAP é e será uma pequena/média empresa de transporte aéreo entalada entre as companhias low cost e as grandes companhias .

A TAP (empresa de bandeira) ainda que vá a muito lado não irá a lado nenhum sem um accionista privado que acrescente dimensão . Canalizar os passageiros europeus para as companhias sul e norte americanas e vice versa, (passageiros americanos para a TAP) é uma estratégia que dá dimensão à TAP em todas as suas vertentes.

O Estado vai intervir como todos os estados europeus estão a intervir nas suas companhias aéreas. Sem gritos nem ameaças.

Esta intervenção, detalhou, será feita “na forma de empréstimo público (de Tesouro)”, contudo, Pedro Nuno Santos sublinhou que “não está excluída a possibilidade de, em fases posteriores, e por acordo, haver uma injeção com empréstimo privado garantido pelo Estado”. E essa ajuda financeira acontecerá em duas fases: “num primeiro momento que pressupõe a garantia de liquidez e num segundo momento que garante as mudanças necessárias para que a TAP ofereça as melhores possibilidades e viabilidade a longo prazo, que no fundo é o principal objetivo do Estado”.

E a reestruturação da TAP vai ser feita com redução de aviões, rotas e funcionários se assim for necessário como o ministro admitiu. Isto é, tudo no essencial o que o accionista privado tinha convocado o Estado para fazer.

Tudo o resto é ideologia barata, bravatas e ignorância.

E o Estado é que vai gerir a TAP ?

Para gerir uma companhia aérea é preciso conhecer o negócio do transporte aéreo, ter ligações profissionais e comerciais com outras companhias do ramo e, por último, poder influenciar o fluxo de passageiros em mercados de origem e destino.

O accionista privado da TAP, a empresa de David Neeleman, opera 264 aviões que voam para mais de 100 destinos no mercado norte-americano. Ora quem opera no mercado mais competitivo do mundo, o norte americano, de certeza absoluta que tem todas as condições para gerir uma pequena companhia como a TAP.

Também no mercado Brasileiro é accionista da companhia AZUL. A companhia aérea brasileira Azul, tem como fundador o empresário David Neeleman, um dos acionistas da TAP através do consórcio Atlantic Gateway.

A TAP ganhará alguma coisa se tiver na sua administração um ou dois representantes do Estado ? Mesmo sendo génios e amigos do peito do Primeiro Ministro ?

Na TAP há mais um grande negócio do estado

O estado fica com 50% do capital da TAP que é negativo em 500 milhões e garante junto da banca os 600 milhões de dívida. Nunca ninguém conseguiu um negócio assim. É tudo mais fácil para os privados junto dos mercados financeiros e da banca.

Os privados ficam com a gestão. Têm acesso aos mega-mercados dos US, da Europa e da China o que só por si torna a empresa viável. Mas o contrário também é verdadeiro. Os accionistas americanos, brasileiros e chineses passam a ter acesso ao mercado europeu. Está garantida em concorrência aberta  a actividade da empresa.

O tacticismo de António Costa tem esta extraordinária intuição. A curto prazo engana os incautos a longo prazo põe os contribuintes a pagar. Quem não quer um parceiro destes ?

Porque a TAP totalmente privada teria os mesmos pontos fortes na sua estratégia comercial e um ponto fraco na sua componente financeira. Tendo o estado como parceiro, os privados alavancam de uma forma notável os seus mercados de origem por metade do custo e deixam para o estado o restante. Ser companhia de bandeira.

É que na componente operacional não se encontram razões de racionalidade gestionária para que o Estado mantenha uma posição accionista de 50% na companhia aérea. Aposto que a única dor de cabeça dos gestores do estado vai ser conseguir que os lucros sejam reconhecidos aqui no país. Ou grande parte deles.

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Agora a TAP já pode ser vendida em bolsa

Os accionistas privados ficam com 50% do capital e asseguram a gestão da companhia. O governo fica com 50% e com uns boys e metade do lucro que espera que a gestão privada consiga. Logo que estejam esquecidos os sentimentos patrióticos dos " não TAPem os olhos" o governo, então já com uma companhia viável e lucrativa, dispersa o seu capital em bolsa. Não está mal visto não senhor.

Mas estas negociações em que António Costa é mestre deixam sempre para o futuro o essencial das questões. E quando já houver dinheiro os boys não vão querer mandar ? Mas para já ganha tempo e menos uma dor de cabeça.

E os sindicatos vão olhar para a TAP como uma empresa privada ou como pública, lançando pedras no caminho, com greves e exigências que impeçam o lucro, esse maldito ?

Entre o clamor dos patriotas e uma companhia viável o governo disse o habitual "nim". Há quem diga que é de estadista. Foi  António Costa quem lhes TAPou os olhos.