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Enquanto a TAP está numa situação crítica - com accionistas privados em guerra com o accionista Estado e o governo em guerra com a Comissão Europeia - todas as outras companhias aéreas europeias têm acordos formalizados para enfrentarem a situação, avançando com a operação. Quanto à TAP veremos o que nos trás as bravatas do ministro que começou por falar alto e agora anda com as pernas a tremer - o que ele augurava para os outros.
O Bloco de Esquerda, após reunião com os sindicatos da companhia, já diz que o governo e a administração preparam a sua falência dispensando funcionários.
O governo que andou a enganar-nos com uma falsa nacionalização prometida ao PCP e ao BE no quadro da "geringonça", tomando 50% do capital mas assumindo todo o passivo acumulado e sem ter qualquer participação na gestão, está agora nas mãos do accionista privado.
Ou o Estado vai lá meter 1,2 mil milhões sabendo que os accionistas privados não estão disponíveis para o seguirem ou, não metem lá dinheiro nenhum e fazem a garantia de um empréstimo tal como o accionista privado sempre pediu.
Ainda hoje se soube que afinal a paixão do povo português pela TAP é um bocado exagerada. Maioria dos portugueses está contra a injeção de dinheiro na companhia.
O accionista privado tal como o Estado não meteu um euro na TAP . Nem querem meter. E o accionista privado já veio dizer que a TAP não precisa de aumentar o capital apenas precisa de um empréstimo garantido pelo Estado.
Os 75 aviões que entraram na TAP são arrendados devolvem-se se preciso for. O accionista privado está tão à vontade que já fez saber ao Estado que não aceita as condições impostas.
A companhia aérea portuguesa ( todos temos um fraquinho pela TAP) não tem massa crítica para ombrear com as grandes companhias aéreas. Uma população de 10 milhões de pessoas em que a grande maioria nunca viajou de avião nem vai viajar tão cedo. Temos muito menos dinheiro que a concorrência, menos tecnologia ( compramos os aviões em França e nos USA), e o combustível é importado.
Temos poucas vantagens. Trabalhadores capazes, rotas para a Madeira e para os Açores (que não sustentam uma companhia aérea) e na época própria os emigrantes. É tudo muito poucochinho.
Entalada pelas low cost e pelas grandes companhias a TAP só sobrevive com parcerias como a que o accionista Neeleman lhe oferece. Alavancar a dimensão da TAP em todas as suas vertentes.
A TAP precisa mais dos 400 aviões de Neeleman do que este dos 105 aviões da TAP.
Também não acredito que o estado feche a empresa( ia contra o coração dos eleitores) mas não há que ter dúvidas. O fundo do poço não se vê e vamos todos pagar com lingua de palmo.
Tudo embrulhado como mais uma grande vitória do governo socialista.
O accionista americano da TAP controla duas empresas de transporte aéreo que no seu conjunto têm 400 aviões, (uma nos USA e outra no Brasil) quatro vezes mais que a TAP que tem uma frota de 101 aviões. A TAP é e será uma pequena/média empresa de transporte aéreo entalada entre as companhias low cost e as grandes companhias .
A TAP (empresa de bandeira) ainda que vá a muito lado não irá a lado nenhum sem um accionista privado que acrescente dimensão . Canalizar os passageiros europeus para as companhias sul e norte americanas e vice versa, (passageiros americanos para a TAP) é uma estratégia que dá dimensão à TAP em todas as suas vertentes.
O Estado vai intervir como todos os estados europeus estão a intervir nas suas companhias aéreas. Sem gritos nem ameaças.
Esta intervenção, detalhou, será feita “na forma de empréstimo público (de Tesouro)”, contudo, Pedro Nuno Santos sublinhou que “não está excluída a possibilidade de, em fases posteriores, e por acordo, haver uma injeção com empréstimo privado garantido pelo Estado”. E essa ajuda financeira acontecerá em duas fases: “num primeiro momento que pressupõe a garantia de liquidez e num segundo momento que garante as mudanças necessárias para que a TAP ofereça as melhores possibilidades e viabilidade a longo prazo, que no fundo é o principal objetivo do Estado”.
E a reestruturação da TAP vai ser feita com redução de aviões, rotas e funcionários se assim for necessário como o ministro admitiu. Isto é, tudo no essencial o que o accionista privado tinha convocado o Estado para fazer.
Tudo o resto é ideologia barata, bravatas e ignorância.
Para gerir uma companhia aérea é preciso conhecer o negócio do transporte aéreo, ter ligações profissionais e comerciais com outras companhias do ramo e, por último, poder influenciar o fluxo de passageiros em mercados de origem e destino.
O accionista privado da TAP, a empresa de David Neeleman, opera 264 aviões que voam para mais de 100 destinos no mercado norte-americano. Ora quem opera no mercado mais competitivo do mundo, o norte americano, de certeza absoluta que tem todas as condições para gerir uma pequena companhia como a TAP.
Também no mercado Brasileiro é accionista da companhia AZUL. A companhia aérea brasileira Azul, tem como fundador o empresário David Neeleman, um dos acionistas da TAP através do consórcio Atlantic Gateway.
A TAP ganhará alguma coisa se tiver na sua administração um ou dois representantes do Estado ? Mesmo sendo génios e amigos do peito do Primeiro Ministro ?
O estado fica com 50% do capital da TAP que é negativo em 500 milhões e garante junto da banca os 600 milhões de dívida. Nunca ninguém conseguiu um negócio assim. É tudo mais fácil para os privados junto dos mercados financeiros e da banca.
Os privados ficam com a gestão. Têm acesso aos mega-mercados dos US, da Europa e da China o que só por si torna a empresa viável. Mas o contrário também é verdadeiro. Os accionistas americanos, brasileiros e chineses passam a ter acesso ao mercado europeu. Está garantida em concorrência aberta a actividade da empresa.
O tacticismo de António Costa tem esta extraordinária intuição. A curto prazo engana os incautos a longo prazo põe os contribuintes a pagar. Quem não quer um parceiro destes ?
Porque a TAP totalmente privada teria os mesmos pontos fortes na sua estratégia comercial e um ponto fraco na sua componente financeira. Tendo o estado como parceiro, os privados alavancam de uma forma notável os seus mercados de origem por metade do custo e deixam para o estado o restante. Ser companhia de bandeira.
É que na componente operacional não se encontram razões de racionalidade gestionária para que o Estado mantenha uma posição accionista de 50% na companhia aérea. Aposto que a única dor de cabeça dos gestores do estado vai ser conseguir que os lucros sejam reconhecidos aqui no país. Ou grande parte deles.
Os accionistas privados ficam com 50% do capital e asseguram a gestão da companhia. O governo fica com 50% e com uns boys e metade do lucro que espera que a gestão privada consiga. Logo que estejam esquecidos os sentimentos patrióticos dos " não TAPem os olhos" o governo, então já com uma companhia viável e lucrativa, dispersa o seu capital em bolsa. Não está mal visto não senhor.
Mas estas negociações em que António Costa é mestre deixam sempre para o futuro o essencial das questões. E quando já houver dinheiro os boys não vão querer mandar ? Mas para já ganha tempo e menos uma dor de cabeça.
E os sindicatos vão olhar para a TAP como uma empresa privada ou como pública, lançando pedras no caminho, com greves e exigências que impeçam o lucro, esse maldito ?
Entre o clamor dos patriotas e uma companhia viável o governo disse o habitual "nim". Há quem diga que é de estadista. Foi António Costa quem lhes TAPou os olhos.