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BandaLarga

as autoestradas da informação

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Chega e IL vieram para ficar

Vão buscar votos ao PSD, PS, CDS e abstencionistas. E vieram para ficar .

Os potenciais novos votantes no Chega são pessoas que em 2019 votaram PSD, PS ou abstiveram-se. Já o crescimento da Iniciativa Liberal parece alimentar-se essencialmente de eleitores no PSD, CDS e votos brancos e nulos e abstencionistas.

Mesmo sem as proporções exatas destes efeitos de transferências, podemos apresentar alguns padrões: para os dois partidos, o crescimento do eleitorado tem acontecido essencialmente através da transferência de anteriores eleitores de outros partidos, com o Chega a ter maior capacidade de penetração até ao PS. A IL fica mais perto do eleitorado da direita. Já os abstencionistas de 2019, embora também contribuindo para o crescimento de Chega e IL, estão longe de serem o principal motor de potencial crescimento eleitoral destes partidos.

ESTÃO A FINGIR

Os beneficiários da abstenção são os partidos com eleitos no parlamento.

 

Estão na mesma (bem, como querem) votem 90 ou 20 por cento dos eleitores. Mas só uma votação escassa lhes garante o domínio da sua composição.

Uma só coisa, primordial, precisam de assegurar – que o restrito grupo de partidos com eleitos não se altere; que não se lhes junte alguém mais para dividir o bolo dos lucros, privilégios e mordomias.

E, ainda mais importante, que não chegue ao parlamento alguém sério, que queira pôr ordem na casa e termo aos abusos e ilegalidades correntes; que venha propor algo de novo que interesse aos eleitores, que ponha em prática políticas que os votantes acolham e queiram ver repetidas em eleições futuras.

 

É um risco que não podem correr.

 

Para o evitar, a solução eficaz é silenciar os novos movimentos políticos e impedir que as suas ideias sejam difundidas e conhecidas. Porque, se ouvidos e conhecidos fossem, mais pessoas se interessariam em votar. Mas em votar nos novos.

Ora, é exactamente o que os partidos não querem.

 

Por isso, como vimos na recente campanha eleitoral, todos os concorrentes não integrantes do círculo exclusivo, foram ignorados e postergados pelos meios de comunicação; com os dominantes conformados, acríticos e confortáveis.

Seu aliado e servidor, o presidente, farisaico, apela ao voto na véspera e deplora e verbera a ausência no dia, depois de, durante semanas, se ter mantido silente perante a discriminação manifesta, quando o cargo demandava que tivesse intervindo; apelando, exortando e, com o poder de influência, induzindo à igualdade de tratamento de todos os candidatos. Pelo menos, na estação pública de rádio e televisão.

Não o fez porque não quis, não porque não soubesse que era seu dever.

E tudo fazem, uns e outro, com o desplante pesporrente de imputar às vítimas o incumprimento do “dever cívico”, simulando preocupação e desgosto com a situação que, verdadeiramente, é a que querem e pela qual trabalham.

 

Se a abstenção radica na convicção de que não vale a pena votar, são os partidos e o presidente quem promove que tal convicção se consolide.

Estão bem assim e não querem estar de outra maneira.

 

E a repulsa em ouvi-los é directamente proporcional ao fingimento em que se concertam.

António Costa perde votos entre os abstencionistas

A degradação da imagem do primeiro ministro é muito evidente entre os eleitores que não têm partido. Os indecisos e os votantes noutros partidos ou em branco apresentam quebras muito significativas. Tanto para António Costa como para Marcelo.

Mas há uma "nuance" muito relevante : no caso de António Costa a deterioração da imagem é muito evidente entre os abstencionistas . António Costa Pinto no Negócios diz que é natural que a onda de instabilidade transmitida pela vaga de greves no sector público faça o seu caminho entre esta parcela do eleitorado.

Pode este desagrado dos abstencionistas converter-se em votos nos novos partidos que estão a aparecer à direita ? Isto explica que o PS esteja longe da maioria absoluta ? O PSD tem nos abstencionistas um potencial eleitorado que está a fugir ao PS.

Na opinião do politólogo esta é a grande incógnita para os actos eleitorais que aí vêm.

UM POVO LÚCIDO

Mais de sessenta por cento dos eleitores portugueses rejeitaram as propostas federalistas e comunistas ou neocomunistas, únicas submetidas ao seu sufrágio.

 

Recusaram envolvimento nas disputas dos grandes partidos ou dos aventureiros montados em grupelhos sem expressão, que passaram a campanha eleitoral a falar do que não será da competência do Parlamento Europeu.

 

Disseram que não estão dispostos a servir de cenário prazenteiro ao festim dos que irão auferir principesco ordenado e faustosas mordomias, sem a contrapartida de qualquer serviço útil, à conta de quem, nalguns casos, nem a si próprio consegue sustentar-se.

 

A abstenção é um acto positivo, de afirmação de uma vontade de refutar, porque mau, cada um dos projectos que foram presentes, de repúdio por um modelo político que gradualmente lhes foi imposto.

 

Ao contrário do que o presidente disse, a abstenção não é o abdicar de qualquer direito, mas o exercício do direito de manifestar contrariedade por tudo o que os políticos têm feito ou omitido.

 

Manifestação pacífica, ordeira, legítima e legal.

 

Os políticos candidatos e as estruturas parasitas que os suportam devem lembrar-se de que, todos juntos, representam menos de um terço do eleitorado. Portanto, o partido que ganhar, não terá merecido a aprovação de mais de dez por cento dos portugueses.

 

Se tivessem um pouco de bom senso, quando, daqui a pouco, se posicionarem em frente às câmaras, deveriam pedir desculpa aos abstencionistas.  Pedir desculpa pelo que já deveriam ter feito e ainda não fizeram. Pedir desculpa também por tanto verberar quem os sustenta lautamente.