Um óptimo resultado ajudado pela recuperação das dívidas fiscais. Para 2014 chegar aos 4% é agora mais fácil. Espero que haja bom senso e que com medidas inteligentes, cortando no desperdício e reformando o estado, baixando nos impostos se mantenha o equilibrio a este nível mas mais virtuoso.
O Governo espera explorar o trunfo político de uma execução orçamental melhor do que a esperada no combate interno e também nos mercados. Na edição de hoje do Diário Económico, Eleftherios Farmakis, do Nomura, antecipava já que um défice abaixo dos 5% será "muito positivo e também proveitoso para o esforço orçamental deste ano, ao fornecer uma almofada contra futuras decisões do Tribunal Constitucional".
No entanto, o impacto seria maior se o valor mais baixo do défice não fosse explicado por medidas 'one off', como por exemplo o encaixe de 1,2 mil milhões de euros arrecadados com o perdão fiscal.
Dizer que 2013 foi melhor do que o inicialmente previsto. Que 2014 vai ser melhor que 2013 e que 2015 pode ser bem melhor que 2014 tem pouco de católico.
Há meia dúzia de meses atrás houve um ataque concertado de certos sectores que não conseguem viver longe do orçamento, exigindo eleições antecipadas. Sem que as sondagens sugerissem qualquer solução política consistente. Como hoje é evidente, teria sido mais uma pazada na nossa própria sepultura.
Pela primeira vez, é possível vislumbrar a possibilidade de recuperação cíclica invulgarmente robusta(...) e a primeira previsão para 2015, com a perspectiva de uma taxa de crescimento de 1,4%, ponto central de um intervalo que admite uma progressão de 0,3% no pior cenário e um avanço de 2,5% na melhor das hipóteses.
Nestes cenário cada vez mais consistente a criação de emprego será uma realidade muito bem recebida.
Um défice abaixo dos 5%, à volta dos 4,6%. Controlo da despesa e maiores receitas depois de um aumento monstro dos impostos. Pedro Passos Coelho vai esperar pela melhor altura para rever as previsões económicas, vai ter de esperar pela ‘aprovação' da ‘troika', claro, necessária até para fechar a décima avaliação e garantir mais um cheque. E, provavelmente, não vai cair na tentação de rever a meta de défice de 4% para este ano, até porque os pressupostos deste orçamento já são, no mínimo, esticados. Mas vai capitalizar, e bem, para fechar um programa cautelar menos severo. E, a partir dessa data, para começar a pensar nas eleições de 2015.
Há seis meses quem diria? E este cenário aplica-se a toda a Europa, com as maiores economias a revelarem um comportamento positivo o que é a nossa melhor salvaguarda . Se Cavaco tivesse embarcado na narrativa das eleições antecipadas, o país estaria agora em péssima posição, com uma situação política confusa e com seis meses cruciais perdidos.