Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

BandaLarga

as autoestradas da informação

BandaLarga

as autoestradas da informação

Afinal o coronavírus é anticomunista primário

Segundo o PCP toda esta pandemia não é mais do que uma manobra para exacerbar o "individual" contra o "colectivo".

Leia-se, é preciso justificar o 1 de Maio e o atropelo às decisões do Presidente e do governo quanto à mobilidade (curiosamente reduzem os direitos individuais) e vem aí a festa do " Avante" que como se sabe "não há festa como esta". E lá vamos ter mais uma vez uma multidão junta. E no caso sem máscara.

Mas a posição de fundo do partido tem raízes mais profundas. Num artigo de opinião no “Avante!”, Jorge Cordeiro, membro da comissão política, explora a ideia de que existe um “agigantamento do medo, para lá do racional” e um “clima geral de intimidação social” com o objetivo de “exacerbar” o individual. Por isso, e assegurando que não existe “qualquer desvalorização” que toca ao combate e à prevenção, os comunistas veem na crise da covid-19 o “inaugurar” de uma “nova fase mais intensa e mais perigosa de difusão dessas ideias” — as ideias que privilegiam o individual por oposição ao coletivo.

E é isto, depois ficamos muito admirados que não se encontre vacina contra o coronavírus .

Por enquanto ninguém pode roer a corda

O sintoma mais explícito que vêm aí dias difíceis é o aviso/ameaça de Arménio Carlos hoje no discurso na Alameda. A CGTP vai avançar com greves em Maio. Como assim ? Então as promessas que o governo anunciou com o apoio do PCP e do BE não estão a ser cumpridas ?

A questão é que não podem ser cumpridas como é fácil ver nas dificuldades orçamentais e nos índices que nos vão chegando. A receita recua, a economia cresce muito menos, o desemprego não desce e perderam-se 20 000 empregos.E, pior, o investimento público e privado não arranca.

Neste cenário, que só fará mossa lá para Junho/Julho, obrigam os partidos da solução conjunta a empurrar os problemas com a barriga. Em junho, já Bruxelas poderá ser o bode expiatório de todo o mal. PS, PCP e BE vão culpar as regras europeias por não puderem cumprir, embora isso não sirva aos sindicatos. O 1º de Maio foi uma oportunidade para a CGTP se posicionar.

Mas os sinais não ficam por aqui. Jerónimo ausentou-se do parlamento para não ter que assistir pessoalmente à negação por parte do seu partido do que dissera na semana anterior. Catarina diz que "nem mais um passo atrás". Costa afirma na Assembleia que não há um plano B ao mesmo tempo que o faz distribuir pelas bancadas. E o que jura cá dentro é desmentido pelo que a agência de notação DBRS publica para explicar a manutenção do país fora do "lixo".

O 1º de Maio foi o ensaio e as greves de 14 a 20 de Junho o primeiro teste. Tudo no momento em que já é mais do que evidente que Bruxelas confirmará que são precisas mais medidas de austeridade.

A nossa vida está a andar para trás e o país não anda para a frente.

 

Um 1º de Maio retrógado

O dia do trabalhador já foi do trabalhador hoje é dos sindicatos e de todos os movimentos que querem colocar novamente em cima da mesa as questões que já se julgavam resolvidas. A sociedade civil já disse dezenas de vezes nestes quarenta anos que não quer que o estado tome conta de nós.

O Estado ocupa um espaço “que não pode ser confundido com o da iniciativa privada, não pode tomar conta da nossa iniciativa e não pode decidir por nós e nos impor um modelo de vida”. O presente ataque à escola pública em parceria com os privados mostra que PCP e BE lutam pela hegemonia em todos os sectores da sociedade.

Recuando a 1975, para recordar o processo de nacionalizações, que obrigou o país a “pagar um preço muito elevado, por haver forças políticas que queriam que o Estado tomasse conta de tudo”, o presidente do PSD frisou que “o Estado é hoje imprescindível para que a economia funcione com regras”.

PCP e BE são partidos retrógrados que defendem hoje o que já provou não resultar. Há dezenas de experiências a última das quais é a Venezuela onde hoje se luta literalmente nas ruas por um pedaço de pão e por um litro de leite.

Não queremos voltar à miséria e à ditadura.

12.jpg

 

O 1º de Maio é uma conquista dos trabalhadores em democracia

É neste sistema, injusto, que é possível evoluir. Tem sido neste sistema que os direitos adquiridos e todos os outros que iremos adquirir são possíveis. A história do 1º de Maio é mais um exemplo. Com sangue, suor e lágrimas.

Uns anos mais tarde já após a revolta de Haymarket, em 1868, o presidente norte-americano Andrew Johnson promulgou finalmente uma lei proibia que se trabalhasse mais de 8 horas por dia. Foram 19 os estados que adotaram práticas semelhantes com um limite máximo de 10 horas de trabalho diárias.

Na Rússia, em janeiro de 1905, camponeses e operários juntaram-se para protestar contra a opressão vivida no império do czar Nicolás II e exigir melhores condições laborais. Contudo, as manifestações acabaram em violência com confrontos entre protestantes e a Guarda Imperial que fez centenas de mortos. Os historiadores batizaram esse dia como “Domingo Sangrento”.

1ºdemaio.jpg

 

 

1º de Maio sem apoio popular

Já vi a Alameda apinhada de gente, onde não cabia mais ninguém. Este ano foi como a imagem mostra. Eu vi, estive lá até às 18 horas . A UGT reuniu umas centenas de militantes. Muito menos gente. Alguns dirão que o problema é a falta de dinheiro, outros, que é falta de credibilidade e de confiança. Porque os sindicatos também fazem parte da governação do país. Co-governam há 40 anos e a situação a que chegamos também é da sua responsabilidade. Braços armados dos partidos,  mais do que a defesa dos interesses dos trabalhadores, fazem política.

Claro que quando há casos concretos de trabalhadores em luta é fácil aparecer nos telejornais, o difícil, é encontrar soluções nacionais para problemas nacionais. E, aí, os sindicatos não oferecem nada de novo. Seguir a ideologia partidária, seja ela qual for, só faz ruído.

Há sempre mais gente que no ano anterior

Arménio Carlos é de uma previsibilidade atroz. Ouvi-lo uma única vez é ouvi-lo para sempre. É ouvir os comunistas de há quarenta anos, sem desvios, sem correcções, sem crítica. A grande ambição é mudar o pensamento do povo, ele não muda uma vírgula. E, no que diz respeito à multidão que enche a Alameda, ano após ano, todos os anos é maior. Não se sabe onde cabe tanta gente mas é sempre maior. Eu estive lá, há quarenta anos que estou lá, mas não sei dizer se é maior ou menor. Mas ele sabe.

As palavras de ordem são as mesmas ( com excepção do período em que o camarada "muralha de aço" governou o país) e, os carros alegóricos e tarjetas repetem os slogans de sempre.

Mas quem não foi não perdeu nada, já está marcada nova manifestação ( desta vez grandiosa) para 25 de Maio.