“Se não existissem barragens, a água que nelas é armazenada seguiria o seu curso em direcção ao mar, ‘perdendo-se’ tanto quanto se ‘perde’ a água que se evapora, pois toda ela reentra de novo no ciclo atrás descrito, embora em pontos diferentes. Esta noção de ‘perda’ tem apenas a ver com a perda de oportunidade de utilizar essa água para os diversos fins tão caros à humanidade, e que as albufeiras criadas pelas barragens proporcionam: produzir energia limpa, fornecer água de qualidade às populações, regar para produzir alimentos, fornecer água à indústria, e por aí fora”.
Nas barragens a água evapora diz a Catarina Martins como se nos rios não evaporasse no ar e nos oceanos. Sempre tive a ideia que esta líder do Bloco vai debitando bem( não fosse ela actriz) o que lhe vão soprando ao ouvido.E, claro, de vez em quando saem estas pérolas
Podem ser usadas ao nível familiar, na agricultura, hospitais e nas aldeias ressequidas de África por exemplo.
David Hertz, um dos fundadores da Skysource / Skywater Alliance, disse, citado pela CNN, estar entusiasmado com o que as máquinas podem vir a fazer pelas pessoas que vivem em partes do mundo onde a água é um bem cada vez mais escasso. "Sempre estive muito interessando na água e também pela importância da água doce para a humanidade", diz Hertz, um arquiteto especializado em construções sustentáveis. "Estando na Califórnia, onde os problemas estão a ganhar rapidamente proporções da crise" ainda é mais relevante. Este estado norte-americano é um dos mais ameaçados pela escassez de água.
A iniciativa da sociedade civil é insubstituível é bom que se perceba que o Estado não pode e não deve pisar .
Temos água está é mal distribuída. Há que estabelecer conexões entre os pontos do país onde há água e os que não têm água. E não pode ser por camião que arrasta enormes perdas.
A par com o Alqueva, esse colosso de água temos ainda, em termos de bacias hidrográficas e sem falar em águas subterrâneas, outras menos expressivas mas, em todo o caso, importantes: bacias do Arade, do Ave, do Cávado e costeiras, do Douro, do Lima, do Mira, do Mondego, das ribeiras do Algarve, das ribeiras do Oeste, do Sado e do Tejo.
Todas as águas superficiais destas bacias somam a bonita quantia de cerca de 11 mil milhões de metros cúbicos comportados (possíveis).
Em todo o caso e para além destes recursos superficiais ainda existem os recursos hídricos subterrâneos. Uma parte da água de consumo (cerca de 30%) vem de fontes subterrâneas.
Assim, o que nos falta está muito mais do lado da interconexão entre pontos sendo ou devendo ser este um dos caminhos, senão o principal, que deve presidir à gestão dos recursos hídricos. A interconexão dos sistemas o homem pode dominar. A chuva, admitamos que é complexo. O stock de água rompe, então, não por falta de água no sistema total continental mas porque há vários subsistemas descentralizados e o stock descentralizado sofre as penalizações da não comunicação com um “centro” que, neste caso, será uma outra rede com excedentes ou com stock não depauperado. Não rompe só por falta de chuva ou por falta de água. Como se viu, existe água.
Na maior parte dos países da Europa beber um copo de água juntamente com o café numa esplanada custa 0,50 euros. A primeira reacção é " um copo de água não se nega a ninguém" mas depois vale a pena pensar no que se passa nas esplanadas portuguesas.
O copo de água é quase sempre pedido e é quase sempre desperdiçado. A água, pelo menos em grande parte fica no copo. Se houvesse uma "taxa moderadora" os clientes pensavam duas vezes.
As bebidas açucaradas praticamente só têm água, açúcar e uns ingredientes duvidosos mas são vendidos por um preço muito mais elevado . Pelo que se sabe o preço da água praticado para a indústria dá larga margem de manobra para praticar preços que tenham em conta as mais-valias que os produtos encaminham para a economia . Lavar carros paga o mesmo que um produto que é exportado ?
Em nossa casa uma garrafa cheia de água dentro do autoclismo poupa metade da água deitada na sanita. . Em cada autoclismo bem entendido. O que representa isto em milhões de lares ?
O banho é uma necessidade diária mas a maior parte de nós transformou-o num prazer, e se é prazer quanto mais melhor. E antes do banho temos a torneira aberta e a água a correr para aquecer . Em média gastam-se doze litros.. Quanto representa em milhões de lares ?
E não me venham dizer que a maioria de nós tem tino para poupar água se não lhe forem ao bolso. Não temos razão para poupar nem paciência .
Com esta receita extra substituía-se a canalização que perde entre 40% a 60% da água tratada.
Era só preciso termos políticos capazes e gente solidária . E, já agora, o governo, seja ele qual for, não dê uma abébia aos grupos de interesses que lhes asseguram os votos.
Vai chegar um momento em que toda a água utilizada vai ser aproveitada para as actividades menores como lavar ruas, regar jardins e limpar retretes, mas isso implica meios de distribuição paralelos que custam milhões.
O absurdo pode sempre chegar a patamares inimagináveis só possíveis neste pobre país. Proprietários negam água aos helicópteros para se reabastecerem. Numa praia fluvial os banhistas protestaram por um helio se ter abastecido de água.
Será por as suas casas não terem corrido perigo de serem consumidas pelo fogo ? E a floresta é mesmo para arder ? As respostas a estas duas perguntas mostrarão muito mais do que todos os inquéritos juntos.
O povo que se vê na Madeira e em tantos outros locais a ajudar os bombeiros é o mesmo que nega água ? Ou há motivações opostas ? Um grupo de bandidos que ataca um hélio à pedrada comete ou não um crime ? É preciso saber se esta gente se sente já tão confortável a incendiar florestas e a impedir o seu ataque, porque há muito que se desconfia que os fogos são um negócio para muita gente. E pelos vistos suficientemente protegida para impedir que os bombeiros façam o seu trabalho.
As barragens estragam a paisagem e a qualidade da água. O petróleo estraga a paisagem e afugenta o turismo. Ficamos dependentes das importações de energia, do carvão e dos hidrocarbonetos. E do vento e do sol.
Eu também não me importava ( salvo a dependência das importações) mas será boa ideia deixar a água continuar a correr para o mar ? E a energia produzida a partir do vento e do sol é suficiente ?
Importamos entre 6 000 milhões e 8 000 milhões por ano em petróleo e gaz. Se a quantidade existente em Portugal for suficiente para ser explorada comercialmente seria o ponto de viragem da economia nacional. Mas há quem esteja contra.
Antes das plataformas de extração já cá temos as plataformas de protesto. Não ao gaz. Não ao petróleo. Não às barragens.
A discussão anda à volta da propriedade pública e da gestão privada da água. Mas o que se devia discutir é como acabar com o desperdício. Porque há milhões de litros de água desperdiçados por dia.
Porque sendo a propriedade pública ( sem discussão) já a sua captação e distribuição deve ser entregue a quem a coloca junto aos consumidores ao preço mais baixo e com melhor qualidade. Mais uma vez é raciocinar a partir do interesse dos cidadãos e não a partir da dicotomia público/privado. Que no momento do pagamento da factura não tem qualquer interesse para o cidadão.
E a factura só baixa se se reduzir o desperdício o que exige investimento que as câmaras não cumprem. Umas por falta de dinheiro outras por que não são sujeitas a nenhuma penalização.
Deve ser assim em todos os sectores onde o estado tenha uma posição central. Deve regular mas não deve ser o prestador único e universal. O monopólio, seja privado ou público, é mau conselheiro.
O bom senso vai ganhando adeptos. Já passou o tempo das Águas de Portugal um monstro com dezenas de empresas e com enormes prejuízos. Quando uma parte importante dos serviços de águas dos municipios não pagava a água que consumia. Sem dizer "água vai".
“a adoção de modelos de concessão em que os municípios mantenham a responsabilidade política e o papel de garantes do serviço público essencial e universal”.
A Associação de Municípios “empenha-se ativamente na reestruturação” do setor da água, “sem recusar a sua abertura aos privados, mas “apenas quando for essa a vontade expressa dos municípios envolvidos e sem que essa reestruturação coloque em causa a prestação de um serviço que deverá primar sempre como um serviço de interesse público essencial”, salientou o presidente da ANMP.
Alqueva está a mudar o Alentejo. E a nossa agricultura. Verdes, fruta, oliveira, vinho, turismo...mas a água tarda a chegar. Parece que é desta. A barragem de Alqueva foi iniciada nos governos de António Guterres. Há mais de vinte anos e depois de tanto dinheiro desbaratado em obras inúteis. De acordo com a EDIA, atualmente, dos cerca de 120.000 hectares de regadio do projeto global de Alqueva, 68.000 estão instalados, 20.000 em obra, 20.285 foram hoje adjudicados e os restantes 10.000 estão em processo de concurso e vão marcar a conclusão do empreendimento em finais de 2015. Produtos para exportar e para substituir importações isto, claro está, se não continuarmos a comer uvas do Chile . Na região até existe o aeroporto de Beja que bem poderá ser a porta de escoamento dos produtos frescos para toda a Europa. E o porto de Sines também está ali perto. Como estava escrito, nos anos 70, numa das paredes da barragem em bom Alentejano : Construam-me, porra!