Só não arde se tiver uma conta de exploração positiva
Nos anos 70 trabalhei numa empresa que era a central de compras de material lenhoso para as celuloses e de que estas eram as únicas accionistas. Já ardiam florestas e tal como agora as florestas das celuloses não ardiam. A grande discussão nessa altura é que era o eucalipto quem bebia a água toda existente na terra e arrasava com o resto das espécimes locais.
Estiveram cá uns técnicos suecos a ensinar-nos como se explorava o eucalipto. Plantar, limpar, cortar, rechegar, descascar e transportar.
E olhavam para a nossa floresta e diziam. Meus caros sem uma conta de exploração positiva isto mais tarde ou mais cedo é abandonado. Isto era, evidentemente, a floresta não tratada, embora melhor tratada nessa altura do que nos dias de hoje. A desertificação do interior não tinha a dimensão de hoje .
De vez vem quando vou a Castelo Branco e não é preciso muito para ver ao longo da autoestrada as florestas das celuloses, alinhadas, limpas e viçosas a constratarem com o negro da floresta ardida vizinha. Vê-se bem que a floresta bem tratada serviu de "stop" ao incêndio que lavrou por ali.
Um eucalipto (" eucaliptus globulus") cá na nossa terra cresce em 8/10 anos lá em cima no norte da europa de onde emigraram para Portugal - acompanhando a deslocação das fábricas de celuloses- precisam de 12/14 anos. O problema é que as boas práticas florestais não acompanharam o eucalipto. Originalmente o eucalipto foi importado da Austrália.
Não vale a pena seguir pelo caminho mais curto e mais fácil atribuindo ao eucalipto a raiz de todos os males. Se o Estado juntamente com o poder local não conseguirem ordenar a floresta, juntá-la, limpá-la e transformá-la numa conta de exploração positiva a floresta vai continuar a arder.
O resto é ideologia e rancor às empresas de celulose que ganham dinheiro e criam emprego. Não se esqueçam de afastar da equação o factor mais importante nessa conta de exploração que tem que ser positiva.