Ser empresário é um pecado
No tempo do meu pai a ambição era ser funcionário público. Na minha geração era ser professor ou empregado bancário. Não me lembro de alguma vez ter recebido um incentivo para ser empresário .
Ainda hoje "passar a efectivo" é o bilhete para a segurança e o sossego, a maioria passa a esperar a passagem do tempo. Vê-se bem que é assim com a atitude de afrontamento à avaliação e a tentativa de todos serem iguais .
Mas quando alguém não é igual, é ambicioso, é resiliente e determinado, e tem capacidade de iniciativa passa a ser olhado de soslaio. A maioria dos Portugueses não sabe que há em Portugal cerca de 450 mil pequenas e médias empresas fruto da iniciativa de gente corajosa.
Estas PME representam 80% do emprego e 60% das exportações são o tecido empresarial em que assenta a economia. Poucos as conhecem .
Depois há as grandes empresas que nasceram à sombra dos negócios do Estado e que dominam ou influenciam as grandes decisões do estado. Veja-se como sabemos hoje o grau de promiscuidade entre essas empresas e os sucessivos governos.
E há também, muito poucas, as empresas que fazem a sua vida em plena concorrência cá dentro e lá fora e que são cada vez mais felizmente .
São os patrões, como lhes chama a CGTP, os exploradores. Enquanto for esta a visão que o país tem dos empresários não conseguiremos criar a riqueza necessária e os melhores de nós todos continuarão a procurar melhor destino na emigração.
Não vale a pena chorar lágrimas de crocodilo.
A atitude perante a morte de um empresário que nasceu pobre, fez-se rico, viveu como um remediado e afrontou sucessivos governos mostra bem o que pensamos dos que vencem na vida.
Eu admiro-os e tenho pena ( mas não inveja) de não ter conseguido ser um deles. E trabalhei a maior parte da minha vida nas empresas privadas, grandes e pequenas, sei do que falo.