Salvar o SNS : mérito, avaliação e proximidade
A gestão do Serviço Nacional de Saúde está como há vinte e cinco anos. Verticalizada, sem interacção entre os serviços e as instituições, centralizada e longe dos problemas. Atirar dinheiro para cima dos problemas nunca foi solução e cativar verbas orçamentadas também não.
Avaliar e pagar segundo o mérito ; reter um núcleo duro de profissionais bem remunerados a trabalhar a 100% no SNS ; proximidade ao doente e aos problemas concretos .
Um dos aspetos essenciais para poder fazer a modernização do SNS é a qualidade do seu modelo de governação. E o que mais me impressiona é olhar para a governação da saúde e ver que temos o mesmo modelo de há 25 anos.
Nas unidades de saúde familiar, a passagem do modelo A para o modelo B, que significa começar a remunerar os profissionais pela qualidade do seu desempenho, pelo seu mérito, tem provocado um enorme desgosto à administração pública e às Finanças, não por este ser uma má solução, mas porque aquelas são tremendamente conservadoras quanto à necessidade de os serviços públicos serem geridos de uma forma descentralizada e responsabilizada pelos seus resultados. Não se paga a uma organização moderna para funcionar como funciona, paga-se para ter resultados, e remunerar pelo desempenho é remunerar por resultados. Ao fim deste tempo faz todo o sentido definir um plano concreto e rigoroso para que se faça a passagem do modelo A para o B. Para isso é necessário assegurar que as unidades tipo B trabalham todas como tal, o que obviamente não é o caso. Esta transformação, de facto, requer uma monitorização e avaliação contínua da reforma.
De facto deitar mais dinheiro para cima do SNS está muito longe de assegurar melhores resultados. E não é sustentável.