Rui Rio fez detonar a bomba e não foi preciso levantar muito a voz
E DE REPENTE FEZ-SE LUZ...
PORQUÊ?
Um dos temas da actualidade política é o Parlamento querer ouvir Manuel Pinho.
Isto porque este Senhor, enquanto ministro da economia, terá continuado a receber o vencimento do BES, sua entidade patronal antes de ir para o governo de José Sócrates, em acumulação com os seus proventos de ministro.
Sobre este ponto parece que toda a gente concorda que, em termos políticos, éticos e morais, é insustentável um governante ter de decidir sobre assuntos do interesse público sob a suspeita de estar condicionado a interesses particulares. E ao receber dinheiro do BES enquanto ministro, Manuel Pinho, independentemente da rectidão ou não das suas decisões, expôs-se claramente à fragilização dessa suspeita.
Ora, este facto é do domínio público há mais de um mês e ninguém lhe atribuiu grande relevo, para além de um ou outro comentário, mais ou menos jocoso.
O PCP e o BE, amarrados ao PS, guardaram cobarde e cúmplice silêncio sobre um assunto que, se fosse com alguém de outro quadrante político, é certo e sabido que estes partidos teriam clamado e esganiçado a sua indignação contra semelhante escândalo.
O PS, nunca se pronunciou e mesmo algumas vozes, tidas como próximas de António Costa, até relativizaram o caso não lhe atribuindo grande significado.
Mas eis que o líder do PSD, Dr. Rui Rio, anunciou, e muito bem, uma iniciativa parlamentar para Manuel Pinho ir à Assembleia da Republica dar explicações aos deputados e ao País sobre aquela sua conduta como governante.
A partir daí é o que se sabe.
O BE, que com o apoio do poder mediático procura apresentar-se de forma enganosa como o campeão da ética e da transparência, acha que tem de cavalgar uma iniciativa que possa suplantar o PSD e que, se possível, desvie o foco do Manuel Pinho. Fica-lhe bem e presta um serviço ao PS, a quem amanhã irá cobrar esse crédito.
O PCP, com alguma sobriedade, anuncia o seu apoio à iniciativa do BE.
Quanto ao PS, que sempre esteve caladinho e que procurava passar despercebido, de repente coloca alguns dos seus soldados a fuzilar Manuel Pinho e, imagine-se, José Sócrates. Para não perder o pé ante a opinião pública, ainda vamos ver, agora e de forma oportunista, o PS a acusar José Sócrates como nenhuma força política o fez até hoje.
Porquê este desnorte dos parceiros do governo?
Todos percebemos porquê, as causas da transparência e do combate à corrupção são muito caras aos Portugueses e no próximo ano há eleições.
De registar o detonador - a iniciativa do PSD!...