Relatório sobre a floresta mais de dois anos na gaveta
Deixa arder que o meu pai é bombeiro dizia a malta pequena mal sabendo quanto perto andava da verdade. Os senhores que nos governam também pensam assim.
Há um relatório que fixa objectivos e metas, enfim, que só dá trabalho? Mete-se na gaveta, e na altura dos incêndios torna-se público para a plebe ver como os génios políticos andam a controlar o que verdadeiramente é importante.
O Plano Nacional de Defesa da Floresta consagra um conjunto de metas até 2018. Um dos objectivos, que seguramente não foi concretizado, passava pela redução da área ardida a menos de 100 mil hectares/ano até 2012. Esse número foi frequentemente ultrapassado nos últimos anos e em 2016 chegou quase aos 160 mil hectares.
Entre os objectivos apontados pelo plano como "primordiais" contava-se uma "profunda alteração ao nível do planeamento", fazendo com que os municípios passassem "a definir políticas de intervenção na florestas e o reforço da capacidade técnica", com reflexos na prevenção e nos procedimentos.
Previa-se, igualmente, a criação de redes de gestão de combustível, o alargamento do uso de técnicas de fogo controlado e a criação de faixas de protecção que conduzissem "à diminuição, de forma significativa, do número de incêndios com áreas superiores a um hectare e eliminação de incêndios com áreas superiores a 1.000 hectares".
Ora, isto vai lá é com relatórios que custam milhões e que jazem na quietude das gavetas dos gabinetes governamentais. Levá-los para o terreno e implementá-los dá muito trabalho e obriga a sair do ar condicionado.
António Costa disse hoje em entrevista que foi ministro dos incêndios há 12 anos.