Quando morrer quero alimentar uma Cameleira
Sempre admirei os cemitérios ingleses. No meio de um jardim, abertos, sem altos muros como que a dar continuação à vida de quem ali passa e vive. E as árvores, normalmente grandes e frondosas, alimentam-se da matéria orgânica dos cadáveres ( não gosto desta palavra). É uma forma linda de se encarar a morte.
Mais uma opção para nos mantermos por cá, em paralelo com o que se passa com filhos, netos e sobrinhos. O nosso ADN está, com eles, bem presente, como as ondas do mar que morrem na areia . Que interessa qual é a água do mar que morre na areia se toda pertence ao mesmo mar ?
Já aí estão os caixões biodegradáveis. Até aqui havia que escolher entre voltar ao pó frio da sepultura ou passar para o outro lado mais aconchegado com a incineração. Quentinho, dizem os cínicos.
No largo à frente do cemitério da minha terra ( Penafiel) onde dei os primeiros passos há enormes cameleiras pujantes de cor. Umas dão flores brancas outras vermelhas. Quero ser uma delas. No meu quintal tenho uma ainda jovem que dá flores brancas. Pequenina, precisa para crescer da minha carcaça velha quando chegar a hora. E fico com bons vizinhos e com uma bela vista.