Palavra de comunista não basta
Jerónimo de Sousa pregou um prego no caixão da coerência politica do PCP. A meio da semana dizia que o PCP não apoiava o Programa de Estabilidade mas na sexta feira abandonou a Assembleia para não ver a sua bancada desdizê-lo. Mesmo que a preparar uma intervenção pública, segundo a sua versão.
O PCP - profundamente conservador - julgou por meses que podia estar no governo e na oposição ao mesmo tempo. Tomar conta do ministério da Educação - moeda de troca pelo seu apoio parlamentar - e não apoiar os programas do governo a enviar a Bruxelas foi sonho que morreu à nascença.
O próprio Secretário Geral sai muito mal da fotografia num momento em que se erguem vozes que exigem a renovação do partido. O score alcançado nas últimas eleições presidenciais (3,3%) é particularmente violento. O tal núcleo comunista, muralha de aço, equivalente a 8% de indefectíveis afinal é mais uma quimera de propaganda. As próximas autárquicas em 2017 vão ser o momento em que o PCP vai jogar tudo. Um mau resultado será um beco sem saída atenta a ala radical que domina o comité central. Não haverá "engraçadinha" que lhes valha.
O domínio monopolista que o PCP está a lançar sobre a escola pública mostra bem que o partido não mudou. A estratégia é a mesma que levou o povo para as ruas em 74/75. Ontem já se realizaram protestos, reuniões e assembleias nas escolas que os comunistas querem decapitar. Ontem como hoje a liberdade passa por aqui. Há que lutar novamente pela liberdade de escolha como durante estes quarenta anos foi preciso lutar pela liberdade sindical e de informação e por uma economia não estatizada. Pela integração na UE e no Euro.
Mas como também sabemos embora perdendo todas as eleições em democracia o PCP ganhou-as todas. É preciso avisar a malta!