Os móveis Olaio eram demasiado bons
Ainda hoje tenho e uso móveis Olaio . Novos, tal como os trouxe para casa nos já longínquos anos 80 . A humidade não os ataca, o caruncho não entra, a cor não muda. Trinta anos depois não preciso de comprar móveis. E até o seu design não deve nada aos mais modernos. Não há fábrica que aguente produzindo móveis desta qualidade.
Fui administrador da empresa quando Motta Marques comprou a fábrica de Sacavém à família Olaio. Já nessa altura o mercado estava inundado de móveis feitos para durarem um par de anos . Com custos muito mais baixos o que permitia uma rotação muito maior . Não foi só a indústria de móveis que passou por essa inovação. Os automóveis que duravam uma vida foram substituídos por outros que duram cinco anos. Com custos muito mais baixos. E com inovação e incorporação de factores de segurança e fiabilidade. O que permite às fábricas produzirem e venderem . Usar e mudar cada cinco anos.
Já antes tinha passado pela Metalúrgica da Longra, onde se produziam os móveis Longra. Com uma qualidade ímpar, ainda hoje são utilizados em escritórios e até no CCB . Também neste caso o mercado foi inundado por móveis de baixo custo . Usar e deitar fora.
Muitas vezes fui confrontado com as críticas dos clientes. O tampo da secretária não era igual ao móvel de parede. Pois não, não há duas árvores iguais. Mas os novo móveis são pintados, iguaizinhos na sua falta de qualidade.
O acesso a um número cada vez maior de pessoas, a massificação, tem destas coisa. É justo, mas para os bens serem acessíveis há que inovar, baixar os preços . Os mercados e a concorrência deixam para trás quem não acompanhar as novas necessidades.