OS BURACOS
As crateras recentemente abertas na A-14 e na A-41 podiam ter custado vidas. Felizmente, apenas custaram, custam e custarão enormes prejuízos patrimoniais e não patrimoniais, directos e indirectos, àqueles que nelas precisam de circular.
São estradas que integram a moderna rede viária de que a classe política tanto se orgulha de ter dotado o país e que, no caso da segunda, todos nós pagámos, pagamos e pagaremos, principescamente, por força da ruinosa “PPC” que instituiu a respectiva concessão.
Impressiona-me como é possível que tal tenha acontecido sem que uma voz se tenha levantado a arguir grave falha na sua construção ou manutenção (a disjuntiva não exclui a copulativa) única razão plausível para que construções efectuadas recentemente e com possibilidade de recurso a meios e tecnologia actuais tenham ruído instantaneamente.
A comprová-lo estão as velhas estradas nacionais, fustigadas por dezenas de anos de tráfego e construídas no mesmo tipo de solos, que aí estão, servindo de remedeio, nos limites estreitos da sua dimensão, mas sem dar sinais de que desaparecerão nas entranhas.
Sintomático também que as vozes populares e políticas de que a comunicação social faz eco apenas reclamem da demora na reparação e nas soluções provisórias.
Os buracos resultam sempre de erros passados. Porém, também sempre, o odioso recai em quem, sem culpa pelos erros, tem de os tapar. Não acontece só com as estradas.