O sucesso de Portugal levanta questões perturbadoras
A política de reversão de rendimentos teria sido possível sem a política de austeridade ? Teria sido possível com taxas de juro a 7% ? E com um défice de 11,2% ? E com um desemprego de 17% ?
O FMI diz que o seu objectivo foi puramente de reequilíbrio financeiro, as questões sociais daí resultantes eram assunto da União Europeia. Cabia a Bruxelas mutualizar a dívida, a Berlim investir mais . O desemprego não teria caído tanto.
O artigo, que faz o governo português corar de elogios, faz crer que Portugal “pode oferecer-se como um modelo para o resto do continente”. E diz porquê: “conseguiu aumentar o investimento público, reduzir o défice, reduzir o desemprego e alcançar um crescimento económico sustentado”. Tudo isto devolvendo rendimento e confiança às pessoas e atraindo de novo os investidores. Numa frase: “Portugal conseguiu aquilo que nos tinha sido dito que era francamente impossível”.
O sucesso de Portugal é “inspirador e frustrante” porque levanta questões perturbadoras: “Para quê esta miséria humana na Europa? E a Grécia, onde mais da metade dos jovens caiu no desemprego, onde os serviços de saúde foram dizimados, onde a mortalidade infantil e o suicídio aumentaram? E Espanha, onde centenas de milhares foram expulsos de suas casas? E França, onde a insegurança económica alimentou o crescimento da extrema direita?”.
Teria sido ou não necessário ? A certeza que podemos ter é que só atravessamos o inferno porque o país descambou financeiramente . Se o país não tivesse mergulhado na situação pré-bancarrota não teria sido necessária a austeridade.
Todos os países que mantiveram as contas públicas equilibradas não precisaram da austeridade.
Eis a prova.