O que faz correr o Bloco de Esquerda contra Carlos Costa
Carlos Costa como ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos está a ser investigado no âmbito do processo a correr na Assembleia da República. Há só que esperar pelos resultados.
Mas o BE tem pressa em considerar Carlos Costa culpado uma forma eficaz de retirar credibilidade a um dos principais intervenientes do processo em que está envolvido Ricardo Salgado. Se os outros partidos forem na conversa será um Carlos Costa completamente descredibilizado que se apresentará perante a Justiça.
O BE há muito que nos habituou a um oportunismo folclórico, populista, na ânsia de mostrar trabalho . Infelizmente na maioria dos casos o que apresenta é uma falta de trabalho de casa perigoso. Nalguns casos roça o rídiculo .
O BE foi o primeiro a exigir a cabeça de Carlos Costa a pretexto das novas revelações sobre a Caixa. Muitas vozes se lhe juntaram num aparente desejo de justiça. Mas não é nada disso.
Por mais voltas que se queira dar ao que Carlos Costa fez ou deixou de fazer, um facto é inegável: foi ele o agente direto da queda de Ricardo Salgado que era há muito o verdadeiro dono de Portugal aquém e além da banca. Ao fazê-lo revelou uma coragem que poucos teriam nas mesmas circunstâncias. E, claro, gerou uma animosidade que só tem crescido com os desenvolvimentos conhecidos das investigações criminais em curso.
É neste contexto que devemos inserir a ação do BE.
Para a estratégia de defesa de Salgado é fundamental que Carlos Costa esteja desacreditado e vencido quando chegar a hora do julgamento. Assim, o principal beneficiário deste esforço de imolação precoce do Governador do BdP são Ricardo Salgado e os seus cúmplices. Dolosamente ou não, o BE está-lhes a fazer um tremendo favor.
Mas a infelicidade do BE não se fica por aqui. Está a iniciar-se uma nova Comissão de Inquérito à Caixa. Pelos vistos, o BE quer antecipar as suas conclusões e condenar responsáveis antes de estes serem ouvidos. O costume, portanto, é o BE a ser BE.
Mas os partidos responsáveis têm de ser firmes e não ceder a este populismo manipulado nas sombras. Nomeadamente o PSD. O meu partido tem de se afirmar orgulhoso da sua história recente, saber estar à altura da atitude de Passos Coelho neste caso de regime, desmascarar os conluios escondidos que continuam a subsistir em todo o mundo da política e de que quase ninguém suspeita. E aproveitar bem a CPI para isso.