O negócio das prescrições
Eu pergunto a mim mesmo. Há alguém que acredite que processos que envolvem milhões de euros prescrevam porque em dado momento do circuito processual alguém se esqueceu de fazer uma qualquer démarche? Então os responsáveis, que têm em mãos estes processos, são tão maus profissionais que nada fazem para inverter prioridades, solicitar ajuda superior, ou propor a constituição de um grupo com o objectivo de cumprir prazos ? O que seria de um qualquer gabinete de advogados se não cumprisse os prazos dos processos que tem à sua responsabilidade?
Lembro-me sempre de um célebre caso, na então jovem bolsa de Lisboa, em que o mais conhecido e bem sucedido corrector "estourou" com centenas de milhares de contos ( ainda era a moeda antiga). Toda a gente ficou à espera que aparecessem acções e mais acções judiciais contra o homem. Qual quê? Se bem me lembro apareceu uma de um arquitecto que perdeu cento e cinquenta mil contos. Mais ninguém tinha nada a apontar ao corrector. Houve até entrevistas aos prejudicados(?) em que estes arranjavam umas explicações esfarrapadas para que o assunto não fosse para aos tribunais. Porquê?
Calculo eu que alguns já tinham ganho muito dinheiro antes. Outros, não eram capazes de explicar a proveniência do dinheiro aplicado na bolsa. E, ao fim e ao cabo, toda a tramóia não teria sido possível sem múltiplas cumplicidades aos mais altos níveis. Assim, foi bem melhor para todos tudo morrer na "gaveta" da prescrição. Ficamos todos de bem com deus e com o diabo ( letra pequena não vá ele estar a ouvir-me)