O fim de uma época do capitalismo português
O que está a acontecer ao grupo BES não é só o fim do maior grupo empresarial português é, também, o fim de uma época. O fim do capitalismo do compadrio, em que os governos andaram a distribuir zonas de influência como quem distribui prendas de Natal. Uma parte das telecomunicações para um , outra para o concorrente. A energia a este, a Galp àquele. O contrário do que deve ser uma economia em sã concorrência, que beneficie o consumidor. Um capitalismo dominado pela promiscuidade entre o estado e os interesses empresariais, pelo favorecimento na distribuição dos subsídios e dos investimentos, na distribuição de áreas estratégicas da actividade económica e respectiva protecção legal.
O grupo Espírito Santo é na verdade uma complexa rede de interesses, uma porta giratória, por onde se passeiam governantes antes e depois de estarem no governo. É preciso dizer que há mais para além do Grupo Espírito Santo. É este capitalismo selvagem que não existe nos outros países europeus salvo os que, como nós, se debatem em profunda crise. Este capitalismo só é possível à sombra de um estado tentacular que invade todas as actividades da vida nacional. O mesmo estado que alguns querem manter senão mesmo aumentar.
PS : a partir de um texto de Luis Marques no Expresso)