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O DIA DOS INOCENTES - Prof Raul Iturra

Não consigo entender de que inocentes falo. Se dos históricos, esses bebés mandados assassinar por Herodes denominado O Grande, da família não judaica Idumeu, que derrubara a dinastia judaica Hasmonea, fundada pelo filho mais velho do Sacerdote Levítico Matatias, Judas o Macabeu. Rei que iniciou a dinastia Hasmonea, que reinou sobre a Judeia por mais de um século, até à entrada em Jerusalém dos Idumeu, todos eles denominados Herodes.

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Herodes entrando em Jerusalém (36 adC). Miniatura de Jean Fouquet (entre 1470 y 1475).

Este Rei, não legítimo por não ser Judeu, vivia no terror de ser assassinado, especialmente pelo anúncio profético de Jeremias, Capítulo 31-versículo15 da Bíblia, que diz que Raquel, sacerdotisa judaica, ia chorar sobre os seus filhos mortos (ver também Raquel citada no livro de Jeremias na Bíblia Judaica, adoptada por todas as confissões cristãs). Flávio Josefo, historiador judaico, que narra a vida dos Idumeus, nada diz sobre a matança de bebés. Apenas Mateus, no seu evangelho, recolhe a profecia de Jeremias no Capítulo 2, versículos 13-18. No Capítulo 18 diz: Uma voz se ouve em Ramá, lamentação e gemido grande:

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Raquel chora seus filhos

é Raquel, que chora os seus filhos, e recusa ser consolada porque não existem...
Excepto as narrações de Flávio Josefo, tudo o que temos são relatos escritos 300 anos depois da

acreditada morte de Cristo na Cruz, bem como outras histórias. Há mais de 20 Evangelhos escritos, mas apenas quatro são aceites pelas confissões cristãs e nenhum deles pelos hebraicos nem pelos muçulmanos, enquanto Flávio Josefo é um historiador de respeito, aceite por todas as confissões e homens de ciência.

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A matança dos inocentes, é uma dessas histórias criadas para justificar a vida de um ser que era uma divindade, entronizada para redimir o mundo.
Nas minhas palavras, como nas de Marx, estas ideias são criadas para que o proletariado aceite o governo da burguesia, os impostos, as crises económicas, o arrecadar fundos destinados a uma fundação denominada igreja de qualquer confissão e, ainda, a subjugação do povo mal pago pelos bens que produz, que gera uma mais-valia que fica em poder dos governantes burgueses. A religião não é do povo, foi feita por seres humanos detentores da força das armas, com a finalidade de pôr o povo a trabalhar. Se assim não fosse, porquê isto?

Os inocentes e as suas matanças, mais não é do que povo que trabalha por um salário sendo, simultaneamente, consolado pelos crentes que acumulam história e lucro: os proprietários do capital. Todo o ser humano, em dias de frio e neve, preferiria ficar em casa para não sofrer o castigo do trabalho mandado pelos governantes burgueses:

Os Santos Inocentes, desde o dia da Revolução Industrial

Não há mais nada para acrescentar. O que foi, é história, Sabemos que as histórias bem contadas, são sempre acreditadas, especialmente se há poder lucrativo que as apoia. Resta-me acrescentar, que os inocentes chacinados todos os dias, somos nós...o povo trabalhador.


Raul Iturra
28 de Dezembro de 2004.
lautataro@netcabo.pt