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BandaLarga

as autoestradas da informação

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O aumento de capital da CGD, ou como se vende gato por lebre.

Rui Mendes Ferreira

 

Uma parte do aumento de capital da CGD vai ser feito através de emissão de Obrigações Subordinadas.

Para os menos conhecedores, estas obrigações, são classificadas de altíssimo risco. Serão títulos sem o menor dos direitos, sem garantia alguma de retorno, nem reembolso, nem garantia de capital, nem sequer parcialmente. Mas que irão ser vendidos, com a mensagem de serem do "banco público", e como tal um produto de altíssima confiança, segurança, e credibilidade".

Para atrair "investidores", o governo está a prometer o pagamento de elevados juros. Ou seja, a velha técnica da venda da "galinha gorda por pouco dinheiro".

Entretanto, o jornalista de assuntos económicos, da SIC, José Gomes Ferreira, já veio a público alertar os cidadãos, para não colocarem de forma alguma, as suas poupanças, na compra destas obrigações, pois a probabilidade de ficarem se nada é quase garantida. Disse até que isto se assemelha a mais um "conto do vigário", feito para "enganar velhinhos e velhinhas"

De imediato, representantes do governo e da CGD, mostraram-se altamente ultrajados com as palavras de JGF, e vieram a público, tentar contradizer JGF, alegando que a CGD não irá vender estas obrigações ao público em geral, mas somente a "Investidores Institucionais".

Garantindo assim, que desta forma, que não estão a tentar enganar ninguém do povo comum, e que assim sendo, podem ficar tranquilos, que se algo correr mal, as perdas e prejuízos, não ficarão nos bolsos dos clientes particulares do chamado "retalho" da banca comercial, mas sim nos agiotas e gananciosos, dos tais Investidores Institucionais.

Pura ilusão, e nada mais errado. Vou tentar explicar:

É um facto que o cliente de retalho, particular, não irá poder comprar tais obrigações. Não de forma directa. Mas irá acontecer de forma indirecta. Os chamados Clientes Institucionais, vão ser os bancos onde temos as nossas contas e poupanças, e onde iremos aplicar parte dos nosso depósitos. Serão os fundos de investimento, que investem as nossas poupanças. Serão as seguradoras, através dos nossos PPR`s e os fundos de pensões, onde estão os nossos descontos para planos de reforma.

Perceberem como é que estas obrigações vão acabar todinhas, de forma indirecta nos bolsos do cidadão comum?

Desta vez, a vigarice desta vez, está um pouco melhor montada que a que se passou com a venda de obrigações e acções do BES e do grupo ES. Mas o que lhe está subjacente é exactamente a mesma base. Andam e vender gato por lebre, mas como não agora já não o podem fazer de forma directa, por causa da vigilância apertada do BCE, estão a recorrer a entidades institucionais, para fazer passar a burla, devagarinho, até a conseguirem fazer chegar aos bolsos do povo comum.

Pelo meio, os ditos investidores institucionais, irão cobrar umas suculentas taxas de intermediação, por ajudarem o governo e o Estado a chutar os custos dos actuais e agora também dos futuros buracos da CGD para os bolsos do povo, e devagarinho e sem que os clientes de retalho dos bancos se apercebam, ou seja o normal cidadão que possui algumas poupanças, acabam por comprar unidades de participação em fundos mistos, múltiplos, PPR`s, unidades de participação, aplicações financeiras, onde estas obrigações de altíssimo risco e sem direito a qualquer garantia de reembolso nem capital garantido, nem mesmo parcial, irão ser colocadas, com pezinhos de lã, ocultadas e dispersas entre muitas outras, sendo esta a forma "indirecta" de as colocar nas mãos dos privados, e tudo isto conseguido sempre com a promessa de pagamento de juros e ganhos altíssimos.

E depois, quando as ditas obrigações derem para o "torto", e passarem a valer menos que lixo, e a probabilidade de tal acontecer, é elevadíssima, essas perdas serão repartidas por todos esses veículos e formas indirectas de investimento. O capital que alguns de vós tenham investido em PPR`s, fundos de pensões, seguros de vida, fundos mistos, fundos obrigacionistas, e outros do género, irá ter uma desvalorização, na exacta proporção que as ditas obrigações subordinadas da CGD possuem, no mix que compõem a carteira desses.

E que irão dizer depois os vossos gestores de conta, os gerentes das agências bancárias, com que trabalham? Irão simplesmente dizer que o fundo teve uma "ligeira desvalorização", fruto do desempenho dos mercados, ou da carteira dos investimentos, etc. etc. Mas na prática, o que aconteceu, é que com pezinhos de lã, foram tosquiados, com mais uma factura da CGD.

Mas nem tudo é mau. Pois, pelo menos desta vez, não serão os contribuintes a ter que pagar esta tranche da factura dos futuros buracos da CGD, mas sim, os tais incautos, a quem JGF chamou de "velhinhos e velhinhas". Mas quem não estiver atento, quando coloca alguma poupança num banco, numa conta a prazo indexada a fundo de investimento, numa subscrição de unidades de participação, num seguro de vida com reembolso de capital, num PPR, ou outras formas de poupança e investimento, irá acabar a fazer parte do tal grupo de "velhinhos e velhinhas", independentemente da idade que tenha.

É assim que funciona, e vai ser assim que se irá passar. Limpinho limpinho. Vai uma aposta?

Depois não venham dizer que não sabiam, que foram "lesados" e que querem o vosso dinheiro de volta, pois garanto-vos que desta vez, não o irão nunca conseguir receber.

Espero que tenham percebido, pois eu tentei explicar.

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