Não foi só o Joe que nos envergonhou
Não me lembro de quase nada do episódio, mas lembro-me perfeitamente da cara que Zenal Bava fez quando a Mortágua lhe perguntou se não era amadorismo ter a 90% da tesouraria num só banco.
A Mortágua ficou famosa, os media chamaram-lhe de "estrela" e coisa do género. Mas a cara do Bava era de "nem acredito que fodi as poupanças de uns milhares valentes de accionistas e tudo isto vai passar como amadorismo". Claro que no raciocínio básico dos deputados portugueses, tinham vergado um tubarão famoso. Nem perceberam a cagada que tinham feito por dois minutos de fama. Bava, esse, deve ter ido para casa a assobiar pela rua de contente atendendo que nos USA estaria, no mínimo, preso a esperar julgamento, mas Mariana Mortágua fez-lhe o favor da vida. Agora era simplesmente amador.
A chicuelina que a Mortágua levou hoje de Berardo fez-me lembrar esse dia. O amadorismo de uma curiosa, armada em especialista para a televisão, faz o pior dos serviços à justiça, particularmente quando esse amadorismo não tem sequer a humildade de tentar perceber que não está lá para perseguir as pessoas ou atirar-lhes com seu ódio nacional-socialista, mas para averiguar se o estado - aquilo com que ela se devia preocupar - agiu bem ou não. E hoje, para além de Berardo, boa parte do tecido financeiro português foi para casa a assobiar de contente. Tudo porque há uma rapariga que não consegue ver a diferença entre ter umas luzes ou saber de facto das coisas. Hoje, em vez de se perceber se Berardo tinha sido o instrumento de uma conspiração de nível nacional, o que interessou foi se a CGD podia ir ou não tirar-lhe a vida opulenta.
A verdade é que esta "estrela" nos devia envergonhar a todos.