Mário Soares sempre recusou a "maioria de esquerda " com o PCP
PS e PCP têm ideias antagónicas sobre a organização politica da sociedade. Mário Soares nunca concordou com a chamada " unidade de esquerda". Por mais de uma vez deu a sua carreira política às balas correndo o risco de estar contra a corrente maioritária. Avançou para Presidente da República com apenas 8% de apoio nas sondagens. Mas recusou sempre juntar-se ao PCP para o que teve que confrontar-se com outro político de envergadura - Salgado Zenha.
A resposta é dada pelos factos: em 22 anos de maioria numérica de esquerda, nunca houve governos de maioria de esquerda porque o Partido Socialista nunca deixou. Porque o Partido Socialista nunca aceitou coligar-se com o Partido Comunista.
Por outras palavras, a recusa da “maioria de esquerda” foi um traço constitutivo do Partido Socialista de Mário Soares. Ele pensava que o que separa o PS do PCP não são meras divergências políticas de circunstância, mas sim dois conceitos de sociedade. Não estão no mesmo campo no que diz respeito à democracia e à liberdade.
Os actuais líderes socialistas não estão obviamente impedidos de romper com esse legado do PS. Mas manda a decência que digam publicamente que estão a fazê-lo. E mandam as boas práticas democráticas que os eleitores possam a curto prazo dar o seu parecer sobre o tema.