Há batota nas contas públicas ?
O artigo de hoje: Vamos lá falar um pouco de contas e Finanças Públicas.
Tentarei fazê-lo de forma o mais simples simples, para que possa ser facilmente entendido por todos, mais ainda assim, com o rigor necessário, e recorrendo unicamente a informação e números comprováveis.
- De acordo com os dados apresentados pelo Banco de Portugal, comparando
Junho de 2017, com Junho do ano passado, o aumento do valor da dívida
pública já supera os 9,2 mil milhões de euros.
- Face ao fecho de 2016, só nos primeiros 6 meses de 2017, o aumento da
Dívida Pública já chegou aos 8 mil milhões de euros.
- O PIB nacional em 2016, terá andado mais ou menos, pelos 185,0 mil milhões
de euros.
- De acordo com o governo, foi reportado para 2016, um Déficit Público, de 2%
do PIB (segundo eles, o déficit mais baixo de sempre.
- Ora assim sendo, um défict de 2% do PIB, representa 3,7 mil milhões de euros.
- Se em 2016, o deficit realmente tivesse sido de 2% do PIB, 3,7 mil milhões de
euros, então em bom rigor e verdade, este deveria ter sido o exacto valor do
aumento do total da nossa dívida pública.
- Mas, de acordo com as contas agora reveladas pelo Banco de Portugal, a
Dívida Pública, subiu muitíssimo para além dos 2% do PIB, os tais 3,7 mil milhões, que o governo tão insistentemente diz ter sido o Déficit Público.
Temos assim, evidências de que algo não bate certo, entre o que o governo tem andado a dizer ao povo português, e o que as contas do Banco de Portugal, agora vêm demonstrar, e comprovar.
Vamos agora analisar o que se está a passar em 2017:
- Segundo as contas do governo, a previsão para para o Déficit Público em 2017
é de 1,5%.
- Segundo os cálculos contidos no Orçamento de Estado de 2017, apresentado
pelo governo, o PIB deverá crescer 2%, o que equivale a um PIB de 188,700
mil milhões de euros
- Tomando como certa as previsões do governo para o PIB 2017 - 188,7 mil
milhões de euros, e a previsão de um deficit de 1,5%, o aumento da dívida
pública, para os 12 meses do ano de 2017, nunca poderia passar os 2,830 mil
milhões de euros.
- Ora acontece, que o Banco de Portugal, vem agora reportar, que só nos
primeiros 6 meses de 2017, a Dívida Pública já aumentou mais de 8 mil milhões
de euros, o que equivale a 4,2% do PIB de 2016.
- Se a estes valores somarmos os recentes aumentos das dívidas correntes a
fornecedores do Estado, por parte de uma série de entidades públicas, tais
como o Ministério da saúde, então a dívida pública em 2017, em bom rigor, já
deve ter crescido algo na ordem dos 5% do PIB. Repito, só nos primeiros 6
meses do ano.
RESUMINDO
- Temos um governo que jura a pés juntos, que o Deficit Público real, em 2016 foi
de 2%, e afirma por todos os santinhos, que em 2017 irá ser de 1,5%.
- No entanto, a Dívida Pública, cresceu acima dos 4% em 2016, e pelo que o
BDP veio agora revelar, continua a crescer acima dos 4%.
- Dado que só nos primeiros 6 meses de 2017, a Dívida Pública já aumentou
quase 5%, para que as contas do deficit de 1,5% que o governo garante que irá
alcançar, pudessem bater certo, nos restantes 6 meses, não só o Estado não
poderia ter déficit algum como ainda está obrigado a conseguir registar um
"superavit" (excedente entre despesas e receitas) na ordem de quase 3% do
PIB, ou seja, teria que conseguir um lucro de 5,170 mil milhões de euros, algo
absolutamente impossível de ser conseguido.
- Só para terem ideia da ordem de grandeza destes valores, seria necessário
que até ao final do ano, o governo mantivesse todas as cativações que realizou
em 2016, e ainda teria que cortar os salários dos funcionários públicos, em
quase 50%.
Impossível, e impensável.
- O que daqui fica claro, que existe muita despesa do Estado, que está a ser
desorçamentadas, ou seja, não estão a passar pelas contas públicas, para
efeitos do apuramento do Deficit Real, e estão a ser lançadas directamente na
Dívida Pública.
Mas por mais voltas que dêem, a sacana da dívida Pública, é como o algodão: Não engana.
Excepto aqueles que gostam de ser enganados, os que querem mesmo ser enganados, aqueles a quem dá jeito serem enganados, os que não se importam de ser enganados, e os que desconhecem que estão a ser enganados.
Como dizia o sr. Scolari: "e o burro sou eu"?
Espero ter conseguido explicar.