ESTE INCÊNDIO É DE ESQUERDA
O critério para aferir se as declarações infelizes são desculpáveis ou, até, normais é puramente subjectivo.
Se quem as proferir for de esquerda (aquela a que se chama "esquerda") a resposta é afirmativa. Mas, só nesse caso.
A visão de um tanato coberto (a cobertura até podia estar a tapar outra coisa, não sabemos) de uma vítima (morta, não mortal) de um incêndio é repulsiva. Já o corpo, bem à vista de uma criança, que terá perecido (recentemente, há quem assevere, suportado em imagens, que, afinal o infante continua vivinho da costa, mas isso é outra história) durante uma invasão da Europa, já é uma imagem que vale mil palavras.
Sabemos que Passos Coelho é pouco hábil nos contactos informais com a imprensa. Tão pouco hábil, que até parece que ainda não percebeu que a maioria dos jornaleiros dá o cu e três tostões para o entalar, seja às mãos dos partidos à esquerda ou até dos que, seu partido, são conformes à nova ordem.
Não fez a ponderação óbvia - este incêndio é de esquerda.
Como tal, falar de solidariedade, chorar em coro, dar abracinhos sentidos em frente às câmaras, prometer mudanças radicais, tudo isso está certo. Como certo está dizer que foi feito todo o possível (mesmo na hora em que seria completamente impossível sabê-lo) ou que ainda não se detectou algo tenha falhado (mesmo quando já eram manifestos os erros mais evidentes).
Apontar prejuízos ou aventar culpas já é pernicioso aproveitamento da desgraça alheia.
Então, a própria Catarina, que há dois anos reclamara a queda colectiva do governo por evento muito menos grave, não veio, quase em forma de prece, suspirar por chuva?
Pois é, Caro Pedro, "quem se mete com o PS, leva".